Naamã e o papel profético da Igreja

Texto: II Reis 5: 1-27



Introdução

“Quando a Igreja resolve falar de política ela cala a voz da profecia”. A Igreja foi instituída por Jesus e tem um papel profético. Jesus iniciou seu ministério e o entregou à Igreja. Igreja – somos nós e não prédios. Eu e você somos a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo. Naamã era comandante do exército Sírio sob Ben-Hadade, rei do Damasco e inimigo declarado de Israel. Por ser leproso, não era impedido de ocupar altos postos (se fosse Judeu, seria banido da sociedade) como o caso dos 10 leprosos que procuraram Jesus; estavam fora dos muros de Jerusalém, que se quer tinham direito de ver seus familiares. Nesse episódio da cura de Naamã, comandante do exército da Síria, homem famoso-herói de guerra, corajoso, tinha um bom cargo, era rico – mas leproso. Além das muitas lições de caráter pessoal, podemos tirar do texto elementos necessários para compreendermos o papel profético da Igreja.

I- Entendemos as limitações do poder terreno

Para termos um papel profético, e relevante na história, temos que entender que todo poder tem suas próprias limitações, exceto o poder de Deus. Naamã fazia parte do poder político daquela época, era comandante de um dos maiores exércitos, mas estava absolutamente limitado em vários sentidos: 1-Limitação de curar sua própria enfermidade. Era comandante de um poderoso exército, dava ordens e todos eram obrigados a obedece-lo, mas nada podia fazer por si. Quando foi enviado ao rei de Israel para ser curado, este rasgou suas vestes dizendo: “Acaso, sou Deus com poder de tirar a vida; ou dá-la, para que este envie a mim um homem para eu curá-lo de sua lepra?” v. 7. A medicina tem poder para curar, mas seu poder é limitado….. O dinheiro tem poder para que alguém tente todas as possibilidades de cura, mas ainda assim, é um poder limitado….. O poder político, a influência – ajudam; mas não para resolver todas as situações…. 2-Limitação para entender certas relações. “Ele levou consigo dez talentos de prata, seis mil ciclos de ouro, e dez vestes festivais…” v. 5. “…agora pois, aceite um presente do teu servo. Porém ele disse: Tão certo como vive o Senhor, em cuja presença estou, não o aceitarei. Instou com ele para que o aceitasse, mas ele recusou” v. 15,16. O poder só entende a relação da troca. É o que se vê hoje em dia. Mas as coisas de Deus vão além dos parâmetros do poder temporal. Isso nos leva à porta formosa do templo em Jerusalém a dois mil anos passados. Um mendigo estava à porta pedindo esmola, como é costume de tantos mendigos em nossos dias; na porta da Igreja as pessoas ficam mais sensibilizadas… mas quando o homem estendeu a mão a Pedro e João…. recebeu a maior dádiva de sua vida. Não temos prata e nem ouro, o que temos isso to damos – Em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda. Essa foi a maior benção que aquele paralítico recebeu em sua vida. Daí por diante não precisou mais de esmolas, tinha condições de trabalhar para o seu sustento. O poder temporal desse mundo tenta resolver os problemas dando esmolas ao necessitados…o homem não precisa de esmolas, precisa sim, condições para trabalhar. É isso que os governantes desse país precisam entender. 3-Limitação em aceitar inversões. “Veio pois Naamã com seus cavalos e os seus carros e parou à porta da casa de Eliseu” v.9. Naamã era homem de respeito, qualquer um gostaria de conversar com ele, apertar-lhe a mão. Na casa de Eliseu ficou do lado de fora. O profeta sequer se deu ao trabalho de sair para falar com ele. Não porque fosse mal educado, mas para que ele sentisse a grandeza do poder de Deus.

II- Entendemos as realidades básicas


Existem algumas realidades básicas que se tornam fatores fundamentais à Igreja, se esta decide ter um papel profético e relevante na história. 1-O amor de Deus. O amor de Deus não se confina a ideologias; antes ele rompe as barreiras e alcança qualquer ser humano sofrido que a Ele pede ajuda. Ninguém está excluído do amor de Deus. Naamã era inimigo de Israel, mas foi alcançado pelo amor e a misericórdia de Deus. 2-O misterioso agir de Deus na história. Muitas vezes Deus age de maneira misteriosa e sutil, montando as peças de uma estratégia da graça. Veja quem Deus usou nesse episódio: a) Uma menina- Era uma escrava, ainda criança; mas foi ela que Deus usou como o primeiro instrumento neste grande milagre. Deus a usou porque ela tinha fé e suas palavras estavam cheias de convicção. “Saíram tropas da Síria, e da terra de Israel levaram cativa uma menina que ficou a serviço da mulher de Naamã. Disse ela a sua senhora: Oxalá o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria de sua lepra.”v.2,3. b) O rei da Síria- Apesar de não conhecer a Deus, deu forças e apoio para que Naamã fosse até Samaria. “Então foi Naamã a seu senhor e disse: Assim e assim falou a menina que é da terra de Isarel. Respondeu o rei da Síria: Vai, anda, e enviarei uma carta ao rei de Israel. Ele partiu…”v. 4,5 . Este rei acabou sendo usado por Deus para que Ele pudesse cumprir os seus propósitos. c) O profeta Eliseu. “Então Eliseu lhe mandou um mensageiro dizendo: Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e tua carne será restaurada e ficarás limpo” v.10. Eliseu aparece aqui como aquele que tem a incumbência de falar a palavra de Deus. Deus é maravilhoso. A menina de quem não se sabe sequer o nome, escrava na casa de Naamã. O profeta sequer foi visto por Naamã antes do milagre. Mas o milagre aconteceu. O profeta ficou na sombra do mistério de Deus. É assim que Deus usa pessoas para abençoar outras pessoas. d) Os servos de Naamã. Foram usados por Deus porque falaram a linguagem do General e ele entendeu. “Naamã, porém, indignado, retirou-se dizendo: Eis que pensava eu: certamente ele sairá a ter comigo, por-se-á em pé, invocará o nome do senhor seu Deus, passará a sua mão sobre o lugar e curará o leproso. Não são, porventura, Abana, e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não poderia eu lavar-me neles e ficar purificado? Assim, se voltou e se retirou com indignação. Os seus servos, porém, chegaram-se a ele e lhe falaram, dizendo: Meu pai, se o profeta te houvesse indicado alguma coisa difícil, porventura não a terias cumprido? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te e ficarás purificado.” Os seus servos o incentivaram a colocar em prática o que Eliseu ordenou. Representam aqueles que são usados para induzir outros a obedecer ao Senhor.

III- Entendemos o espaço do profeta

Enquanto o Senhor usa a quem lhe apraz, o texto mostra o espaço insubstituível do homem de Deus, e podemos aplicar isso à Igreja. O papel da Igreja é insubstituível no mundo: 1-O papel da Igreja começa quando a política termina. “Ouvindo, porém, Eliseu, homem de Deus. Que o rei de Israel rasgara as suas vestes, mandou dizer ao réu: Porque rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel. V.8 A igreja deve ter voz profética na sociedade. 2-O papel da Igreja é pregar a palavra da fé. (v.10-14). Não temos que pregar a sabedoria do mundo mas a palavra de Deus. A sabedoria do mundo nunca teria enviado Naamã para o Jordão. O havia enviado para qualquer outro rio ou lugar, menos para Israel e para o Jordão. 3-O papel da Igreja é tratar a todos com igualdade sem se impressionar com os poderosos. “Naamã, porém, muito se indignou e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia em pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso” v.11. Naamã, orgulhoso, ficou indignado, pois achava que na sua condição de general seria tratado de forma especial pelo profeta. 4- O papel da Igreja é agir em nome do Senhor e não esperar recompensas humanas. “v. l5,l6…. O serviço da Igreja deve ser desinteressado. A Igreja não deve negociar seus princípios mas tornar-se disponível para servir. 5-O papel da Igreja é consolar e orientar os quebrantados. V. 18, 19…..O profeta mostrou compreensão em relação a dificuldade do Sírio que não poderia, de uma hora para outra saber tudo sobre Deus e a verdadeira adoração. 6- O papel da Igreja é revelar a corrupção feita em nome da fé. V.20-27… Muitas vezes no meio dos cristãos estão os Geasis que se aproveitam e usam a graça de Deus de maneira oportunista e maligna….Quantas pessoas explorando os necessitados, extorquindo tudo em troca da benção de Deus.

Conclusão

Deus é quem muda a história de uma pessoa, assim como mudou a história de Naamã. Cabe a nós, Igreja do Senhor Jesus, encontrar o caminho de ser instrumentos de Deus a fim de que através de nós o mundo possa ver que há Deus!
 

Pr.Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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