Indo além do que vemos

Texto: João 8:1-11



Introdução

Quem somos nós? Esta é uma difícil pergunta que tem incomodado os homens através das gerações. Desde o inicio da história até o seu ocaso será esta a questão que nos fará perder o sono e angustiar o coração. Quem somos nós? O nosso nome não define quem somos; pois há muitas pessoas com o mesmo nome, mas são pessoas diferentes. Conta-se que Alexandre Magno ao passar revista às tropas, fez a chamada e descobriu que um de seus soldados se chamava Alexandre, e era de péssimo comportamento; então disse: Mude de comportamento ou mude de nome. O que fazemos também não define quem somos; pois, há muitas pessoas com a mesma ocupação, portanto, cada uma diferente da outra. A nossa família também não nos define, posto que os membros de uma mesma família, que sofrem influências semelhantes diante da vida, tornam-se seres diferentes. Nossas experiências do passado, nossos erros e acertos, também não respondem a questão em foco. Quem somos nós? Tudo que abordamos são momentos de nossas vidas, e nós somos muito mais do que momentos. O espelho também não soluciona o enigma. Aquela imagem refletida no espelho ou na fotografia também não sou eu, pois não revela o meu caráter. É apenas a projeção de como eu sou naquele momento. Não revela o que eu fui e nem o que eu serei. Onde então encontraremos a resposta para a inquietante pergunta sobre quem somos nós? O texto que lemos é a história de alguém que descobriu quem era, exatamente quando parecia que tudo estava perdido. Seu nome não sabemos. Sabemos que era uma mulher com uma fome muito grande de vida, de alegria, de prazer, que para desfrutar deles, não achou caro demais o preço de pôr em risco sua própria vida. Certamente era alguém como muitos de nós, que achava que seus erros poderiam ficar encobertos e impunes para sempre. O conflito entre a consciência religiosa e o desejo deu primazia à paixão. E parece que tem sido esta a história de muitas pessoas hoje. É um drama que mistura amor e dor; desejo e sofrimento; prazer e culpa e nesse emaranhado confuso de sensações, passam-se os nossos anos como uma eterna canção. Precisamos encontrar um estado de harmonia entre nossos desejos e nossos valores, temos que conciliar o que sentimos e o que cremos. É preciso que aprendamos que ninguém, tem o direito de circunscrever, delimitar ou estabelecer o seu futuro, pois Deus já o fez e o mentem em doce segredo. A Bíblia está cheia de rótulos que foram ignorados por Deus. Abraão- o mentiroso; Jacó- o trapaceiro; Moisés- o assassino; Isaias- o pecador; Jeremias- o ameninado; a mulher – adúltera; Pedro- o negador; Paulo- o perseguidor; etc. A história desses homens e mulheres é a melhor prova de que nós não somos condenados a seguir o rumo determinado por nossas tendências. A nossa vida está nas mãos de Deus que não vê como vê o homem. O homem vê o que está diante de seus olhos, o exterior, porém o Senhor vê o coração. I Samuel 16:7. Precisamos procurar o caminho da descoberta de nossa verdadeira identidade, aquela que parte do olhar de Deus para nós e não da perspectiva dos homens. Não se desanime com aquilo que as pessoas pensam de você. O que Deus pensa é mais importante. E aí muita gente vai dançar, pois pensam e acham de si próprios aquilo que não é verdadeiro. Na ótica humana são muito bons, o máximo, mas é Deus quem pesa os espíritos. Muitas pessoas que estão livres, na ótica Divina estariam condenados, pois vivem de aparência.

I- Mulher, onde estão aqueles teus acusadores?


Quem eram os acusadores daquela mulher? Naturalmente aqueles que se achavam muito melhores do que ela. O texto diz que ela foi trazida pelos escribas e fariseus. Eles eram religiosos de plantão da época; gente muito séria, e que procurava cumprir os mandamentos do Senhor a risca; estavam preocupados com os pormenores da lei mas acabavam esquecendo da pessoa para quem a lei fora feita. Se Jesus tivesse feito a pergunta (onde estão os teus acusadores?) momentos antes, todos estariam ali com pedras nas mãos, prontos para punir, mas quando Jesus fez a pergunta sua palavra já havia quebrado seus corações (quem não tem pecado seja o primeiro a atirar pedra), eles já haviam percebido sua condição de pecadores. Mulher, onde estão os teus acusadores? Mas, onde estão nossos acusadores? Só há um acusador fiel. Nossa própria consciência quando recebe os dados da bendita palavra de Deus. Quando não, é má e perversa. Somos acusados pelo diabo, nosso eterno acusador. E somos acusados pelas pessoas que nos observam e notam nosso comportamento. Nós somos pecadores! Mas o diabo quer nos destruir; e ouvir sua voz fará piorar nosso estado; mas ele já está condenado por Deus. As pessoas que vivem à nossa volta são tão ou mais pecadores do que nós, a exemplo dos que arrastaram aquela mulher para ser apedrejada. Diante disso precisamos ficar a sós com Cristo e ajustar com Ele nossas contas. É preciso que assumamos nossa miserável condição de pecadores.

II- Nem Eu tão pouco te condeno

Muito embora sejamos pecadores e Deus nos veja como tal, seu olhar se dirige para nós com graça. Ele tem o direito de nos fazer perecer, mas pelo Seu amor quer nos dar a vida. Um humilde irmão foi pregar em uma pequena Igreja e leu João 3:16 “ Não parece, mas tem a vida eterna” E logo passou a explicar o texto e aplicar à Igreja. Ta vendo aquele irmão, caluniador, maldoso? Não parece, mas tem a vida eterna; Ta vendo aquela irmã ali? Negligente? Não parece, mas tem a vida eterna. Essa é nossa história; se de fato o Espírito Santo nos convenceu de nossos pecados. Somos indignos, mas o Senhor, com Seu grande amor, nos perdoou e fez cair sobre Cristo toda a punição por nossos pecados. Isaias 53:5.

III- Vai, e não peques mais

Depois de pronunciar Seu perdão à mulher, Jesus propôs a ela um recomeço. Devemos entender nessas palavras, que Jesus estava dizendo, que se ela quisesse, dali por diante poderia viver sem cometer adultério. Jesus estava dizendo que lhe era possível uma nova direção para sua vida, estava em suas mãos decidir. Deus ensinou todas as coisas corretamente, disse como devemos viver; mas o homem continua sendo responsável pelos seus atos. A palavra de Deus nos ensina claramente as duas verdades: a de que Deus é totalmente soberano e que nada acontece sem sua permissão e de que o homem é inteiramente responsável pelo bem ou mal que pratica na vida; pelo que, um dia haverá de prestar contas diante do trono branco de Cristo. “Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se abriram os livros. Ainda outro livro, o livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.” Apoc. 20:12

Conclusão

Nossa vida, está aberta diante de nós. Já recebemos o perdão gracioso do Salvador e agora ouvimos como aquela mulher, a Sua proposta de uma vida santa, de consagração e trabalho. Nada nos prende, nenhuma amarra nos obriga a sermos como temos sido até hoje. Podemos romper em novidade de vida. A paz e a harmonia nos estão propostos; sigamos o melhor caminho. É assim que Deus nos vê e assim que somos para Ele. Deus nos vê como pecadores; mas Deus nos vê também como objetos de sua graça; Deus nos vê como gente que tem o direito de recomeçar. Vai e não peques mais! Comece uma nova página de sua vida. Eu sei quem tu és verdadeiramente! Lembre-se: não podemos julgar uma pessoa por apenas uma atitude que pode representar um momento de fraqueza.

Pr.Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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