Cristo está a porta

Texto: Apocalipse 3:20



Introdução

O coração humano está, naturalmente, trancado para Cristo. E, se assim não fora, que necessidade haveria dos sofrimentos e da paciência exercida por Cristo em esperar e bater insistentemente para entrar no coração dos homens? O coração fechado para Cristo, está fechado para a verdade, para a luz, para o bem, para a santidade, para o amor Divino, para Deus. Infelizmente, essa é a situação da humanidade de um modo geral. Porque mesmo aqueles que dizem ter aberto seus corações, trancam-no, por vezes sem o perceberem a influencia de sua presença e a obediência a seus preceitos, suas palavras. João diz: “Cristo veio para o que era seu, e os seus não o receberam” 1:11. Suas doutrinas e seus milagres plenamente lhes diziam quem Ele era, e donde Ele viera; contudo, poucos discerniram e receberam-no como o filho de Deus. Cristo achou as portas dos corações dos homens fechadas para Ele, exceção de alguns poucos cujos corações foram abertos pelo supremo poder de Deus, pela fé. “Mas a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem em seu nome” Jo 1:12.

I- Provas de Sua Divindade e Missão Salvadora


Cristo, em varias ocasiões de seu ministério argumentou com os incrédulos, dando-lhes demonstrações claras de ser Ele o Messias vindo para salva-los. Jo 5:33-40. 1- Pelo testemunho de João Batista: “Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade; eu, porém, não recebo testemunho de homens; mas digo isto para que sejais salvos” v.33, 34. João deu testemunho a respeito de Jesus e sua missão salvadora. Se os homens não creram, foi por causa de sua incredulidade e não por falta de provas de que Jesus é o Messias. 2- Pelo testemunho de suas obras: “Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço, dão testemunho de mim que o Pai me enviou” v. 36. Durante sua vida e ministério, uma só era a exclamação: Quem é este que até os demônios se lhe submetem? Quem é este que a própria natureza lhe obedece? Quem é este que perdoa pecados? E assim por diante. O testemunho de suas obras impressionava as pessoas. 3- Pelo testemunho direto do Pai: “E o Pai que me enviou, Ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma; e a palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que Ele enviou” v. 37,37. Deus deu testemunho de Jesus em várias ocasiões: No batismo – “Este é meu filho amado em quem me comprazo” Mat. 3:17. No monte da transfiguração, dizendo: “Este é meu filho amado em quem me comprazo, a ele ouvi” Mat. 17:5. O próprio Deus falou diretamente dando testemunho a respeito de Jesus. 4- Pelo testemunho das escrituras: “Examinai as escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” Jo 5:39. O que está escrito nas escrituras sagradas são provas incontestáveis de sua Divindade. Portanto, o testemunho de João, o precursor, o testemunho das obras maravilhosas de Cristo, o testemunho direto de Seu Pai e das escrituras são provas exuberantes da veracidade do Seu Messianismo; contudo, diz o Divino Mestre, com dor e grande tristeza, lamentando a dureza dos corações que se trancaram para Ele: “Mas não quereis vir a mim para terdes vida” Jo 5:40. Esta oposição a Cristo se manifesta de duas maneiras: 1- Oposição natural. E Paulo, apostolo, fala sobre isso dizendo: “A mente carnal é inimizade contra Deus; visto que não é sujeita a lei de Deus, nem em verdade o pode ser” Rom. 8:7. Daí disse o mesmo apóstolo: “É Deus que opera eficazmente em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” Fil. 2:13. 2- Oposição voluntária: É a rebelião da vontade contra as suas ordenanças, o que constitui a mais tremenda das oposições, pois, arrastando a alma pelos caminhos da desobediência, precipita-a no abismo imensurável da perdição eterna. E lamentando Deus tão deplorável situação, diz através do salmista: “O meu povo não escutou a minha voz, e Israel não me quis… e assim os deixei andar segundo a obstinação de seus corações, para que seguissem os seus próprios conselhos” Sal. 81:11, 12. Oh! Terrível julgamento! Como fizera com os gentios obstinados – entregou-os as suas concupiscências Rom 1:26. Ou como diz em outra parte das escrituras – os entregou à satanás. Sim, porque os que trancam seu coração a Jesus, abrem-no, sem o perceberem, por vezes, a satanás. Chegando a este ponto, do completo embrutecimento da razão, quão lastimável não será o estado da alma sob terrível sentença de condenação eterna.

II- Barreiras e obstáculos que impedem a entrada de Cristo no coração

Naturalmente, há inúmeras barreiras que poderíamos mencionar, que impedem a entrada de Cristo no coração de homens e mulheres desse tempo, mas apresentaremos alguns: 1- A Ignorância. Se o conhecimento é uma chave que abre o coração para Cristo, conforme nos ensina o próprio Jesus dizendo que o em Lucas 11;52 “Porque tiraste a chave da ciência”, então, a ignorância deve ser uma fechadura que tranca a porta do coração, contra Cristo. .. Daí, porque Cristo disse à mulher Samaritana que a sua incredulidade era originada de sua ignorância “Se tivesses conhecido o dom de Deus, e quem é que te diz: da-me de beber, tu lhes terias pedido, e ele te haveria dado água viva” Jo. 4:10. A Ignorância é o cetro de satanás, com que ele domina sobre o reino das trevas, e subjuga os seus com miserável escravidão. Daí a razão de Paulo chamar os demônios de “príncipes das trevas deste mundo” Ef.6:12. Se os pecadores abrissem os olhos e, qual Bartimeu no caminho de Jericó, rogassem insistentemente a Jesus, não só veriam seu estado miserável, mas converter-se-iam das trevas para a sua maravilhosa luz, e do poder de satanás a Deus, para que, pela fé em Cristo, recebessem a remissão de seus pecados e herança entre os salvos. Meu amigo, se tiverdes consciência do perigo em que te achas, longe de Cristo, certamente exclamaras como o carcereiro de Filipos – “Que farei para me salvar” ou “Mostram-me o caminho para Cristo, ajudem-me, tem misericórdia de mim Senhor”. Esses sempre foram os clamores dos que sentiram sede de salvação. Porém, “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho de Cristo Jesus” II Cor. 4:4. Para obter a salvação é necessário que você sinta seu deplorável estado de pecado e miséria; que reconheça a necessidade urgente de um Salvador. Sem o reconhecimento da enfermidade ninguém procura um médico ou toma um remédio. 2- A Incredulidade. É a incredulidade um dos mais fortes empecilhos que satanás usa para que as almas não se abram para Cristo. Este é um pecado que não só fecha o coração do homem, mas também afasta a mão de Deus de sobre sua vida pois, “Sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” Heb. 11:6. Diz-nos Mateus que nosso Senhor “Não fizera muitos milagres em Nazaré, por causa da incredulidade do povo” Mat. 13:58. A Bíblia enaltece tanto o poder da fé, que chega a dizer: “Tudo é possível ao que crê”, e que ela, a fé, é capaz de “transportar montanhas”, e que “sem fé é impossível agradar a Deus”. Sem fé a palavra não opera. O milagre depende da fé na palavra. Sobre isso podemos destacar o que diz o escritor de Hebreus:”Na verdade a nós tem sido evangelizado, como a eles; mas a palavra da verdade não lhes aproveitou, não sendo unida com a fé naqueles que a ouviram” Heb. 4:12. Maldita barreira é a incredulidade, pois fecha o coração ao Salvador. Deixa-o no lado de fora batendo com as mãos feridas. E em conseqüência fecha a porta do céu, onde já muitos não puderam entrar por causa dela, Heb. 4:6. Assim, a ruína das almas está colocada à porta da desgraça por causa da incredulidade. “O que crer e for batizado será salvo; mas o que não crer será condenado” Mat. 16:16. 3- O orgulho. O orgulho é outra barreira que impede a entrada de Cristo no coração. O coração humano é naturalmente orgulhoso, soberbo. E tão grande é este orgulho, que Paulo escreveu a respeito dos orgulhosos: “Sendo ignorantes da justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus” Rom 10:3. O orgulho entorpece a mente para não se rebaixar à confissão de sua ignorância, ao reconhecimento de sua ignomínia, e submeter-se inteiramente a justiça de um outro. A natureza orgulhosa escolhe antes o caminho da destruição do que o negar-se a si mesmo em humilhação desta natureza. Não sabe a mente arrogante do homem que só há grandes montes onde há profundos vales; e não há grandes alturas de virtude onde não há profundos vales de humildade; ou nas palavras de Jesus: “o que se humilha será exaltado, e o que se exalta será humilhado”. Esta é uma condição indispensável que Cristo estabelece para o discipulado: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me”. O orgulho confia demais em sua justiça própria, que são “trapos de imundícia”, no dizer das escrituras; e em conseqüência impede a aproximação de Cristo, a vinda de sua misericórdia salvadora. 4- O habito do pecado. É a quarta barreira que impede a entrada de Cristo na alma. A vida impura, de pecados, afugenta Jesus. Muitos dizem que abrem o coração para Jesus, mas não o abrem somente para Jesus. Abrem-no também para os vícios, para o ódio, para a vingança, para os apetites da carne; e, com tais companhias, Jesus não pode conviver, e se retira triste, porque moralmente está sendo enxotado, desprezado. Sabemos que o habito é uma segunda natureza. O homem habituando-se ao pecado vai criando cada vez mais uma aversão às coisas de Deus e uma insensibilidade natural à infração de suas leis e às solenes advertências do Espírito Santo; tornando-se insensível sua consciência às ofensas praticadas contra a moral e contra o próprio Deus. Em tal estado, todos os argumentos, por mais poderosos que sejam são desfeitos e voam como palha pelas torrentes das paixões inveteradas do misero pecador. Daí a triste exclamação do profeta Jeremias: “Acaso pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? Então podereis vós também fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal?” Jer. 13:23. Daí porque são mais raras as conversões na velhice, em vista a formação dos hábitos pecaminosos desde a mocidade. Mas não desanime, pois o que é impossível aos homens é possível a Deus. “Tudo posso naquele que me fortalece”. Poderíamos citar ainda a presunção, o preconceito contra a santidade, etc.

Conclusão

1- Todos estes obstáculos se removem quando o pecador se aproxima de Cristo. “Aproximai-vos de Deus e Deus se aproximará de vós” ou “Tornai-vos para mim e eu me tornarei para vós” Mal. 3:7. 2- A graça onipotente opera a maravilha da conversão, e consequentemente a abertura do coração para a entrada de Cristo. Mas lembremo-nos que esta graça só opera eficazmente no que crê. A obra da salvação é uma obra exclusiva de Deus. Mas porque Deus não converte todo mundo? Porque os homens rejeitam a salvação, não a querem. Efetuar a salvação é obra da soberania de Deus; o recebe-la, porém, é ato de fé do pecador arrependido. 3- Ouça a exortação de nosso Senhor Jesus Cristo: “Porfiai em entrar pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição; e muitos são os que entram por ele; mas estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os entram por ele”. Meu amigo, Cristo está a porta e bate, mas para que entre é preciso que a abras agora.

 

Pr. Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

One Response to “Cristo está a porta”

  1. Eliane Souza. 21. nov, 2008 at 17:08

    Pastor, seus textos são bastante didáticos, objetivos e bíblicos. Frequentemente leio e também os indico para amigos. Deus abençõe o senhor, sua família, pois com certeza esses estudos estão abençoando a vida de muitas pessoas.

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