Amor em Ação

I João 3: 10-18

Particularmente tenho uma grande admiração por Jesus e seus métodos de ensino; sempre que desejava ensinar uma doutrina ou principio e torná-los compreensíveis ao publico, usava uma parábola para ilustrar aquela lição.

A teoria muitas vezes é diferente da prática; discursos não resolvem problemas. Todos nós estamos cansados com tantos discursos ouvidos em épocas de campanhas eleitorais e a falta de prática de nossos governantes. Precisamos ter cuidado para não fazer o mesmo com a palavra de Deus. Quantos sermões temos ouvido a respeito do amor? Mas de fato amamos as pessoas que vivem à nossa volta? Jesus compara o ouvinte com o construtor. “Aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica é semelhante ao homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. A chuva caiu sobre aquela casa, o vento bateu na parede, e a água correu no alicerce, mas a casa não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica é semelhante ao homem louco que construiu sua casa sobre a areia….”

A preocupação de Jesus estava com a prática de seus ensinos; a lei do amor havia sido escrita por Moisés 1500 anos antes de Seu nascimento, mas como era deficiente a vida daquelas pessoas! Como tinham dificuldades para entender àqueles ensinos tão simples e colocar em prática o que estava escrito!

O doutor da lei fez uma pergunta que ele mesmo já sabia a resposta. Achou necessário levar o assunto mais adiante, quem sabe para justificar-se diante de Jesus. Qualquer fariseu era conhecedor do grande mandamento: “Amarás ao senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento e com todas as tuas forças e ao teu próximo como a ti mesmo”. O amor a Deus não tem limites, porém, o amor ao próximo pode ser limitado pela definição que temos de “próximo”. Quem é o meu próximo? Foi a pergunta do doutor. Esta definição depende de quem a faz. O seu próximo pode ser o inimigo de outrem. Para um Judeu o próximo era outro Judeu ou então um prosélito completo (circuncidado e praticante do Judaísmo). Jesus respondeu a pergunta com a parábola do Bom Samaritano. O personagem desse drama é um homem, não sabemos sua cor, se era Judeu ou gentio, religioso ou não; mas sabemos que era um pobre homem indefeso, caído à beira do caminho; como tantos em nossos dias. A primeira pessoa a descer pela estrada após o assalto foi um sacerdote, pregador, que muitas vezes pregou sobre o amor ao próximo como a si mesmo, mas passou de largo. Depois veio o levita, ajudante do sacerdote nas atividades do templo, mas também passou de largo. O terceiro a descer naquela estrada foi um desprezado samaritano, que segundo os Judeus não era digno de ouvir a lei, possivelmente nem conhecia a lei, mas amou na prática socorrendo a vítima. Isso é amor em ação! Jesus terminou aquela parábola fazendo uma pergunta: Quem foi o próximo daquele homem? Respondeu o doutor: aquele que prestou socorro, que teve compaixão da vitima. E Jesus disse ao doutor: Vai tu e faze o mesmo.

Esta é a mensagem de Jesus para sua Igreja nesta noite. Ame as pessoas que vivem à tua volta. Preste socorro aqueles que precisam de ti. E não há duvida de que estamos vivendo tempos difíceis face aos problemas do mundo atual, humilhado sob o peso angustiante das injustiças raciais, da pobreza dura e impiedosa e da fome cruel que tem martirizado 2/3 da raça humana. A Igreja precisa pensar seriamente em sua responsabilidade social, precisa fazer a diferença onde está. E quanto mais nos aproximarmos de Jesus, e quanto mais estudarmos a palavra de Deus, maior será nossa compreensão do mundo e das necessidades das pessoas.

Por isso, o apóstolo João, inspirado por Deus disse: “Aquele que não ama a seu irmão não é de Deus”. Estamos diante de um mundo necessitado e de uma mensagem que apela ao nosso coração para que coloquemos o amor em ação. E isso nos faz lembrar da mensagem de Jesus mais uma vez: “Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei a vós”. Amar com o tipo de amor com que Ele nos amou. Isso é coisa séria e nos faz tremer diante da responsabilidade que temos como cristãos.

E no final de sua mensagem, João lembra que, protestos de amor não bastam, ações falam mais alto do que palavras e diz: “Não amemos de palavra e nem de língua, mas por obras e em verdade”. Se nosso amor é genuíno também será positivo e ativo.

I- João apresenta CAIM como protótipo do ódio.

“Porque a mensagem enviada a nós desde o principio tem sido que devemos amar uns aos outros. Não devemos ser como Caim, que era de satanás e matou a seu irmão. Por que ele o matou? Porque Caim estava praticando o mal e sabia muito bem que a vida do seu irmão era melhor do que a dele”.

O ódio caracteriza o mundo em que vivemos, onde as pessoas esmagam umas às outras; onde a inveja e a injustiça prevalecem e onde o pobre é desprezado, cujo modelo é Caim. Esse ódio origina-se no diabo, leva ao homicídio e, é evidencia da morte espiritual. Creio ser por isso que João escolheu Caim como modelo trágico daquilo que os cristãos não devem ser. Ele matou seu irmão, membro de sua família, filho de seu pai. Vemos aqui o ódio em ação.

Mas não é sobre isso que desejamos falar, pois o ódio está em toda parte. O apóstolo João apresentou esse protótipo para mostrar que o assassínio estava de acordo com os outros atos da vida de Caim. Havia inveja em seu coração, e isso se inflamou produzindo o ódio e depois o assassínio. Precisamos ter cuidado com certas atitudes ou desvios de caráter e o trágico fim. Inveja – ódio – assassínio.

II- João apresenta JESUS como protótipo do amor.

O amor caracteriza a Igreja, cujo modelo é Jesus Cristo. Origina-se em Deus, leva ao sacrifício pessoal e, é evidencia da vida eterna. O amor é o critério pelo qual os filhos de Deus podem julgar se verdadeiramente são membros da família de Deus. “Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos”.

Aqueles que experimentaram o amor de Deus como é revelado em Jesus Cristo – que deu a sua vida por nós – são pessoas que sabem o que é o amor. Como disse o apostolo: “E nós devemos dar a vida pelos irmãos”. A cruz de Cristo é inseparável da cruz do crente.

E Jesus em seu ministério terreno, nos mostra que as pessoas têm necessidades físicas e espirituais: “Ele… percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, pregando o evangelho da salvação, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo…E vendo a multidão teve compaixão deles, porque estavam desgarrados e errantes como ovelhas que não tem pastor” Mat. 9:35, 36.

Seu ministério foi dirigido para pessoas, quaisquer que fossem as suas necessidades. Ele alimentou famintos, lavou pés empoeirados, curou doentes, confortou os tristes, e até restaurou a vida aos mortos.

III- Amor em ação é o plano de Deus para Sua Igreja hoje.

A Igreja de Jesus tem uma responsabilidade social no mundo. O salmista já dizia: “Bem aventurado é aquele que atende ao pobre” Sl 41:1. Paulo disse: “Enquanto temos oportunidade façamos bem a todos” Gal. 6:10. O escritor da carta aos Hebreus disse: “Lembrai-vos dos encarcerados” Hb 13:3. Esse é o plano de Deus para sua Igreja – isso é amor em ação.

Esse amor é muito prático em sua aplicação, ele se expressa no cuidado pelo próximo que está com qualquer necessidade – alimento, roupa, abrigo. Ou em outras palavras, esse amor se expressa no atendimento às necessidades materiais, físicas e espirituais das pessoas. Em momento algum o texto diz que nós devemos cobrar ou receber… apenas dar.

No texto relacionado ao juízo final, Mateus 25:34-46, Jesus mostra que nosso conhecimento precisa condizer com a prática. “Então Eu, o rei, direi naqueles à minha direita: Venham, benditos do meu Pai, para o reino preparado para vocês desde a fundação do mundo. Porque Eu tive fome e vocês me deram de comer; Eu tive sede e vocês me deram água; Eu era estranho e vocês me convidaram para suas casas; Eu estive nu e vocês me vestiram; Eu estive doente e na prisão e vocês me visitaram. Então os justos responderão: Senhor, quando fizemos isso? Quando vocês fizeram isso ao menor de meus irmãos, estavam fazendo a mim….”. Esse texto não está dizendo que boas obras salvam, mas que as boas obras devem acompanhar a vida dos que foram salvos por Jesus. Não podemos separar nossas palavras de nossas obras.

O exemplo do bom samaritano jamais deve ser esquecido por nós, porque se trata de uma das mais nobres parábolas contidas nos evangelhos exibe uma ética de gentileza fraternal que o mundo inteiro necessita desesperadamente. Quantas pessoas estão hoje à beira do caminho? Qualquer pessoa que podemos ajudar a qualquer momento é nosso próximo, sem impor sua cor, raça ou posição social.

Nosso amor deve tornar-se real, não ser apenas de palavra ou de língua, mas por obra e em verdade.

A expressão: “O amor de Deus” – significa no grego, não o amor a Deus ou amor por Deus, mas o amor do qual Deus é a fonte; amor do tipo do amor de Deus colocado em ação em favor da humanidade. O amor deve ser algo prático e demonstrável através de atos, não pode ser confinado ao mero idioma, ao discurso.

Uma palavra dita não pode matar a fome; uma palavra atraente não pode saciar a sede; um belo poema de amor não pode aquecer um corpo que está com frio; As palavras são instrumentos poderosos quando postas em ação.


Pr. Cirino Refosco
cirinorefosco@gmail.com

One Response to “Amor em Ação”

  1. É uma pena que a igreja ama mais em palavras do que em ação basta ver quantas são engajadas no social, pouquíssimas.Amo a Deus quando amo o meu próximo.


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