A Igreja e a perda de valores

Texto: II Coríntios 6:14-18 e Isaias 5:20-23

Introdução

Vivemos um tempo, não apenas de descontrole sobre a aplicação de princípios e valores, mas de inversão de valores. As pessoas não querem mais receber instrução, e isso em todas as esferas da sociedade; também ninguém quer ser taxado de chato por querer organizar, disciplinar ou manter as bases da boa convivência. Há um alto preço a se pagar, inclusive em nossas Igrejas. As instituições que deveriam ser reguladoras da ordem e da boa conduta se tornaram sem força diante do caos que ai está. A família transferiu para a Igreja a responsabilidade da educação religiosa, e a Igreja, em muitos casos, faz o jogo do sistema e não quer manter firme a sua conduta cristã, abrindo brechas enormes para o inimigo de nossas almas. Acusa-se a Igreja de ter-se transformado em clube social para onde todos afluem embonecados, no desfile semanal da passarela da moda. Ou então é acusada de ter-se transformado em local de arrecadação de dinheiro. Se a Igreja não se mantiver firme na pregação do evangelho e na condenação do pecado, ela perderá sua posição na sociedade já, em extremo decaída. No livro de Deuteronômio temos a instrução do zelo que a família deve ter na preservação da fé em Deus e da experiência religiosa. “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” 6:6,7. É difícil falar de Igreja sem falar de família e vice versa, pois uma depende da outra, são as duas grandes e insubstituíveis instituições divinas. A família precisa ser instrumento de Deus para preservação de princípios e crescimento espiritual de seus filhos e da mesma forma a Igreja.

I- Precisamos reconhecer os desvalores do mundo presente

Diz-se que “uma nação é condenada a repetir os seus erros, se não conhecer a sua história”. E isso vale para a Igreja e para a família. Muitos crentes querem tapar o sol com a peneira dizendo que os tempos modernos são outros, e que os nossos jovens e adolescentes precisam de mais espaço para respirar suas idéias e valores. Nada demais nisso. Mas conheço muitos pais que se arrependem amargamente de sua forma liberal e até pecaminosa de pensar, pois hoje estão vendo seus filhos nas drogas, com lares desfeitos e fora da Igreja, porque eles, pais, não souberam reconhecer a maldade do mundo e não tiveram coragem de impor limites na vontade de seus filhos. Conheço colegas, que abriram a Igreja para que o mundo entrasse dentro dela e hoje estão frustrados ao verem tantos jovens afastados da Igreja e comprometidos com o mundo do pecado. Quantas vidas são destruídas por falta de disciplina? Nesse tempo de estragos aos milhares, a psicologia foi culpada, pois ensinava a não repressão nas últimas 2 décadas, a não recriminação. Hoje a mesma psicologia ensina o contrário: “Saiba estabelecer limites. Todos nós, seres humanos, precisamos de limites”. Mas o estrago foi feito, e paises inteiros estão colhendo os frutos dessa criação sem limites, sem recriminação. Nossa sociedade é uma sociedade permissiva, onde tudo é possível, desde que haja certas regras e compromissos. Só que, essas regras opõem-se à ética cristã. É ai que o crente precisa fazer opção entre ficar com o socialmente aceitável e o biblicamente recomendável. E o crente deve optar pelo segundo. Segundo o padrão da sociedade pode-se consumir álcool, desde que seja socialmente; não se recrimina quem fuma, desde que respeite os locais para fumantes; não há problema numa pequena mentira; relacionamentos sexuais pré-nupciais não são mais questionados; etc. Mas a questão é que a moral do mundo é diferente da moral cristã. Como Igreja da atualidade, precisamos optar pelos ensinos da palavra de Deus, pois na sociedade que vivemos houve a inversão de valores, em que o certo passou a ser errado e o errado passou a ser certo. E ai de quem contrarie esse sistema profano com uma conduta diferente. Mas o profeta Isaias em seu livro lembra dos ais sobre aqueles que estão invertendo os valores. “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que põe as trevas por luz e a luz, por trevas; e o amargo por doce, e ao doce por amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e astutos em seus próprios conceitos. Ai dos que são poderosos para beber vinho e valentes para misturar bebida forte; dos que justificam o ímpio por peitas e ao inocente lhe tiram o direito” Is. 5:20-23. Chegamos a um ponto que jovens e adolescentes tem vergonha, na escola, de se proclamarem virgens, pois os colegas zombam na cara. Esse é o mundo que vivemos! As famílias precisam estar bem entrosadas, unidas, num relacionamento onde reina o amor, o carinho e a compreensão, para que os mais novos possam suportar todas as pressões do dia a dia.

II- A importância de estar firmados em princípios

1- O principio do respeito mútuo. Uma boa convivência na família ou na Igreja precisa de respeito entre os seus membros. O respeito deve existir tanto entre os cônjuges, pais e filhos, irmãos entre si e membresia da Igreja e liderança. Todos querem ser felizes e alcançar sucesso na vida, mas isso como com uma boa base no lar e na Igreja. Assegurada pela valorização do próximo. 2- O principio da solidariedade responsável. Precisamos nos interessar pela pessoa que faz parte de nossa família ou nossa Igreja, investindo nela o que pudermos; esforçando-nos para torná-la uma vencedora; cooperando para resolver seus problemas; apoiando-o em suas necessidades; encorajando-a e estimulando-a em seus desencantos; sustentando-a com nossas orações e chegando junto quando ela estiver precisando, seja em que área for de sua vida. Pois o que mais vemos é competição e não solidariedade. 3- O principio da obediência à liderança. Esse é um principio muito desgastado nas famílias e Igrejas desse tempo. Mas não podemos esquecer que a obediência a qualquer tipo de liderança começa no lar. “Vós mulheres, sede sujeitas a vossos maridos….vós filhos, sede obedientes a vossos pais” Efésios 6:1-9. Pais que não se dão ao respeito, que não exercem sua autoridade com amor, que não disciplinam seus filhos com compaixão, que se tornam verdadeiras marionetes nas mãos de abusadas crianças sem limites, estão pondo a perder o futuro de seus filhos. É melhor usar a vara em casa do que deixarem os filhos apanharem da vida. Em casa a disciplina será com amor. Na vida a correção virá cruel, em forma de vingança, implacável e sem apelação. A criança que não respeita os pais em casa, não obedece aos professores na escola, não aceita sobre si nenhuma autoridade, seja civil ou religiosa. Não se quebra esse principio, pois trás serias conseqüências para a sociedade. 4- O principio do amor sincero. O amor não pode falhar na Igreja e muito menos na família. Amor ágape, incondicional, amor doador, de entrega, que se espelha no próprio Cristo, que vê no outro o alvo de suas atenções. Aquele amor que não espera nada em troca, amor altruísta, cheio de renuncias e interesses solidários. Amor sem desconfiança, sem competitividade, não interesseiro. Somente o amor é capaz de fazer do lar e da Igreja um especo de vitória e de prazer. Pais e filhos, irmãos que se amam cooperam para a sustentação da família e da Igreja. Num mundo tão destrutivo e estéril em que vivemos, nada melhor do que um ambiente assim estabelecido. 5- O principio da espiritualidade prioritária. Também para com a família esse principio tem muito valor. Veja a orientação de Jesus: “Mas buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas” Mat. 6:33. Esse principio mostra que quando as questões espirituais estão indo bem, Deus cuida do resto. Se a casa não for provedora de espiritualidade, o mundo não vai poder oferecer isso para nossos filhos. É responsabilidade dos pais orientar espiritualmente seus filhos – oração, estudo bíblico, devoção, culto doméstico, e valorização da Igreja como instituição divina.

III- Cuidando-se para não cair nas armadilhas de satanás

Estamos falando de uma diferença crucial existente entre os padrões espirituais de conduta e a prática do mundo moderno. Definitivamente não há comunhão entre a luz e as trevas, e a Igreja precisa se precaver contra as astutas ciladas do diabo. Vale aqui a recomendação de Paulo: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? Ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com os ídolos? Pois nós somos santuário do Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles, e separai-vos diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo poderoso” II Cor. 6:14-18. Desde os primeiros momentos da humanidade, percebemos esta artimanha satânica para enganar o homem. A primeira família caiu, porque desobedeceu a Deus, enganada pela serpente, iludida pior suas promessas e fantasias. Gen. 3:1-7. A função de satanás é mentir, enganar, perverter, falsificar, ludibriar, mudar a aparência, tornar o bom em ruim e o ruim em bom. Muitas Igrejas e famílias têm se deixado levar pelas falsas aparências de santidade; espiritualidade de certas práticas religiosas; boas intenções de certos apelos; qualidade de algum produto; honestidade de alguns programas; etc. A vista engana, por isso devemos olhar com os olhos de Deus “Pois o Senhor não vê como vê o homem. O homem olha para o que está diante de seus olhos, mas o Senhor olha para o coração” I Sam. 16:7. Veja bem o que estou dizendo: festas, programas, colégios e cursos, amizades, envolvimentos, conversações, brincadeiras e vários outros tipos de comprometimentos que parecem em principio, ser tão ingênuos e sem complicações são, muitas vezes, agentes de satanás para perverter, desencaminhar, obscurecer, afastar, minar a fé e fazer com que gente criada na Igreja, hoje, esteja de paquera com o mundo, se não completamente comprometidos com o mundo, com o pecado e as coisas desta vida. Muitos pais são completamente ingênuos em conduzir seus filhos. Estão sendo por eles ludibriados, estão sendo passados para trás. Vale aqui a recomendação de Tiago “Se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus” 1:5 Há grupos ditos evangélicos envolvidos com bebida alcoólica, e agora também com drogas e tráfico de drogas dentro das Igrejas. Pastores envolvidos com álcool; motel; e homossexualismo; etc. Precisamos ter cuidado com as armadilhas de satanás!

Conclusão

É preciso valorizar a família e a Igreja como projetos de Deus, pois são duas instituições divinas e precisam ser valorizadas como tal. Muitos que são tidos como entendidos menosprezam a família e menosprezam a Igreja, dizendo que estão ultrapassadas; mas até hoje, com todo progresso que o mundo tem experimentado na área da ciência, nada conseguiram fazer que substitua estas duas instituições divinas, em termos de companhia, aconchego, proteção, amor e desenvolvimento sadio. A família e a Igreja continuarão sendo válidas para os nossos dias e para o futuro, é uma experiência que deu certo a milhares de anos, desde que Deus as formou. A família e a Igreja são a garantia do futuro da humanidade. É preciso, portanto, fundamentar a família e a Igreja em princípios bíblicos. A família e a Igreja precisam estar atentas quanto as influencias nocivas do mundo e não permitir que seus valores e princípios sejam destruídos, como já vem acontecendo em grande escala em nossos dias. É preciso que nos mantenhamos em vigilância constante como nos ensina Jesus “Orai e Vigiai”. Está é a recomendação que não podemos abandonar. Na dependência de deus e na vigilância quanto as ciladas de satanás, subsistiremos nesses dias tão difíceis.

 

Pr. Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

One Response to “A Igreja e a perda de valores”

  1. Caro Pastor! Li seu artigo sobre RENÚNCIA e o achei bastante elucidativo. Este artigo, também, e´bastante elucidativo e pertinente. De um modo geral, as pessoas querem ser notadas, em detrimento de fazerem coisas notáveis. O TER substituiu o SER. Ir à Igreja com o calçado e a roupa de marcas, com a maquiagem extragante e outros penduricalhos, é mais importante do que ESTAR NA IGREJA. Mas os pastores, pensando na quantidade e não na qualidade de seus rebanhos, não exortam os fiés para estes excessos, que não levam à salvação. Pelo contrário, muitos destes pastores compactuam com estes desvios. São cegos guiando cegos. E a Igreja ficando cada vez mais desacreditrada, sobretudo as igrejas-empresas neo-pentencostais, que pregam o evangelho da prosperidade e nenhum valor cristão passa para os seus membros.

    Um Grande Abraço.

mais sermões