Discípulos incrédulos

Texto: Lucas 24:13 – 36

Introdução

Analisar o ministério de Jesus é uma inspiração, e fico a imaginar como foi para os apóstolos e aquela multidão de discípulos, pelo menos 120, ver com os próprios olhos os feitos de Jesus. Eles estavam juntos, participando de tudo, e foi uma escola de 3 anos; isso representa muito mais do que qualquer curso de Teologia em nossos dias. Aqueles discípulos viram paralíticos andar, cegos tendo a vista, endemoniados sendo libertos, Jesus acalmar a tempestade, e a cura de toda sorte de enfermidades, além da multiplicação de pão que alimentou mais de 5 mil pessoas. Eles estavam contentes e realizados porque Deus havia cumprido a promessa feita a seus pais, enviando o Messias, para restaurar Israel. Foram centenas de anos de espera, mas agora estavam cheios de esperança. Mas os lideres políticos e religiosos da época resolvem matar Jesus e assim começa todo o drama da crucificação. Judas trai Jesus, e logo depois os soldados o prendem, levando-o perante Pôncio Pilatos e Herodes. Depois de tanta humilhação vem a crucificação, e o céu escurece do meio dia até as 3 horas da tarde, as trevas tomam conta do dia; depois a morte, e ao anoitecer da sexta feira José de Arimatéia faz o sepultamento. No sábado ninguém se movimenta, porque a lei não permite; mas os discípulos estavam reunidos e conversando sobre os fatos que haviam acontecido e completamente sem esperança começam a se dispersar, cada um voltando para sua casa e para suas atividades e a incredulidade tomou conta dos discípulos, e estavam como que derrotados e sem esperança outra vez. Uns tinham ido ao sepulcro, mas não encontraram o corpo do Senhor, pensaram em roubo; e os outros pegaram a estrada de casa, como os 2 discipulos de Emaús.

I- Tinham conhecimento religioso e teológico mas estavam vazios e desanimados

Emaús distava 70 estádios de Jerusalém, palco daqueles acontecimentos, isso corresponde a 12.600 metros. (1 estádio é = a 180 metros). Uma boa caminhada para um domingo a tarde, em média 3 horas de viagem. Iam conversando sobre as coisas que haviam acontecido na cidade naquele fim de semana e é inacreditável que tão rapidamente tivessem se esquecido de tudo quanto Jesus havia ensinado, pois durante 3 anos estavam ouvindo sobre o plano de redenção da humanidade, e Jesus havia dito inúmeras vezes que era necessário que ele fosse morto pelos pecados dos homens, mas que ao 3º dia ressuscitaria dentre os mortos. Eles tinham recebido conhecimento religioso de seus pais que esperavam o Messias, e conhecimento Teológico do próprio Jesus que lhes ensinara por 3 anos na melhor escola do mundo, sua própria presença. Durante a viagem Jesus se aproxima e ia com eles mas os seus olhos estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram. E Jesus pergunta: Que palavras são estas que caminhando trocais entre vós? Eles então pararam tristes. E Cleópas, respondeu-lhe com outra pergunta: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela tem sucedido nesses dias? E Jesus pergunta: Quais? E eles disseram: as que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e do povo; e como os principais sacerdotes e as autoridades o entregaram para ser condenado a morte, e o crucificaram. Verdade é que algumas mulheres foram ao sepulcro e não achando o corpo dele, voltaram declarando que haviam tido uma visão de anjos declarando que ele está vivo. Vivemos um tempo, onde muita gente tem bíblia, e também conhecimento bíblico; há muita gente defendendo posições doutrinárias, e discutindo teologia, mas vivem com seus corações vazios de desanimados. São tão incrédulos como os discípulos de Emaús. Quantas pessoas dentro de nossas Igrejas, que há anos ou décadas ouvem a palavra de Deus; discutem Bíblia; defendem doutrinas; discutem teologia; mas vivem com seus corações vazios, desanimados, sem esperança. São pessoas movidas a eventos, a milagres, que acreditam no Jesus líder e não no Jesus salvador. Morreu o líder e os discípulos se dispersaram. Esqueceram que o salvador estava vivo.

II- Estavam com Jesus, conheciam Jesus, mas eram incrédulos

Estes homens haviam conhecido Jesus, ouviram tudo sobre sua missão, que inclui também sua morte; tiveram o testemunho das mulheres que foram ao sepulcro e depois de Pedro e João que entraram no sepulcro; depois o próprio Jesus andou com eles no caminho e conversou com eles, mas continuaram incrédulos, não sentiram sua presença. “Então Jesus lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! Porventura não importava que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as escrituras”. Jesus ficou preocupado com eles, e os chamou de loucos e incrédulos. O que adiantou tanto tempo ouvindo a palavra de Deus? O que adiantou ver tantos milagres e curas realizadas? A incredulidade leva uma pessoa ao inferno. No livro de apocalipse encontramos as cartas de Jesus às 7 Igrejas da Ásia. E ao anjo da Igreja que está em Laodicéia escreve: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele comigo” 3:20. Tenho usado este verso centenas de vezes para convidar não crentes para abrir a porta de seus corações para Jesus entrar. Mas esse verso faz parte de uma carta escrita para membros de uma Igreja; Laodicéia é figuradamente a Igreja de hoje. Infelizmente, muitos que fazem a Igreja de hoje estão deixando Jesus do lado de fora de suas vidas. Jamais podia imaginar em minha que chegaríamos esse tempo de tanto incredulidade entre o povo que se chama povo de Deus. Jesus nunca abandonou aqueles discípulos, caminhou com eles, mas eles não o viram, não sentiram sua presença, por causa da incredulidade que invadiu seus corações. Não é o suficiente saber coisas sobre Jesus, precisamos de comunhão íntima e profunda com Ele, precisamos nos entregar em suas mãos. E quem sabe você está deixando Jesus do lado de fora de sua vida e por isso há tanta incredulidade em seu coração. Deixar Jesus do lado de fora é não coloca-lo em primeiro lugar; é não ter tempo para comunhão com Ele; et.

III- A fé não depende de quem prega, mas da encarnação da mensagem

Se a fé dependesse do pregador estaríamos fritos. Se a fé dependesse do pregador os discípulos não teriam passados por tanta incredulidade, pois Jesus é o melhor pregador do mundo, passou 3 anos pregando para os discípulos e pregava dia e noite; mas aqueles discípulos não haviam encarnado sua mensagem. Estavam vazios, desanimados e incrédulos, não por falta de uma boa mensagem ou um bom pregador, mas porque seus olhos estavam fechados, seus ouvidos estavam fechados e seus corações estavam fechados. “Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram…” A oração fez com que seus olhos abrissem e seus corações ardessem. Não podemos apenas participar da vida religiosa, ler a Bíblia e outros livros teológicos, precisamos estar com os olhos abertos e ver a Jesus como Estevão: “Mas ele cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos,e o filho do homem em pé à direita de Deus” Atos 7: 55,56. Precisamos estar com os ouvidos abertos, não apenas para escutar mas para ouvir, entender o que Jesus está dizendo em sua palavra “ Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às Igrejas” Apoc. 3:22. E precisamos ter o coração ardendo em chamas por amor a Jesus, como Pedro “Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo” João 21:17. A oração faz com que os olhos e os ouvidos se abram e o coração queime em amor por Jesus. Acreditar num Jesus histórico, não faz qualquer diferença em nossas vidas, e talvez seja esse seu problema para tanta frieza, desanimo e incredulidade. Jesus está presente aqui através do Espírito Santo, Ele o prometeu e a sua palavra é a verdade “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” Mateus 28:20b.

Conclusão

Nossa vida espiritual depende não de quem prega, mas do quanto encarnamos daquilo que ouvimos. O Senhor nos chama para vivermos uma vida abundante, poderosa em palavras e em obras. Precisamos viver essa vida com os corações apaixonados por Jesus, ardendo em amor por Ele.