A Coroa

Texto: Apocalipse 3:11



Introdução

O novo testamento menciona coroas como símbolos de recompensa excelente. “Venho sem demora; guarda o que tens, para ninguém tome a tua coroa. Apc 3:11; Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento, e os que converterem a muitos para justiça, como as estrela, sempre eternamente. Dan. 12:3; Se permanecer a obra que alguém sobre Ele edificou, esse receberá galardão. I Cor. 3:14.” Deus recompensa o trabalho de cada um como o justo Juiz que conhece todas as coisas. E por isso o Novo Testamento menciona estes quatro tipos de coroa, símbolo de vitória: 1- A Coroa incorruptível. “Todos os atletas em tudo se moderam; aqueles, com efeito, para receber uma coroa corruptível, mas nós uma incorruptível” I Cor. 9:25. 2- A Coroa da Justiça. “Tenho pelejado a boa peleja, acabado a carreira, guardado a fé; desde agora me esta reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos aqueles que tem amada a Sua vinda” II Tim. 4:7, 8. 3- A Coroa da vida. “Bem aventurado o homem que suporta a tentação, porque, depois de ter sido provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que O amam” Tiago 1:12. “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” Apoc 2:10. 4- A Coroa da Glória. “Quando se manifestar o Sumo Pastor, recebereis a imperecível coroa da glória” I Pedro 5:4. A exortação do texto de Apocalipse 3:11 foi dirigida à Igreja de Filadélfia, uma Igreja pequena, que estava fazendo uma grande obra, pois era zelosamente missionária, tendo diante de si aberta a porta da oportunidade. Era dotada de excelentes qualidades espirituais, tais como: Amor pela verdade, fé, simpatia, zelo e amor fraternal que é o significado da palavra Filadélfia. Todavia, aquela Igreja profundamente zelosa carecia, como qualquer outra, de exortação “Guarda bem o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. É semelhante a exortação de Paulo: “Quem está em pé, tenha cuidado para que não caia….” A coroa tem aqui a significação de prêmio. Havia o perigo dos crentes de Filadélfia negligenciarem o cultivo de suas excelentes qualidades, e daí, a necessidade da exortação: “Guarda bem o que tens… como um aviso do Espírito prevenindo-os do perigo do descuido, que ocasionaria a perda da coroa, do prêmio prometido aos fiéis.

I – A Importância da Coroa


Raramente pensamos no valor daquilo que possuímos, mas, quando apenas perdemos um simples objeto do nosso uso, então é que melhor sabemos o quanto vale. Ele nos faz falta e ficamos sentidos com sua perda. E, quando a perda é irreparável, o sentimento é ainda mais profundo. O descaso para com as coisas de valor tem ocasionado muita perda de prêmios e muitas derrotas. Nas resoluções permanentes da vida, por causa do descaso, quanto infortúnio tem surgido! Por exemplo, na escolha do casamento, quantos lares infelizes, quantas lágrimas vertida, em face a incompatibilidade de temperamento e de crenças! O casamento misto, por vezes, é causa de males pela discórdia reinante entre os cônjuges…tudo está na falta da união das almas. Onde não se verifica esta união, dificilmente poderá haver perfeita paz nos lares. Pelo que, moço ou maça, quando tiveres que escolher o companheiro ou companheira de tua vida, toma cuidado na escolha, para que não venhas perder a coroa da felicidade do teu lar. “Os que se casam, casem-se no Senhor”. É a recomendação do apóstolo. Marco Antonio, general romano, renegou a Pátria e a gloria do domínio do Egito, pelo amor artificial de Cleópatra. Não conservou as resistências morais que possuía e, apesar de vencedor em muitos combates, não soube vencer-se, sendo vitima de seus instintos pelos quais perdeu a coroa e prestigio de general invicto. Saul, senhor das regalias e privilégios reais, teve grande prestigio em Israel, e era possuidor de boas qualidades, mas, a ambição, e espírito de ganância o levaram a não guardar fidelidade às palavras de Samuel, nem obedecer a Deus. Resultado: perdeu a coroa que fora dada a Davi, seu sucessor. Esaú, dono dos excelentes privilégios da primogenitura, não soube guardar o que era seu. Perdeu a racionalidade diante de um prato de lentilha, não valorizou a grande benção da primogenitura. Não soube guardar o que possuía e perdeu a coroa. E assim muitos homens e mulheres desperdiçam e consomem as melhores energias e dons capazes de fazer jus aos mais valiosos prêmios, levados por impulsos degradados de sua natureza. Há, na história de Israel, como nação, o mais triste episódio de que há menção nos anais. Foi a rejeição de Cristo por parte daquele povo. Foi mais. Foi o seu crime inqualificável de dizer do Filho de Deus “O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos”. Resultado: O desprezo custou-lhe a vida de milhares e milhares e a perdição eterna de outros tantos. O castigo que Israel sofreu no ano 70 de nossa era, não tem paralelo ou não se equipara ao sofrido jamais por qualquer outra nação, desde os primórdios da humanidade! Depois o holocausto promovido por Hitler; e até hoje esta nação vem sendo rejeitada e pisada como conseqüência daquilo que disseram diante de Pôncio Pilatos. A tremenda lição de Israel deve apavorar a alma dos que rejeitam a Jesus! Sua sorte será a mesma daquele povo ingrato, se não se arrependerem. Rejeitar Jesus é arriscar-se ao mais tremendo perigo; O da perda da mais sublime coroa – a coroa da felicidade eterna. “Guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa”, pois muitos já a perderam no correr da história.

II- Coroas que precisam de cuidado constante

1- A inteligência. Guarda a tua inteligência! Pois quantas vezes os favorecidos de inteligência tem pouco cuidado com ela, não a cultivando ou aplicando-a para fins maléficos. Quantas inteligências são usadas na produção de literatura venenosa, novelas obscenas, revistas pornográficas, que só servem para excitar as paixões e desencaminhar seus infelizes leitores ou telespectadores do caminho do bem. Quanta inteligência, por exemplo, na engenharia bélica, quase que exclusivamente na obra da destruição da humanidade. Iríamos longe se fossemos mencionar outros exemplos de inteligência a serviço do mal. Os citados são o suficiente para se compreender perfeitamente a necessidade que temos de aplicar a nossa inteligência a serviço do bem. “Guarda, pois a tua inteligência para que ninguém tome a tua coroa”. 2- A Imaginação. A imaginação é retiro intimo de nossa personalidade, e por ela conseguimos muita coisa. Imaginando, concentrando, refletindo, – assim os gênios da humanidade conseguiram escrever e fazer as suas obras imortais! Mas, imaginando, tanto se faz o que é bom como o que é mau. Cuidado, pois, com a imaginação…. Santo Antonio, para santificar-se fugiu do mundo, largou tudo e entrou numa caverna, em busca da piedade. Na sua reclusão ele notou que todas as fascinações e seduções do mundo se desdobravam diante dele. Não podia, apesar de retirado do convívio humano, se livrar das imagens vivas e atraentes que deixara no mundo. E ele então exclamou: “Ah! Esqueci-me de deixar lá fora uma coisa – a minha imaginação”. Um homem, escravo, queria se livrar do vício, mas, infelizmente, dizia ele: “Não posso; poderia se eu pudesse não imaginar!” Sua experiência é que ia imaginando, pensando, recapitulando, e reproduzindo a imagem mental do como fascinante, luzente, saboroso, e assim a vontade era vencida, e novamente se encontrava bêbedo cambaleando nas ruas da cidade. Devemos guardar a nossa imaginação, e preocupa-la com o bem, pois, ao contrário, ela nos precipita no abismo dos males imaginados. A lenda conta que o herói grego Ulisses, quando viajava para as suas conquistas, ia passar por um lugar onde as sereias cantavam. Ele imaginava, então, ia ficar preso e enlevado pelo canto e por isso pediu que os marinheiros o amarrassem no mastro do navio, senão ele não resistiria a fascinação e preso pelo encanto das sereias deixaria de prosseguir na viagem… quando Orfeu passou pelo local do perigo ia elevado com os acordes e melodias de sua harpa admirável. Distraído com sua preocupação artística passou livre, despreocupado; não precisou amarrar-se, pois ia tocando, deleitando-se….o canto das sereias não tinha nenhuma fascinação para ele. Neste mundo há muitas sereias e inúmeras ilusões! Precisamos preocupar a nossa mente com alguma coisa nobre, senão caímos desastradamente no tombadilho dos enganos, não resistindo ao canto das sereias e fascinados pelos atrativos embriagadores das tentações. Resguarda a tua imaginação para que ninguém tome a tua coroa. 3- A vontade. Pela vontade os homens tem realizado prodígios. A vontade é a mola das realizações. E quantas vontades enfraquecidas? Quantas pessoas neste mundo cuja força de vontade é nula, incapaz de reagir contra o menor obstáculo da vida! Quantos, por isso mesmo, vencidos e escravos. Quantas vidas arruinadas, tesouros inexplorados, quantas coroas perdidas, quantas vontades escravizadas pelo pecado? 4- A Consciência. Ela é a faculdade de discernir entre o bem e o mal. É a voz de Deus dentro do homem; tanto é assim, que quando uma pessoa comete um crime, ela é a primeira voz de reprovação que ele ouve. A boa consciência é a ronda de nossa conduta. Guarda a tua consciência pura, imaculada. Ouve a voz de tua consciência, para que não percas a tua cora. 5- A memória. Cultivai com carinho esta poderosa faculdade. Retende nela os santos conselhos da palavra de Deus. “Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade”, “Lembra-te do meu conserto”, “Lembra-te do teu primeiro amor”. Toma cuidado de tua memória, não a deixe enfraquecer-se, permitindo que te esqueças das coisas que tens aprendido. 6- A fé. Sem a fé é impossível agradar a Deus. Segura com mão forte a doutrina da fé. Livra-a do contágio pernicioso das falsas religiões; da blasfêmia, da apatia do indiferentismo, que é uma doença da alma. Conserva a fé no evangelho que é maior relíquia de tua vida. Conserva este trigo do bem sempre puro, limpo e o mais distante possível do joio da mal. 7- O coração. Por coração entendemos o conjunto de todas as faculdades da nossa vida moral ou tudo que se relaciona com a pureza dos nossos sentimentos e da nossa vida. “Sobretudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida”. Como é grande a perda quando caímos na esfera da moral. Perde-se o esforço e tempo gasto; perdem-se novas energias em recuperá-lo. Por ocasião das provas, os alunos descuidados perdem a coroa da classificação. São os que não guardam, nem conservam a aplicação, o esforço.. e perdem o premio. Não valem protestos, lagrimas, soluços, nem justificativas. O tempo está perdido. O passado é irrecuperável. As oportunidades estão perdidas para sempre, não voltam mais.

Conclusão

Quando perdemos a coroa, perdemos também as oportunidades, que são degraus de triunfos que deixamos de subir, mas a nossa indiferença zomba do que poderíamos alcançar com seu aproveitamento. Não desenvolvemos as nossas aptidões e perdemos os nossos dons, conforme a explicação da parábola dos talentos. Não damos valor ao bem. As coisas boas não despertam mais as nossas energias, nem impulsionam a nossa vontade. Guardemos bem o que temos, as qualidades morais que possuímos, as nossas faculdades e virtudes – a inteligência, a imaginação, a vontade, a consciência, a memória, a fé e sobretudo o nosso coração. “Guarda bem o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”, isto é, para que não percas aquela recompensa que será a porção bendita e gloriosa dos que perseveram até o fim…

 

Pr. Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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