Aplicação dos Princípios Bíblicos e o Crescimento

Discorrer sobre os princípios bíblicos para crescimento de igrejas, aumenta a convicção de que o assunto ocupa um bom espaço nas páginas da Bíblia. Em cada texto aprende-se muitas lições e ficamos motivados com tudo que Deus fez e continua fazendo no meio de seu povo. Queremos destacar ainda, algumas experiências de crescimento com base na aplicação desses princípios.

1. A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NO MINISTÉRIO DE JESUS CRISTO

Não estamos apresentando aqui um modelo de igreja e nem tentaremos convencê-lo que temos a solução no que diz respeito ao plantio e crescimento de igrejas. Nosso objetivo é discorrer sobre o ensino bíblico, e agora, com foco no ministério de Jesus juntamente com os apóstolos e as igrejas de Atos e mostrar que houve multiplicação rápida nas primeiras décadas de nossa era, quando o cristianismo estava dando seus primeiros passos e os recursos humanos e financeiros eram tão limitados. Os discípulos e igrejas se multiplicavam.

O que está escrito nos evangelhos e no livro de Atos é um exemplo aplicável a qualquer povo e cultura do mundo e ao mesmo tempo acessível a todas as classes sociais. Portanto, não é novo, nem se trata de uma estratégia ou metodologia, mas de princípios que nortearam a vida de pessoas e igrejas naquela época. Por isso chamamos de visão bíblica de crescimento, que pode ser aplicada para igrejas que desejam se multiplicar.

A vontade soberana de Deus é que todas as pessoas se arrependam e recebam o perdão de seus pecados e consequentemente a salvação do inferno e que essa mensagem seja compartilhada com pessoas do mundo inteiro, tendo Jesus Cristo um exemplo nesse propósito, pois proclamou a Boa Nova durante o período que viveu como homem, e além disso, empenhou-se pessoalmente, chamando e capacitando pessoas para que o trabalho continuasse com o objetivo de alcançar todos os habitantes da terra, tendo como alvo final fazer de cada ser humano um verdadeiro adorador do Deus Criador e discípulo fiel.

Jesus Cristo nasceu em Belém, viveu um período de sua infância no Egito, depois seus pais voltaram para Nazaré, e cremos que ali viveu até o início de seu ministério público. Foi batizado por João Batista no rio Jordão, e após esse episódio, foi conduzido para o deserto, onde foi tentado por Satanás durante 40 dias. Voltando do deserto, escolheu seus primeiros discípulos, em número de doze, chamando-os de apóstolos.[1]

1.1. O crescimento no ministério de Jesus

Jesus Cristo iniciou o ministério com esses doze e após três anos e meio, aproximadamente, encontramos cento e vinte discípulos reunidos em Jerusalém.[2] Fazendo o cálculo, percebemos que o crescimento da igreja nesse período foi de 1.000%, em três anos e meio. A pergunta que devemos fazer é esta: O que aconteceria se nossas igrejas crescessem 1.000% a cada três anos e meio? Com certeza não haveria mais mundo para ser conquistado com a pregação do Evangelho. Esse é um modelo de crescimento digno de imitação.

Com a informação do apóstolo Paulo em sua Primeira Carta aos Coríntios, quando escreveu sobre a ressurreição de Jesus e suas aparições, o percentual de crescimento nesse período foi bem maior. Pois disse: Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, e a maior parte deles ainda vive, mas alguns já faleceram”.[3] Então, considerando o início de seu ministério com os doze e tomando esses quinhentos irmãos como pessoas que O seguiam, o crescimento nesses três anos e meio seria 4.166%. Que maravilha pensar nessa multiplicação de discípulos nesse período.

Precisamos voltar nossos olhos para o ministério de Jesus e entender a razão de, em tão pouco tempo, conseguir alcançar tantas pessoas fazendo-as compreender que o propósito maior de suas existências era encarnar e cumprir a missão que recebera do Pai. Conseguiu juntar em torno de si pessoas simples, mas dispostas a colocar suas vidas a serviço do Reino de Deus. Jesus Cristo não estava atrás de fama, mas trabalhou para formar um grupo de discípulos que pudessem dar continuidade ao trabalho de evangelização do mundo, não apenas naquela geração, mas queria ter garantia que a salvação alcançaria também as gerações seguintes com milhões de discípulos comprometidos.

1.2. Jesus Cristo trabalhou focado na missão

Que atividades foram realizadas para garantir a multiplicação de discípulos e o alcance das futuras gerações? O profeta Isaias, inspirado pelo Espírito de Deus, havia anunciado a vinda do Messias e o ministério que desenvolveria. Sua missão seria pregar as Boas Novas, restaurar os de coração abatido, libertar os cativos e consolar os tristes. Então escreveu:

O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas novas aos oprimidos; enviou-me a restaurar os de coração abatido, a proclamar liberdade aos cativos e a pôr os presos em liberdade; a proclamar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; a ordenar que se dê uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado aos que choram em Sião; a fim de que se chamem carvalho de justiça, plantação do SENHOR, para que Ele seja glorificado.[4]

Jesus Cristo ensinava e era respeitado por todos e ao chegar na sinagoga de Nazaré, onde havia sido criado, segundo o seu costume, levantou-se para fazer a leitura e na oportunidade lhe entregaram o livro do profeta Isaias, e leu exatamente o texto que falava de sua missão. E chamou para si o cumprimento da predição de Isaias, dizendo que estava sobre si a responsabilidade de proclamar as Boas Novas aos oprimidos, libertar os cativos e presos e restaurar a vista dos cegos.

O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhares de todos na sinagoga estavam fixos nele. Então ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabais de ouvir. Todos o aprovavam e, admirando-se das palavras de graça que saíam da sua boca, perguntavam: Este não é filho de José? [5]

Após convite e treinamento, Jesus Cristo enviou os doze, para que cumprissem a missão para a qual haviam sido convocados. Podemos entender aqui o início da igreja, formada por pessoas, que acreditaram na mensagem de salvação, e estavam dispostos a propagá-la, de acordo com as recomendações e ensinos de seu Mestre.[6] E o mais importante é notar que há compartilhamento de missão, ou seja, a missão dos doze foi, a princípio a mesma missão de Jesus, que por sua vez, cumpria a missão do Pai – Missio Dei. Esse grupo era formado de pessoas que criam em Jesus, foram batizadas, participaram da ceia e tinham uma missão para cumprir.

Reunindo os Doze, Jesus lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios e poder para curar doenças; e os enviou a pregar o reino de Deus e a realizar curas, dizendo-lhes: Não leveis nada para a viagem; nem bordão, nem bolsa de viagem, nem pão, nem dinheiro; nem leveis duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, nela ficai até partirdes do lugar. Mas, onde quer que não vos receberem, ao sair da cidade, sacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles. Então os discípulos saíram e percorreram os povoados, anunciando o evangelho e curando por toda parte. O governante Herodes soube de tudo o que se passava e ficou perplexo, porque alguns diziam: João ressuscitou dos mortos; outros afirmavam: Elias apareceu; e outros ainda diziam: Um dos antigos profetas reviveu. Herodes, porém, disse: Mandei decapitar João; então, quem é este sobre quem ouço essas coisas? E procurava vê-lo. Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que haviam feito. Levando-os consigo, Jesus retirou-se para uma cidade chamada Betsaida. Mas, sabendo disso, as multidões o seguiram, e ele as recebeu; e falava-lhes de reino de Deus e curava os que precisavam de cura.

Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lhe, dizendo: Bebei dele todos; pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados. Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco beba de novo, no reino de meu Pai. E tendo cantado um hino, saíram para o monte das oliveiras.[7]

Não foi diferente a missão dos setenta e dois que foram enviados de dois a dois. Esse grupo também deve ser entendido e reconhecido como igreja, pois aqui estava um grupo de pessoas que criam em Jesus Cristo e decidiram segui-Lo; eles formavam uma comunidade, que pela fé acreditava na salvação que havia sido proclamada pelos profetas e que seria consumada pelo Cristo de Deus, através de seu sacrifício na cruz; naturalmente haviam sido batizados. E Lucas descreve as palavras de Jesus Cristo sobre a missão desse grupo de seguidores fiéis e dedicados, que já enfrentavam oposição daquela comunidade, extremamente religiosa, formada principalmente, de Judeus radicais.

Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois e enviou-os adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-lhes: Na verdade, a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita. Ide; eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis sacola, nem bolsa de viagem, nem sandálias; e a ninguém cumprimenteis pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa. E se nela houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre ele; caso contrário, ela voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que tiverem; pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa. E, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido. Curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: O reino de Deus está próximo.[8]

Diante do exposto, podemos afirmar que a Missão de Deus foi compartilhada com os patriarcas e profetas no Velho Testamento, e com Jesus Cristo, que por sua vez, compartilhou com os doze e depois com os setenta e dois, no Novo Testamento. Essa também é a missão da igreja, ontem, hoje e sempre.

Há princípios que foram praticados por Jesus Cristo e os apóstolos e posteriormente pelas igrejas, e, garantiram a multiplicação de salvos desde o início do cristianismo. São textos que mostram a ação da igreja desde os seus primórdios. Quais seriam essas atividades ou princípios responsáveis pela multiplicação de discípulos?

  1. Oração (Mateus 6.3-7; 14.23; 26.36-44; Marcos 1.35; 6.46; 14.32-35; Lucas 6.12; 9.18; 9.28; 11.1-2; 18.1 e 10).
  2. Compaixão e pastoreio (Mateus 8.16; 12.15; 12.22; 14.13-21; 15.30-32; Marcos 1.41; 6.34; 8.2; Lucas 7.13 e 10.33).
  3. Evangelização e discipulado (Mateus 4.17; 11.1; Marcos 3.14; 6.12; 16.20; Lucas 9.2 e 24.47; Mateus 5.2; 11.1; Marcos 8.31; 12.38; Lucas 7.28).
  4. Criação da Igreja/Plantação (Mateus 16.13-19).
  5. Formação de Líderes (Mateus 10.1-8; Lucas 9.1-6; 10.1-9).

2. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NA IGREJA DE JERUSALÉM

O ministério de Jesus Cristo foi desenvolvido na Palestina, principalmente na Judéia e Galiléia, com identificação de poucas viagens para as outras províncias. Estava focado no povo judeu que tinha Jerusalém como centro religioso. Na verdade, boa parte de suas atividades, aconteciam nas imediações de Jerusalém. Por isso, conhecemos aquela comunidade como igreja de Jerusalém, que iniciou com cento e vinte discípulos;[9] e no dia de Pentecostes converteram-se cerca de três mil pessoas.[10] Em seguida o número aumentou para cinco mil discípulos;[11] depois milhares de pessoas se converteram a Cristo.[12] Por baixo podemos considerar seis mil pessoas convertidas nos primeiros dez anos de existência da igreja de Jerusalém; então o crescimento foi de 5.000% nesse período. Aqui está o maior modelo de crescimento de igreja do primeiro século!

O livro de Atos nos informa que houve uma grande igreja em Jerusalém, mas não encontramos muitos detalhes sobre a mesma e ainda que consideremos todo o Novo Testamento, são escassas as informações encontradas. Mas nos esforçaremos para apresentar algumas das principais características daquela comunidade cristã multiplicadora. Longe de ser uma igreja perfeita, pois um de seus principais pregadores era Simão Pedro, aquele que havia negado Jesus Cristo três vezes em apenas uma noite; a igreja parecia ter tudo em comum, mas Ananias e Safira haviam escondido parte do valor adquirido na venda da propriedade, mentiram ao Espírito Santo, e acabaram mortos.[13] Houve reclamação dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo negligenciadas na distribuição diária.[14] Podemos afirmar que era uma igreja formada de pessoas imperfeitas, mas que acreditavam na mensagem de Jesus Cristo e também em Sua ressurreição e estavam a fim de gastar suas vidas na proclamação dessa verdade. Gonzales, referindo-se à igreja de Jerusalém disse:

Era uma igreja formada de pessoas da comunidade que refletiam algumas das divisões que existiam entre os Judeus em Jerusalém. Precisamos entender que por vários séculos, a Palestina havia estado dividida entre Judeus mais puristas e aqueles de tendências mais helenistas, como é mencionado pela maioria dos intérpretes da Bíblia. Não se tratava de judeus e gentios, pois em Jerusalém estes ainda não eram aceitos pela igreja; eram dois grupos de Judeus. Os “hebreus” eram os que conservavam todos os costumes e o idioma de seus antepassados, enquanto que os “gregos” eram os que se mostravam mais abertos com relação à influência do helenismo. É possível que alguns deles tenham sido judeus que haviam regressado a Jerusalém depois de viverem em outros lugares, e em alguns casos por várias gerações. Em todo caso, a maior parte deles levavam nomes gregos, e possivelmente, além do hebraico, falavam o aramaico e o grego.[15]

Devido a essa diversidade entre os judeus, e o descontentamento dos helenistas, os doze convocaram uma assembleia que elegeu sete pessoas para servir as mesas, enquanto os apóstolos continuariam se dedicando à pregação da Palavra. Os sete escolhidos eram representantes do grupo de judeus denominados helenistas – todos estes tinham nomes gregos – e o propósito era atender ao seu grupo para tentar amenizar as reclamações. Outra coisa importante é que alguns deles também se dedicaram à pregação e ao trabalho missionário, no caso, Estevão que, cheio do Espírito Santo e com muita ousadia pregou a Palavra, confrontando os judeus, e foi martirizado, aliás, o primeiro mártir do cristianismo, após a morte de Jesus. E Filipe, que atendendo ao Espírito Santo foi para Gaza e ali pregou para um etíope, administrador de Candace, rainha dos etíopes.[16]

A Páscoa e o Pentecostes eram grandes festividades entre os judeus. Jesus Cristo foi crucificado no período da Páscoa e o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes. Como vemos, naquele ano, as duas grandes festas foram marcadas por dois grandes eventos, os maiores do cristianismo, a morte e ressurreição de Jesus e a descida do Espírito Santo. O que Jesus Cristo ensinou em pessoa até a Páscoa, o Espírito Santo continuou a fazer e ensinar por intermédio da igreja, depois do Pentecostes. Na verdade, o Espírito Santo é a garantia da presença de Jesus Cristo na igreja e na vida dos cristãos.[17]

Em sua religiosidade os Judeus convertidos ao cristianismo continuaram como antes, frequentavam a sinagoga aos sábados e participavam de todas as festividades judaicas, mas criam que Jesus Cristo era o Messias anunciado pelos profetas no Velho Testamento, como aquele que resgataria Israel. Devemos lembrar que nesse período o Evangelho estava sendo anunciado para os Judeus somente e só com o passar do tempo e através de algumas manifestações especiais do Espírito Santo, que os Judeus foram aceitando o ingresso de prosélitos, samaritanos e gentios no corpo da igreja, que no princípio, tinham que se tornar praticantes do judaísmo para então participarem da igreja cristã, inclusive com a circuncisão dos homens.

2.1. A igreja era heterogenia

Apesar de ser uma igreja formada de judeus apenas, estavam incluídas, no grupo inicial, todas as classes e condições sociais. Senhoras distintas como Suzana e Joana, da corte de Herodes, estavam em pé de igualdade com Maria, a viúva de um carpinteiro. Um advogado erudito, como José de Arimatéia, e um estudioso profundo, como Nicodemos, estavam em comunhão com pescadores, como Simão Pedro e João. Simão Zelote e Mateus, o publicano, conviviam amigavelmente na mesma organização. O número de membros aumentou rapidamente e logo a igreja recebeu um rico proprietário, José de Chipre, e pobres mulheres judias, que falavam o mesmo grego. Como percebemos, uma igreja não existe exclusivamente para uma só classe social. Numa igreja local, como em nenhum outro lugar da terra, deve existir uma união perfeita entre ricos e pobres, pois Jesus Cristo é o Senhor de todos. O conflito entre as classes acabar-se-ia se todos ouvissem a voz de Jesus Cristo e seguissem seu exemplo. A igreja em Jerusalém demonstrou muito bem os ensinos do Mestre vivendo em unidade em meio a tanta diversidade.

2.2. Seu governo era congregacional ou democrático

Percebemos isso na escolha daquele que ocuparia o lugar de Judas. O grupo reunido era de aproximadamente cento e vinte pessoas, e as razões para escolha do substituto de Judas foram apresentadas. Dois nomes foram indicados Matias e Barnabé e escolhido Matias, é claro, depois de muita oração pedindo a Deus que manifestasse Sua vontade.[18] Mais uma assembleia fora realizada para escolha dos sete novos líderes, que atenderiam as necessidades dos judeus de fala grega ou helenistas.[19] Tudo para mostrar que a igreja era submissa ao Espírito Santo e debaixo de Seu poder tinha autonomia desde o início de sua existência para tomar as decisões necessárias para o bom desenvolvimento do trabalho.

2.3. Vivia em unidade

Todos os que criam em Jesus Cristo estavam juntos.[20] Creio que se reuniam para orar e receberem o alimento espiritual para edificação de suas vidas. Mas eram unidos também no propósito de levar a mensagem aos demais judeus e cada crente cumpria sua missão, testemunhando de Jesus Cristo, ainda que apenas para os judeus, principalmente os de seu relacionamento em Jerusalém. Eram unidos em oração.[21] Oração tornou-se um habito daqueles irmãos, que sempre resolviam seus problemas orando.[22] E como consequência da intimidade com Deus eram revestidos de poder e ousados na pregação da palavra, testificando para todos que Jesus era o Cristo de Deus.

O crescimento da Igreja de Jerusalém era tão grande, e os irmãos tão abençoados que não dava para pensar, por exemplo, que estivessem em desobediência à Grande Comissão. Durante seu ministério Jesus havia enfatizado duas coisas, as únicas que são chamadas grandes. E podemos entendo como as ênfases principais de toda bíblia; trata-se do Grande Mandamento e da Grande Comissão. O primeiro é uma referência ao que está escrito em Deuteronômio capitulo seis e verso cinco; que resume a Lei e os Profetas; é sua essência. O segundo trata da razão da vinda de Jesus Cristo a este mundo, sua missão e desejo de salvar todas as pessoas, transformando-as em verdadeiros adoradores a Deus e discípulos fiéis.

Um deles, doutor da lei, interrogou-o, para colocá-lo à prova: Mestre, qual é o maior mandamento na Lei? Jesus lhe respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.[23]

E, aproximando-se Jesus, falou-lhes: Toda autoridade me foi concedida no céu e na terra. Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os dias, até o final dos tempos.[24]

Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.[25]

Por quê esses textos são tão importantes? Para mostrar que a Igreja de Jerusalém, ainda que cheia do Espírito Santo e abençoada com milhares de judeus convertidos a Cristo, não estava cumprindo integramente a Grande Comissão. O Evangelho estava sendo pregado abundantemente, mas só aos judeus de Jerusalém. Isso trouxe para igreja uma sensação de ministério cumprido sob a aprovação do próprio Deus, mas a Boa Nova deveria ser pregada em Jerusalém, Judéia e Samaria, e até os confins da terra, ou seja, às pessoas de todas as nações. Mas a igreja pregava só em Jerusalém. Estava, dessa forma, cumprindo integralmente a Grande Comissão? É claro que não!

O que fazer quando uma igreja local não cumpre integralmente ás ordens de Jesus? Vive para si e não vê o mundo que está além das quatro paredes de seu templo? O que fazer quando uma igreja não vê além de suas próprias necessidades e interesses? E mesmo que abençoada, não cumpre as ordens de Jesus Cristo? Como entender isso? Como resolver uma situação como esta?

No caso da Igreja de Jerusalém o próprio Deus encontrou uma solução, permitindo uma perseguição, principalmente aos judeus de fala grega, preservando os de fala hebraica, inclusive os apóstolos na cidade. “E Saulo aprovou a sua morte. No mesmo dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria”.[26]

Para onde os cristãos de Jerusalém foram dispersos? Exatamente para as regiões que Jesus havia ordenado que o Evangelho fosse pregado, Judéia e Samaria e posteriormente até os confins da terra.

O crescimento do número de pessoas convertidas a Jesus Cristo nos primeiros anos de história do cristianismo deve-se a aplicação desses princípios bíblicos. Tanto Jesus Cristo e os apóstolos quanto a Igreja de Jerusalém priorizavam a oração; evangelismo e discipulado era um estilo de vida. Jesus fundou a igreja e no livro de Atos vemos a multiplicação de discípulos e a plantação de novas igrejas; líderes foram formados e assumiram as novas igrejas; e, ações de compaixão e graça fizeram parte do cotidiano daqueles cristãos em todo tempo.

Após entendermos o que são princípios bíblicos e vermos o crescimento que a aplicação dos mesmos proporcionaram as igrejas nos primeiros anos de sua existência, queremos discorrer sobre cada um desses princípios.

3. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NA IGREJA DE ANTIOQUIA

Como nasce uma igreja? Enterrando concreto, ferro e tijolos? É claro que não! Nasce através da proclamação do Evangelho e a conversão de pessoas a Jesus Cristo e o discipulado dessas pessoas. Então, qual a melhor cidade ou o melhor e mais estratégico local para o plantio de igrejas? Naturalmente que é aquele onde há muitas pessoas sem Salvação. Vamos pensar um pouco sobre a cidade de Antioquia da Síria e o surgimento daquela igreja, e assim entenderemos um pouco mais a relação da aplicação dos princípios bíblicos e o crescimento da igreja. Sobre o surgimento da cidade de Antioquia, MacDaniel escreveu:

Seleuco Nicator era o general predileto de Alexandre Magno, e comandava a cavalaria da Macedônia. Duas décadas de lutas sucederam a morte de Alexandre. Finalmente a batalha de Ipso, em 301 a. C., destruiu as ambições de Antígono. Depois de muitas divisões, surgiram do império universal cinco monarquias de características fortemente helenistas, e uma dessas monarquias era da Síria, sobre a qual Seleuco reinava.[27]

Nos tempos antigos, o costume, era comemorar as vitórias bélicas edificando cidades, e Seleuco excedeu a todos nesse particular. Edificou trinta e quatro cidades e deu o nome de Antioquia a dezesseis delas. A maior das suas cidades foi Antioquia da Síria. Durante mil anos Antioquia da Síria dominou o comércio das planícies da Mesopotamia e era a porta para o Oriente e a maior cidade do Império Romano e a primeira artéria iluminada a existir. Os Antioquianos conseguiram transformar a noite em dia.[28]

Naquela capital do Oriente, cheia de mitologia, imoralidade, poderosa no comércio, com tanta influência política e de tanta evidência na história, foi organizada a primeira igreja, que de fato, entendeu o alcance da Grande Comissão. Não cremos que tenha partido dos cristãos perseguidos alcançar Antioquia, mas eles foram compelidos pelo Espírito Santo para assim fazê-lo. Antioquia era uma das cidades mais estratégicas naquela época, e uma excelente porta para alcançar o mundo com a Boa Nova de Salvação.

Como surgiu a igreja em Antioquia? Certos judeus da Síria estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes, pois foi declarado por Lucas que havia ali Judeus provenientes de todas as nações que há debaixo do céu,[29] e ouvindo o poderoso sermão de Simão Pedro, foram convertidos pelo Espírito Santo. Nicolau de Antioquia era um desses, e foi um dos sete líderes escolhidos para servir às mesas.[30] Quando através da perseguição foram expulsos de Jerusalém, alguns deles, de Chipre e de Cirene, foram até Antioquia e pregaram o Evangelho também aos gregos. E a mão do Senhor estava com eles e muitos se converteram.[31]

Desde a sua fundação, muitos judeus se instalaram em Antioquia. Primeiro, como comerciantes, já que eram escassas as oportunidades de encontrar trabalho em seus próprios países. Segundo, porque muitas pessoas seguiram os exércitos de Alexandre Magno em suas campanhas por todo o Oriente. A distância entre Jerusalém e Antioquia era de aproximadamente 500 quilômetros ao norte de Jerusalém e certamente havia comunicação entre familiares, amigos e comerciantes. Esse foi, sem dúvida um ponto positivo para disseminação do Evangelho. Outro ponto favorável é que a cidade era formada de pessoas vindas de vários países e alcançou 500 mil habitantes.[32]

Outra causa das raízes judaicas na cidade foi a guerra dos Macabeus que fez com que os Judeus fugissem para Antioquia da Síria para se refugiarem. Isso é citado no livro dos Macabeus quando das revoltas contra o poder ali sediado. Um dos chefes dessa revolta hebreia contra o poder helenizador, passou com suas tropas em Antioquia. “Vendo seu exército posto em fuga e os judeus cheios de bravura, prontos a viver ou a morrer valentemente, voltou Lísias à Antioquia para arregimentar tropas de mercenários, com o intuito de reaparecer na Judeia com um exército mais forte”.[33]

E como consequência da estrutura religiosa, crises entre a sociedade e governantes, catástrofes naturais, desigualdade social, enfermidades, o medo da morte, a população foi crendo que os deuses não eram capazes de protegê-los.  A crença dos judeus em um único Deus, pode ter favorecido o conhecimento dos antioquianos do Deus verdadeiro e quando os primeiros cristãos apresentaram Jesus que venceu a morte ressuscitando, tinha poder para expulsar os demônios, curar enfermos, ressuscitar mortos, acalmar tempestades e andar sobre as águas e era o único capaz de livrar do mal, dar a vida eterna e certeza de paz em horas de tribulações; os moradores de Antioquia ouviram, se identificaram com essa mensagem e muitos creram em Jesus, dando assim início àquela igreja.

A Igreja em Jerusalém, sabendo dos acontecimentos em Antioquia, mandou Barnabé examinar esse trabalho entre os gentios; este era homem de posição, boa aparência, afável, liberal, visão larga, espírito nobre e perspicaz. Era um bom homem, despido de preconceitos e cheio do Espírito Santo e de fé.

A única instrução para Barnabé era ir até Antioquia. Quando lá chegou, aprovou a obra como sendo do Senhor e não propôs nenhuma mudança. E, em vez de voltar a Jerusalém, permaneceu em Antioquia e continuou o trabalho, junto com os irmãos de Chipre e de Cirene. Com palavras persuasivas exortava os irmãos a permanecerem firmes no Senhor e muitas outras pessoas se converteram a Jesus Cristo.[34] O trabalho cresceu e foi necessário que Barnabé fosse a cidade de Tarso em busca de Paulo, que havia se convertido a aproximadamente dez anos na estrada de Damasco, havia sido batizado e enviado como apóstolo aos gentios.[35] Barnabé havia cuidado de Paulo, quando este fora a Jerusalém, no início de sua caminhada cristã. Talvez o único que verdadeiramente confiasse em Paulo.[36] Seu primeiro ministério havia sido em Damasco, entre os Judeus, mas depois foi perseguido e fugiu para Jerusalém, onde pregou e também foi ameaçado de morte e teve que fugir, e possivelmente voltou para sua cidade natal.[37] A razão de tais perseguições era sem dúvida a confrontação dos Judeus com o Evangelho, afirmando que o mesmo era superior a Lei, o que irritava os sacerdotes, que incitavam o povo contra Paulo. Todavia, suas experiências em Damasco e Jerusalém o prepararam para o ministério que desenvolveria nessa cidade.

Em Antioquia criou-se uma nova designação e os discípulos pela primeira vez foram chamados de cristãos.[38] Apelido dado pelos pagãos da cidade. A nova igreja atraia a atenção do mundo pelas suas obras, e Jesus Cristo não podia ficar oculto, era mostrado ao mundo através da igreja que o seguia fielmente. É admirável que esse apelido dado aos seguidores de Jesus Cristo como escarnio tenha sido usado até hoje no mundo todo, a partir deles mesmos, os cristãos. Há diversos elementos que caracterizam a Igreja de Antioquia.

3.1. Nasceu e se multiplicou através da PROCLAMAÇÃO do Evangelho

Tinham um espírito evangelístico. Para que isso aconteça, o evangelismo deve ser sincero, direto e pessoal, tendo por fim levar aos perdidos o conhecimento do poder de Jesus Cristo para salvá-los. Jesus Cristo não responsabilizou seus discípulos pela conversão dos perdidos, mas, sim, pelo trabalho de levar-lhes o conhecimento da salvação. Deus faz a Sua parte quando nós fazemos a nossa. Em Antioquia, o poder do alto acompanhou a pregação do Evangelho. Por um ano inteiro Paulo e Barnabé trabalharam ensinando a igreja que viveu em contínuo despertamento espiritual. A Igreja de Antioquia não foi plantada pelo colégio apostólico, mas por discípulos anônimos que amavam a Deus e testemunhavam de Jesus Cristo. Eram pessoas simples que faziam do evangelismo pessoal um estilo de vida.[39]

Esse espírito evangelístico fez com que o centro do cristianismo mudasse para Antioquia.  E a prova disso é que dez concílios eclesiásticos se reuniram em Antioquia entre os anos 252 e 380. O patriarca de Antioquia suplantou o de Jerusalém. Libânio, Marcelo e Crisóstomo eram filhos de Antioquia. Inácio partiu de Antioquia para Roma, onde sofreu martírio. Evangelismo é a vida da igreja tanto na doutrina como nas obras. Uma igreja que não é evangelizadora não continuará por muito tempo como uma igreja evangélica. Quando uma igreja perde a paixão pelas almas, entra em declínio, a caminho da destruição, como igreja cristã. Evangelismo é o remédio para o mal que aflige a sociedade. Todas as lutas e divergências, quer políticas, quer econômicas, quer religiosas, poderiam ser sanadas por um congraçamento mundial, como foi o de Antioquia.  O evangelismo é o remédio que trata do pecado, fonte de todo conflito e sofrimento.[40]

3.2. Valorizou o discipulado – CUIDADO E ENSINO

Durante um ano inteiro Barnabé e Paulo ensinaram a igreja.[41] A característica peculiar do cristianismo é a sua espiritualidade. Não é uma religião de formalidades e de cerimônias, mas de coração e de vida. Os primeiros convertidos eram judeus, e era natural que trouxessem muitos dos seus costumes e práticas antigas para a igreja. Era difícil abandonar os preconceitos de raça que era muito forte entre os Judeus. Todavia, quando ouviram o testemunho sobre a salvação dos gentios, através de Simão Pedro, glorificaram a Deus.[42] A transformação mais radical da história do mundo ocorreu na Igreja de Antioquia, onde judeus e gregos estavam juntos em um só corpo religioso. Não há outro exemplo igual a esse, de desaparecimento, em tão pouco tempo, dessa distinção de raças. Mais tarde alguns judeus da Palestina visitaram a Igreja de Antioquia e procuraram subverter os crentes, dizendo-lhes que, se não se circuncidassem não poderiam ser salvos.[43] Paulo e Barnabé combateram essa e outras doutrinas, que foi uma luta entre eles e os cristãos judaizantes. Esses missionários ensinaram o Evangelho aos cristãos de Antioquia, fazendo dessa igreja um modelo, não só no trabalho missionário, mas também na consistência doutrinária. Aqui foi nítida a separação entre cristianismo e judaísmo.

3.3. Estava focada em pessoas, praticava COMPAIXÃO E GRAÇA

A nova igreja se preocupava com pessoas, com gente. Decidiram enviar cada um conforme suas posses uma contribuição para ajudar os moradores da Judéia.[44]

A profecia de Ágabo encorajou os irmãos de Antioquia a fazer uma coleta e enviar o dinheiro aos irmãos da Judéia para fazerem um estoque de alimentos para esse período de crise e fome pelo qual haveriam de passar. Trate-se de um ato de fraternidade cristã, da qual os membros da igreja participaram de acordo com suas possibilidades. A oferta foi encaminhada aos presbíteros, aquele grupo que havia sido escolhido para cuidar das mesas, e não aos apóstolos.[45]

3.4. ORAVA, jejuava e era sensível ao Espírito Santo

A Igreja de Antioquia ouviu a voz do Espírito Santo de Deus.[46] Era sensível ao que o Espírito Santo dizia e, acima de tudo, estava disposta a obedecê-Lo. Este é o grande segredo de ter sido tão relevante para o mundo. A igreja se reunia para servir ao Senhor e jejuar, um ato de adoração a Deus. Parece que a oração era a atividade religiosa principal daquela igreja e isso era mais do que a própria alimentação, pois tinham certeza que o Espírito Santo falaria, dando direção ao trabalho. A verdade é, que o Espírito Santo disse que eles deveriam separar a Barnabé e Saulo para o trabalho missionário. Tudo faz crer, que naquela mesma reunião de oração, eles impuseram as mãos sobre os dois e os enviaram para o campo.

3.5. TREINAVA novos líderes

A Igreja de Antioquia enviou seus melhores líderes para o trabalho missionário.[47] O texto apresenta uma igreja em que não se consegue discernir quem era o líder maior, Barnabé, Saulo, Simeão, Lúcio ou Manaém. Se seguirmos a ordem da narrativa, Barnabé estava em primeiro lugar, Simeão em segundo e Saulo em último. Aqui vemos um grupo de líderes realizando o trabalho em conjunto, portanto, a liderança era compartilhada, isto é, não estava centrada em uma pessoa.

3.6. Tornou-se uma base para o envio e apoio missionário

A Igreja de Antioquia enviou Barnabé e Paulo para o trabalho missionário e certamente permaneceu orando e sustentando-os financeiramente. A igreja tornou-se uma base onde os missionários tinham apoio ao retornarem de suas viagens missionárias.[48]

3.7. Se multiplicou PLANTANDO novas igrejas

Através da Igreja em Antioquia e de seus missionários, várias igrejas foram plantadas. Essas igrejas ficavam em Chipre, Pérgamo, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe. Muitas outras igrejas foram plantadas através do trabalho de Paulo e seus companheiros. Inclui-se Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas, Corinto, Éfeso e outros.[49]

4. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NO VALE DO PIANCÓ

Nossa primeira visita na região, sertão paraibano, deu-se em novembro de 1984, período em que a região do semiárido estava assolada por uma estiagem de cinco anos (80 a 84) e as pessoas passavam por grandes sofrimentos. Essa região, formada por dezoito municípios com aproximadamente 200 mil habitantes, e conhecida como terra das grandes secas, foi considerada, na época, uma das mais pobres e sofridas do Brasil. Dizia-se na época que era a maior seca dos últimos 50 anos. A vegetação havia secado e a paisagem era como que queimada pelo fogo, só víamos cinzas e os leitos dos rios completamente secos, como cantava Luiz Gonzaga, o grande poeta do sertão. Encontramos nessa poesia uma descrição das secas e da resistência do povo sertanejo.

Quando a lama virou pedra e mandacaru secou, quando a ribaçã de sede bateu asa e vou; foi aí que eu vim embora carregando minha dor. Hoje eu mando um abraço pra ti pequenina… Paraíba… Eita pau pereira que em Princesa já roncou. Eita Paraíba, muié macho sim sinhô.[50]

As estradas não eram pavimentadas e a poeira cobria a região. Ver os rios sem água e as árvores secas, o gado morto, e as pessoas com suas faces marcadas pelo sofrimento, nos fez entender o que é desolação. Naquela época as pessoas estavam desoladas, sem saber o que fazer diante de tantas perdas e miséria. O sertão nordestino, depois de vinte e sete anos enfrentou mais uma seca com duração de dois anos (2011 e 2012), e mais uma vez os rios secaram e o gado morreu de fome e sede e o quadro, em alguns lugares, apresenta-se desolador, como outrora.

O Vale do Piancó também era conhecido como terra da pistolagem, onde quase todas as semanas havia assassinatos e muitas famílias foram quase dizimadas. Às vezes ouvíamos notícias de mortes em várias cidades ao mesmo tempo e no período de festas religiosas a violência aumentava ainda mais por causa do alto consumo de bebidas alcoólicas. Tínhamos notícias de dezenas de assassinatos a cada ano, e o temor fazia com que muitas famílias, parentes dos envolvidos, migrassem para outras regiões do Brasil.

Devido as grandes estiagens a região ficou conhecida como lugar de fome e miséria. Com as secas a terra tornou-se, naquele período, improdutiva, e o povo empobreceu, chegando ao estado de miséria, e em todos os municípios havia sido decretado, estado de calamidade pública. O gado tinha morrido e os esqueletos estavam estirados à beira das estradas. Com isso, as pessoas migraram para outras regiões em busca de trabalho e alimento.

A região era conhecida, também, como terra da idolatria, e no dia 20 de cada mês havia procissões em homenagem a Padre Cícero e Frei Damião em quase todas as cidades e povoados, com centenas de pessoas participando, inclusive usando instrumentos musicais regionais, como a zabumba e o pífano para conduzir o povo, que sob o som de uma voz quase embargada, rogava a um deus que não pode salvar. Quantas procissões, quantas preces, quantas velas, quanta fé e esperança, sem resposta daqueles que eram considerados seus deuses. Os cristãos evangélicos não eram bem-vindos, pelo contrário, eram discriminados, sendo expulsos de seus lares pelos próprios pais, quando mudavam de lei (se convertiam); eram humilhados e, em décadas anteriores (50 até 80) haviam passado por algumas perseguições. Tivemos notícias que em Piancó, os comerciantes não vendiam qualquer mercadoria, alimento, às pessoas que se convertiam a Cristo, agora considerados e vistos como “bodes” por orientação de líderes da religião que predominava na época. Em 1958 a Igreja Presbiteriana de Patos teve seu templo destruído e os móveis queimados no meio da rua, sob o comando de Frei Damião, que através das campanhas chamadas “santas missões católicas” que conduzia enormes multidões na perseguição e destruição de templos evangélicos. Dezenas de reportagens dessa época, estão registradas no livro “E assim foi, porque Deus quis” de autoria do saudoso Pastor Silas Melo – Igreja Batista Betel – São Paulo/SP.[51]

A saúde era precária e o maior número de pessoas era atendido em Itaporanga, onde havia um pouco mais de médicos e o hospital era maior e mais equipado, conhecido como “hospital regional”. Na educação também havia muita deficiência e nenhuma faculdade existia em todo Vale do Piancó; se os jovens quisessem estudar, tinham que viajar até a cidade de Patos, entre 100 a 160 Km de distância; ou migravam para Campina Grande ou João Pessoa, onde havia mais opções de cursos universitários e logo toda família saia da região para dar apoio aos filhos nesses lugares, e nunca mais voltavam após a conclusão de seus estudos.

O êxodo levou muitos chefes de família para o sudeste do Brasil em busca de empregos, pois não havia indústrias, essa era a triste realidade do sertão paraibano nos anos oitenta. O êxodo empobrecia ainda mais o sertão, levando muitas famílias para outras partes do país.

No entanto, a maior necessidade desse povo estava na área espiritual. Havia uma gritante necessidade de Deus e do conhecimento do Evangelho. Os que primeiro chegaram para anunciar as Boas Novas, pregaram muito mais sobre usos e costumes do que o evangelho de Jesus Cristo. Faltou uma pregação contextualizada do Evangelho para que as pessoas entendessem o grande amor de Deus revelado na morte e ressurreição de Jesus Cristo.  Em quase todas as cidades havia presença evangélica, mas eram poucos cristãos, como ainda o são na maioria das cidades sertanejas.

Nas dezoito cidades do Vale, encontramos na época, três igrejas batistas: IB Piancó, organizada em 16/12/1965, que estava com 08 membros, apenas 06 frequentavam aos cultos; PIB de Itaporanga, organizada em 02/12/1984, com 28 membros; e IB de Conceição, organizada em setembro 1983, que em 1985 estava com 18 membros. Essa era a realidade batista e nas outras denominações não era diferente; as igrejas eram pequenas e sem recursos humanos (porque toda a liderança era de fora), e financeiros (pela pobreza extrema em que o povo vivia). A presença de Missões Nacionais nessa região, com seus missionários, fez toda a diferença e enriqueceu aqueles que estavam pobres da Graça de Deus.

A miséria e o sofrimento estavam em todos os lugares do Vale do Piancó, e o grande desafio era alcançar o coração do povo sertanejo, que ainda tinham resistência à pregação evangélica.  Sentimos como nunca as nossas limitações e a certeza de que se não fosse ação direta de Deus, através do Espírito Santo, nada poderíamos fazer. Exatamente o que Jesus havia dito “Sem mim nada podeis fazer”.

4.1. Chamar discípulos

Tivemos o privilégio de participar de um trabalho onde a ação de Deus era visível, e nunca tivemos qualquer dúvida quanto à ação do Espírito Santo em toda estratégia que foi utilizada para alcançar aquela parte do sertão com a mensagem do Evangelho. Iniciamos com uma vontade imensa de compartilhar os ensinos de Jesus Cristo com todas as pessoas, e pregávamos de domingo a domingo e cada dia da semana em uma cidade diferente. Desejávamos uma colheita abundante e sabíamos que só seria possível com uma semeadura abundante. Usamos todos os recursos possíveis para que o Evangelho chegasse onde as pessoas estavam – visitas evangelísticas; estudos bíblicos nos lares; cultos nas praças, nas feiras livres e nas avenidas principais das cidades; fizemos programas evangelísticos através das rádios comunitárias; projetamos filmes para adultos e crianças; distribuímos folhetos; realizamos Escola Bíblica de Férias e cultos nos sítios e povoados. A EVANGELIZAÇÃO foi realizada por meio de uma farta semeadura do Evangelho de Jesus Cristo e em seguida iniciamos a colheita de muitos frutos, para glória de Deus.

4.2. Ações de Compaixão e Graça

Nesse período, foi desenvolvido um grande projeto social, chamado “Água Viva”, no qual batistas brasileiros e norte americanos se uniram para amenizar o sofrimento das pessoas nessa região, considerada na época a mais pobre do Brasil. Poços do tipo Amazonas, irrigação, abastecimento de água em algumas cidades, centros comunitários com atendimento médico e odontológico, cursos profissionalizantes, hortas domésticas e muitas outras ações foram desenvolvidas para ajudar o povo sertanejo. Esse projeto foi uma grande demonstração de COMPAIXÃO às pessoas. Mais tarde trabalhamos com cestas básicas e a criação de uma cooperativa de profissionais de ensino e trabalhadores em atividade-meio, que iniciou colégios em várias cidades do sertão; e, em parceria com o Centro de Cultura Anglo Americana (CCAA), iniciamos cursos de Inglês e Espanhol, e as igrejas, como no livro de Atos, caíram na graça do povo sertanejo, que viu a igreja interessada pelos problemas e necessidades da comunidade.

4.3. Intercessão

Entendíamos que os resultados ainda não eram suficientes; queríamos mais, mais de Deus e da manifestação de seu poder no Vale do Piancó. Iniciamos, então, uma maratona de ORAÇÃO, que continua até hoje. Veja que até o fim da década de oitenta orávamos bastante, mas a partir de 1990, Deus colocou em nossos corações o desejo de orar todos os dias; iniciamos com uma sala de oração 24 horas, onde, em média, trinta irmãos da PIB de Itaporanga oravam em algum momento do dia ou da noite e assinavam um livro; assim percebemos o empenho da igreja na intercessão. Depois iniciamos um culto de oração por dia, às 6 horas, e isso se espalhou por todo o Vale do Piancó, e as igrejas estavam diariamente na presença de Deus, orando. Outros cultos em horários diferentes foram iniciados e chegamos a 4 cultos de oração por dia nos 6 dias da semana e mais um culto antes da escola bíblica dominical, vinte e cinco cultos de oração por semana, só em Itaporanga. Nosso pedido era para que Deus transformasse o Vale do Piancó, trazendo a chuva necessária, indústrias, faculdades; orávamos pela transposição das águas do rio São Francisco; orávamos para que o povo abandonasse a idolatria, e o Evangelho fosse entendido e crido. Muitas vezes oramos para que as condições das estradas melhorassem e para que o povo deixasse de ser violento e todo ódio fosse tirado de seus corações, pois havia muita inimizade entre as pessoas. Oramos para que as igrejas se fortalecessem e cumprissem sua missão. Como resposta à oração milagres aconteceram na região e tudo foi melhorando e muitas mudanças continuam acontecendo. Formamos uma rede de intercessores onde mais de 800 pessoas, de vários estados do Brasil, se comprometeram para orar em favor do Vale do Piancó.

4.4. Agregar discípulos

As pessoas se converteram e igrejas foram plantadas em quase todas as cidades com a ajuda dos novos crentes que estavam sendo DISCIPULADOS, exatamente como aprendemos nas escrituras, um a um, andando juntos, lado a lado. Estes novos convertidos recebiam a orientação por meio de estudos da Palavra de Deus, e saíam com os discipuladores para aprender a evangelizar e discipular outras pessoas; assim descobrimos o segredo para a multiplicação de cristãos. Todos os dias, tínhamos um grupo de irmãos que viajavam conosco para outras cidades e ali fazíamos evangelismo pessoal, estudos bíblicos nos lares e culto à noite e depois voltávamos para nossa cidade-sede. As estradas eram terríveis; na época da seca muita poeira e no período das chuvas ficavam quase intransitáveis, só conseguíamos andar com pick-ups. Essa foi a maior escola para estes novos irmãos, que aprenderam muito cedo que é responsabilidade do cristão compartilhar a fé com seu semelhante e ensinar-lhe o caminho que devem seguir. Até hoje fico impressionado em ver como aqueles irmãos fazem o trabalho de Deus com responsabilidade e amor. O discipulado foi feito andando com as pessoas e mostrando como o Evangelho deve funcionar no dia a dia do cristão.

4.5. A formação de liderança autóctone

Nesse período levamos pastores de outros estados para evangelizar os sertanejos, mas com menos de três anos haviam retornado para suas cidades, pois a adaptação era muito difícil. Mas no início de 1988, quando havíamos completado os primeiros três anos de trabalho, tínhamos um grupo de 10 jovens vocacionados e dispostos a colocar suas vidas no trabalho do Senhor para ajudar na evangelização dos sertanejos. Não tínhamos recursos para enviá-los aos seminários em outros estados e também sabíamos que, se fossem, não voltariam para trabalhar entre seu próprio povo. Dessa forma, orientados pelo Espírito Santo de Deus, iniciamos o primeiro curso para treinamento de cristãos sertanejos em parceria com o Seminário de Educação Cristã em Recife, onde os novos líderes receberam um Curso Elementar em Educação Religiosa; depois tiveram curso médio de Teologia em parceria com o Instituto Bíblico Brasileiro; a seguir Licenciatura em Teologia, em parceria com a Associação Brasileira de Ensino, Cultura, Assistência e Religião – Mogi das Cruzes (SP); e finalmente iniciamos o curso de Bacharel em Teologia em parceria com o Instituto Teológico Batista de Ensino Superior da Paraíba, extensão em Itaporanga. Em 1996 a Juventude Evangélica Paraibana – JUVEP, iniciou um Centro de Treinamento de líderes em Itaporanga, que muito tem contribuído na formação de líderes autóctones. Com isso todos os líderes das igrejas sertanejas, nessa região, estão sendo capacitados nesses centros de formação, que iniciaram em 1988, e o trabalho continua até o presente. A FORMAÇÃO DE LÍDERES autóctones tornou-se um trabalho essencial para evangelização do povo sertanejo.

4.6. Plantação de novas igrejas

Como resultado da ação de Deus a PLANTAÇÃO DE IGREJAS aconteceu, como também a multiplicação de discípulos. Iniciamos nosso ministério no Vale do Piancó onde permanecemos até 2001; depois nos mudamos para João Pessoa, onde nasceu, na garagem de nossa casa a PIB do João Agripino e através de seus membros outras igrejas nasceram em vários bairros. A igreja é pastoreada, atualmente (2013), pelo missionário João Victor, um dos frutos desse trabalho, outros obreiros autóctones atuam nos bairros de Mandacaru, Mangabeira e São José, todos em João Pessoa.  Um casal da igreja, pastor Sérgio Damasceno e sua esposa Ana Karla, foram para Cajazeiras e com isso igrejas nasceram também naquela região, conhecida como alto sertão. Assim percebemos que obreiros com visão multiplicadora fazem toda a diferença no trabalho missionária.

Aproximadamente trinta igrejas foram plantadas nesse período e a maioria absoluta conduzidas por pastores e missionários autóctones, isto é, pessoas que vieram do próprio povo. Tivemos a alegria de batizar mais de oitocentos novos cristãos nesse período, dos quais mais de quarenta são pastores e missionários e outros estão sendo preparados para assumir novos trabalhos. Esses líderes autóctones batizaram centenas de irmãos e estas igrejas são fortes, dinâmicas e responsáveis no cumprimento da missão.

Os princípios que nortearam as igrejas de Atos não estavam sistematizados, naquela época, como apresentamos neste texto, mas todos foram praticados de forma visível em nosso ministério, e o resultado não poderia ser outro senão a multiplicação de cristãos e igrejas entre os sertanejos. Mas além das bênçãos espirituais, milagres têm acontecido naquela região: nunca mais tivemos períodos de grandes estiagens, como naquela época, pois tem chovido com mais regularidade até 2011; aquela violência terrível de constantes assassinatos, praticamente, acabou e chegamos a passar um ano inteiro sem ouvir falar de assassinatos no Vale do Piancó; a idolatria está definhando, e as procissões mensais praticamente acabaram; só em Itaporanga há aproximadamente cinquenta pequenas indústrias; e há pelo menos sete cursos superiores/faculdades na região e as estradas de todas as cidades estão sendo pavimentadas. Isso é milagre! E não temos dúvidas de que tudo está acontecendo como respostas às orações do povo de Deus.

Com a aplicação desses princípios que sustentaram o ministério das igrejas descritas no livro de Atos é simplesmente impossível que as igrejas contemporâneas não se multipliquem. Podemos experimentar idêntico crescimento nas igrejas locais, além do fortalecimento daquelas que se encontram enfraquecidas e plantação de novas igrejas em todo o território nacional e no mundo, levando cada cristão a cumprir a Grande Comissão.


[1] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Mateus. Cap. 10 e Vers. 1-8.

[2] Ibidem. Atos. Cap. 1 e vers. 15.

[3] Ibidem. 1º Coríntios Cap. 15 e Vers. 6.

[4] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. Edições Vida Nova, 2008. Isaias. Cap. 61 e Vers. 1-3.

[5] Ibidem. Lucas. Cap. 4 e Vers. 18-22.

[6] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Mateus. Cap. 16 e vers.

13-19.

[7] Ibidem. Lucas. Cap. 9 e vers. 1-11; Mateus. Cap. 26 e Vers. 26-30.

[8] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Lucas. Cap. 10 e Vers.1-9.

[9] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 1 e Vers. 15.

[10] Ibidem. Atos. Cap. 2 e vers. 41.

[11] Ibidem. Atos. Cap. 4 e vers. 4.

[12] Ibidem. Atos. Cap. 5 e vers. 14; Cap. 9 e vers. 31 e Cap. 11 e vers. 21.

[13] Ibidem. Atos. Cap. 5 e vers. 1-10.

[14] Ibidem. Atos. Cap. 6 e vers.1.

[15] GONZÁLES. Justo L. Uma história Ilustrada do Cristianismo. A era dos mártires v. 1. São Paulo: Edições Vida

Nova, 1986. p.32.

[16] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 6 e Vers. 8; Cap.

7 e Vers. 60; Cap. 8 e Vers. 26-40.

[17] Ibidem. Mateus. Cap. 28 e Vers. 20.

[18] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 1 e Vers. 15-26.

[19] Ibidem. Atos. Cap. 6 e Vers. 1-7.

[20] Ibidem. Atos Cap. 2 e Vers. 1.

[21] Ibidem. Atos. Cap. 1 e Vers. 14.

[22] Ibidem. Atos. Cap. 2 e Vers. 42; Cap. 4 e Vers. 23-31.

[23] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Mateus. Cap. 22 e Vers.

35-40.

[24] Ibidem. Mateus. Cap. 28 e Vers. 18-20.

[25] Ibidem. Atos Cap. 1 e Vers. 8.

[26] Ibidem. Atos. Cap. 8 e Vers. 1.

[27] MACDANIEL, Geo W. As Igrejas do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1989. p. 34.

[28] MACDANIEL, Geo W. As Igrejas do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1989. p. 34.

[29] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 2 e Vers. 5.

[30] Ibidem. Atos. Cap. 6 e Vers. 5.

[31] Ibidem. Atos. Cap. 11 e Vers. 19-21.

[32] HALLEY, H. H. Manual Biblico. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994. p. 502.

[33] Bíblia Ave Maria. São Paulo: Tradução do Centro Bíblico Católico. 62ª edição. 1º Macabeus. Cap. 4  e Vers.35.

[34] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 11 e Vers. 22-24.

[35] Ibidem. Atos. Cap. 9 e Vers. 1-19.

[36] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 9 e Vers. 27-31.

[37] Ibidem. Atos. Cap. 9 e Vers. 20, 26.

[38] Ibidem. Atos. Cap. 11 e Vers. 26.

[39] Ibidem. Atos. Cap. 8 e Vers. 4.

[40] MACDANIEL, Geo. W. As Igrejas do Novo Testamento.  Rio de Janeiro: JUERP, 1989. p. 38.

[41] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 11 e Vers. 26b;

Cap. 13 e Vers. 1a e Cap. 15 e Vers. 30-35.

[42] Ibidem. Atos Cap. 11 e Vers. 18.

[43] Ibidem. Atos. Cap. 15 e Vers. 1.

[44] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 11 e

Vers.29 – 30.

[45] MARSHALL, I. Howard. Atos-Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1982. p. 195.

[46] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 13 e Vers. 2, 3.

[47] Ibidem. Atos. Cap. 13 e Vers. 1-3.

[48] ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008. Atos. Cap. 14 e Vers. 24-28;

Cap. 15 e Vers. 30 e Cap. 18 e Vers. 22.

[49] Ibidem. Atos Cap. 14 e Vers. 24-28.

[50] http://mestres da história.blogspot.com – Luiz Gonzaga – Paraíba. 01/12/2015.

[51] MELO, Silas. E Assim Foi – Porque Deus Quis. São Paulo: Edição Particular. 1980.

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