Aplicação de Princípios Bíblicos para crescimento de igrejas

  • Ao estudar os evangelhos e o livro de Atos encontramos os princípios que nortearam as igrejas principalmente nas

cidades de Jerusalém e Antioquia, garantindo-lhes um crescimento exponencial. Esses princípios são apresentados de forma simples e fizeram com que estas igrejas, num tempo tão difícil de perseguições e falta de recursos financeiros e tecnológicos, surpreendessem o mundo com a multiplicação de discípulos e a plantação de novas igrejas.

Há princípios naturais estabelecidos desde a eternidade pelo próprio Deus e foram descobertos nas esferas cientificas. Pilotos, por exemplo, são guiados por quatro princípios do voo – gravidade, sustentação, propulsão e resistência.

Agricultores têm os princípios de semeadura e colheita. Engenheiros operam dentro dos princípios da física, e assim por diante. Em cada esfera da vida há princípios estabelecidos, que observados ajudam no desempenho, fazendo-nos bem-sucedidos no trabalho. Mas não foram os pilotos, nem os agricultores e nem os engenheiros que inventaram os princípios; e nem tem o poder de alterá-los. Eles simplesmente existem.

Stephen Covey, em seu livro, conta uma história que nos ajuda entender o que é um princípio.

A mensagem é muito direta: nem o tamanho do navio nem a patente do comandante tinham a menor importância. O farol não mudaria seu curso, era permanente, inalterável. Cabia ao capitão decidir se corrigiria ou não o curso do seu navio.
O farol é como um princípio. Os princípios são eternos e universais. Eles não mudam. Não se submetem a idade, raça, credo, gênero ou status – pelo contrário, todos esses estão subordinados a eles. Assim como o farol, os princípios são sinalizadores permanentes com os quais as pessoas direcionam seus cursos nas mais variadas situações.

Nosso objetivo é apresentar os princípios que foram fundamentais para o crescimento de igrejas no primeiro século da era cristã, possibilitando às mesmas, cumprir a Grande Comissão e alcançar milhares de pessoas com a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo. Aplicação desses princípios impactaram as pessoas daquela época, fazendo com que o Evangelho se espalhasse por toda a parte, chegando até nós.

Alguns desses princípios são destaques também no Velho Testamento e são apontados como parâmetro em muitos momentos da história dos Hebreus e posteriormente Judeus. Isso mostra que eles sempre existiram, e quando observados foram importantes para o êxito do povo de Deus.

Aplicação desses princípios continua sendo sucesso para o crescimento no mundo contemporâneo. Em 1998, David Garrison, escreveu sobre “Movimento de Plantação de Igrejas”, onde apresentou quatro estudos de caso – América Latina, os Khmer de Camboja, regiões da China e os Bholdari da Índia, e mostrou a multiplicação de discípulos e igrejas com base na aplicação desses princípios bíblicos. Ainda que não chamasse de princípios, apresentou-os como elementos universais para multiplicação de discípulos e igrejas. Destacou a oração, semeadura abundante do Evangelho, plantação intencional de igrejas, formação de liderança local e liderança leiga, entre outros elementos [2]. Mais recente, em 2008, Ronaldo Lidório, missionário entre os Konkombas por nove anos, apresentou o sucesso da aplicação desses princípios na África, produzindo a multiplicação de igrejas; e nesse período vinte e oito foram plantadas nessa tribo com uma liderança totalmente autóctone. Ainda que não chamasse de princípios, mas os apresentou como estratégias para o trabalho missionário e apresentou, oração, evangelização, discipulado, formação de líderes autóctones, plantação de igrejas e serviços à comunidade, entre outros [3]. Da mesma forma, R. Bruce Carlton, em seu livro “Atos 29” escreveu sobre estratégias para facilitar movimentos de plantação de igrejas em campos de colheita negligenciados e apresentou alguns desses princípios, classificando-os como “áreas de resultado no desenvolvimento de estratégias para multiplicação de igrejas”: oração, evangelização e discipulado, formação de líderes, plantação de igrejas e atividades de ajuda às comunidades apresentando algumas possibilidades de plataformas [4]. Durante nosso ministério na Paraíba, na região do Piancó (02/1985 a 02/2001) trabalhamos com ênfase nesses princípios e o trabalho se desenvolveu com resultados muito acima da média dos missionários que atuam no Brasil e da mesma forma o missionário Manoel Moreira, no Vale do Assú, Rio Grande do Norte (2003 a 2014), plantou vinte cinco novas igrejas, todas conduzidas por líderes autóctones.

Iniciaremos esta análise considerando o ministério de Jesus Cristo e das igrejas mencionadas no livro de Atos para identificar as atividades que mais contribuíram para o crescimento, fortalecimento e multiplicação de discípulos no início da era cristã. Percebemos que as igrejas não eram de um mesmo padrão, não tinham as mesmas características e nem podemos pensar que as igrejas do livro de Atos fossem iguais em sua liturgia, didática de ensino e em seu conjunto de doutrinas e forma de trabalhar; a semelhança está na aplicação dos princípios. É impressionante ver essa diversidade desde o início da história da igreja, onde uns eram mais radicais, enquanto outros mais flexíveis. Os Judeus de fala hebraica eram diferentes dos Judeus de fala grega ou helenistas. Todos eram Judeus e habitavam na Palestina, no entanto, a forma de pensar, falar, ver as coisas e resolver questões era diferente.

Na verdade, gasta-se muito tempo discutindo as diferenças, o que distancia as pessoas pelo fato de pensarem e agirem de forma diferente. Essas diferenças sempre existiram e continuarão assim enquanto houver seres humanos. Com as diferentes características das igrejas do primeiro século aprendemos, que independentemente da forma de ser elas pertenciam a Jesus Cristo, e eram dirigidas pelo Espírito Santo. Eram igrejas focadas em princípios bíblicos, conscientes de sua Missão e se esforçavam para cumprir a Grande Comissão.

Ao analisar o ministério de Jesus Cristo e as igrejas no livro de Atos descobrimos que o segredo do avanço do Evangelho e o crescimento numérico deve-se a aplicação, em especial, dos cinco princípios bíblicos que abordaremos nessa pesquisa.

Os discípulos, e não apenas os apóstolos, tinham visão missionária e por isso estavam sempre atentos às oportunidades para testemunhar do Evangelho. Tinham consciência da Missão, e levavam a sério a Grande Comissão. Fazer discípulos era a tarefa mais importante e gastavam suas vidas nisso. Cientes de que o Evangelho deveria chegar em todos os lugares e alcançar todas as pessoas, investiram tudo que puderam para que as pessoas ouvissem a mensagem de salvação e respondendo positivamente ao Evangelho, estas eram discipuladas e igrejas foram plantadas para agrega-las.
O desafio dessa pesquisa bíblica consiste em identificar e analisar esses cinco princípios: oração, evangelização discipuladora, plantação de igrejas, formação de líderes e relevância social, a luz dos evangelhos, do livro de Atos e algumas narrativas do Velho Testamento.

Tanto a análise dos princípios quanto o desenvolvimento dos textos alusivos a cada princípio serão apresentados nos respectivos capítulos. Serão apresentados os princípios bíblicos, sua aplicação no ministério de Jesus ou nas igrejas de Jerusalém e Antioquia, e sua fundamentação bíblica, usando textos do Velho e Novo Testamentos.

Referências

[1] COVEY, Stephen R. As Três Escolhas para o Sucesso. Rio de Janeiro: Vida melhor editora, 2013. p. 12 e 13.
[2] GARRISON, David. Movimento de Plantação de Igrejas. Rio de Janeiro: International Mission Board, 1998.
[3] LIDÓRIO, Ronaldo. Konkombas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2008.
[4] GARRISON, R. Bruce. Atos 29. Rio de Janeiro: EBD editora, 2006.


Cirino Refosco
cirino@missoesnacionais.org.br

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