Palavra que custou sangue

Texto: Atos 13:15-26



Introdução

O texto que acabamos de ler faz parte de um grande sermão pregado pelo apostolo Paulo na sinagoga de Antioquia. Toda sinagoga tem um presidente que no correr da liturgia lê uma porção do Velho Testamento – a lei e os profetas. Após a leitura convida ou indica alguém para dizer algo “Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação ao povo, falai” v.15. Como em nossos dias, também nas sinagogas o sermão era parte importante no culto, e podia consistir em uma exortação, doutrina ou explicação de algum principio moral….. O apostolo usou a palavra desta feita, para lembrar ao povo a sua própria história. Começou desde a escravidão no Egito por 430 anos, o livramento através de Moisés e a peregrinação no deserto por quase 40 anos; falou sobre a conquista da terra de Canaã após quase 450 anos. Falou sobre os Juizes, sobre Samuel, o rei Saul e até o rei Davi e as promessas do Messias. Falou sobre João Batista, o precursor de Jesus e o cumprimento de todas as promessas do Velho Testamento. Chegou ao ponto mais alto de sua mensagem dizendo que à estirpe de Abraão foi enviada a palavra desta salvação – a salvação que está em Jesus Cristo. O texto nos faz lembrar do valor da Bíblia sagrada, que chegou até nós para nosso conhecimento da salvação que há em Cristo Jesus nosso Senhor.

I- A quem esta palavra foi enviada


A nós foi enviada…a todos os homens e mulheres do mundo. Esta palavra cobre todas as épocas, todas as raças, todas as tribos, todos os povos e nações do mundo inteiro. Não importa a cor, não importa o poder aquisitivo, não importa o nível intelectual… a nós foi enviada a palavra de Deus, a palavra desta salvação, a boa notícia de que há vida em Cristo Jesus. Nos é enviada como uma palavra de perdão para o homem condenado; como uma palavra de paz aos aflitos e rebeldes; uma palavra de vida para os mortos; de liberdade para os cativos; Em resumo: é enviada como uma palavra de salvação para a alma perdida. É grande nosso privilégio pois, como disse Jesus:”Bem aventurados os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram” Mat. 13:16,17.

II- Em que posição esta palavra nos coloca

1- Nos coloca em uma posição de grande dívida para com as mártires do cristianismo. Homens e mulheres que viveram e morreram a fim de que a palavra de Deus chegasse até nós. Milhões foram perseguidos e mortos! A perseguição começou com Pedro e João ainda em Jerusalém, que por causa da Palavra de Deus foram presos e levados diante do Sinédrio para julgamento. Foram ameaçados de morte por causa da Palavra que estavam pregando. “E, chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem e nem ensinassem em nome de Jesus. Mas Pedro e João, respondendo lhes disseram: Julgai vós se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” Atos 4:18-20. Logo em seguida foi a vez de Estevão, primeiro mártir do cristianismo. “Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações e rangiam os dentes contra Estevão. Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele e, lançando-o fora da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem, chamado Saulo. Apedrejaram, pois, a Estevão que, orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte” Atos 7:54, 57-60. Podemos lembrar de relance os mártires do coliseu romano onde se reuniam aproximadamente 80 mil pessoas para assistirem ao espetáculo, e dentre as apresentações favoritas estava a morte dos cristãos que eram despedaçados por famintos leões. Em uma ocasião o solo foi banhado pelo sangue de 1500 cristãos e em outra ocasião mais 800. Disse um bispo católico que se não fora o martírio dos cristãos/batistas, eles seriam a maior religião do mundo, pois só na idade media, aproximadamente 30 milhões de batistas foram assassinados, 50 milhões de cristãos num período de 1200 anos; isso dá uma média de 4 milhões por século. (o rasto de sangre- pág 31). Podemos ainda citar o exemplo de Policarpo, pastor da Igreja de Esmirna. Jesus previu o sofrimento dessa Igreja quando da revelação a João no livro de Apocalipse. “Ao anjo da Igreja de Esmirna escreve: Conheço a tua tribulação e a tua pobreza , e a blasfêmia dos que dizem ser Judeus, e não o são, porém são da sinagoga de satanás. Não temas o que hás de padecer. Eis que o diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de 10 dias. Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida.”Apoc. 2:8-10. Policarpo tentou fugir, mas depois resolveu entregar-se, isso pelos anos 155 de nossa era. Quando o juiz o ameaçou, primeiro com as feras, depois com ser queimado vivo, Policarpo respondeu que o fogo que o juiz podia acender duraria somente um momento, e logo se apagaria, mas que o castigo eterno nunca se apagaria. Ante a firmeza do ancião, o juiz ordenou que Policarpo fosse queimado vivo e toda a população saiu a apanhar ramos para preparar a fogueira. Atado já em meio à fogueira, e quando estavam ao ponto de acender o fogo, Policarpo elevou os olhos ao céu e orou em voz alta: Senhor Deus soberano, dou-te graças, porque me consideraste digno deste momento, para que, junto a teus mártires, eu possa ser parte do cálice de Cristo. Por isso Te bendigo e te glorifico, amém.(História do cristianismo Vol. 1 pag.72. Justo L. Gonzáles). João Huss, é outro exemplo de fidelidade a Cristo. Pronunciada a sua sentença de morte foi exortado a abandonar a fé. Voltando-se para o povo disse: Com que cara contemplarei o céu? Como olharei para as multidões de homens e mulheres a quem preguei o evangelho puro? Não! Aprecio mais a salvação do que este pobre corpo. E quando estava atado ao poste e tudo pronto para que o fogo fosse aceso, o mártir mais uma vez foi exortado a abandonar seus erros. A que erros, disse ele! Invoco a Deus para testemunha que tudo que preguei, assim foi feito com o fim de livrar almas da perdição. E, portanto, mui alegremente confirmarei com meu sangue a verdade que preguei. E quando as chamas começaram envolvê-lo, pôs-se a cantar até que sua voz silenciou para sempre. Você deve estar perguntando: Para quê tudo isso Pastor? Derramaram seu sangue para que esta palavra chegasse até nós. Derramaram seu sangue para confirmar a mensagem que pregavam. Eis a posição que esta palavra nos coloca… de dívida para com estes mártires do passado. 2- Nos coloca em uma posição de esperança. Esperança, pois todos que ouvirem esta palavra crendo em sua mensagem receberão a vida eterna. “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida” João 5:24. 3- Nos coloca em uma posição de responsabilidade para com aqueles que ainda não ouviram esta palavra. “Pois não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido”. Nós somos responsáveis por todos de nossa geração que ainda não ouviram esta palavra. Quantos povos e nações ainda não tiveram acesso a esta palavra? Quantas pessoas dentro de nosso país ainda não ouviram esta palavra? Precisamos cumprir a ordem de Jesus pois é nossa a responsabilidade de anunciar a palavra desta salvação. “Portanto, ide e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do pai e do filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado, e eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” Mat. 28;19,20. Paulo sentiu essa responsabilidade: “Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta esta obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho” I Cor. 9:16.

III- Como você tem tratado esta palavra

Enquanto milhares deram suas vidas para que esta palavra chegasse até nós, hoje ela tem sido rejeitada por muitas pessoas. E quem sabe você que nos ouve. A palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante do que espada de dois gumes, que penetra até a divisão da alma e o espírito. Veja o que está escrito: “Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei” Isaias 55:11. Isso se cumpre com as palavras de Jesus: “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no ultimo dia” João 12:48. ler João 8:43-47, 51. É necessário uma avaliação de como você tem tratado a palavra de Deus, pois a Bíblia assim diz: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” Heb. 2:3.

Conclusão

A palavra chegou até nós com derramamento de sangue, e precisamos recebe-la em nossos corações com fé e alegria. Valorize este livro que esta em suas mãos lendo, estudando com seriedade, meditando o tempo todo, pois é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho Sal.119:105.

 

Pr.Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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