Restauração
Texto: Juízes 3:7-11
Introdução
A Bíblia revela o grande plano de Deus e o programa que Ele está executando através dos séculos. Seu grande esforço tem sido restaurar, renovar, vivificar. Na primeira página do livro de Gênesis, o autor inspirado por Deus, descreve a estupenda obra da criação, revela que no meio das trevas em que a terra surgiu, o Espírito Divino operou e a palavra do onipotente se ouviu e assim reapareceram a ordem, a vida e os encantos inexistentes neste período de desolação. Israel, escolhido e chamado como povo especial de Deus, desobedeceu, falhou, afastou-se completamente do verdadeiro caminho. Passo a passo caiu na ruína completa. Decadência, humilhação e cativeiro foram os resultados desastrosos de seu desvio. Mas sempre misericordioso, o Senhor, através do esforço de seus enviados e pela mensagem de seus profetas, procurou restaurar a nação oprimida. O livro de Juizes apresenta 7 casos da operação de Deus em favor de seu povo em tempos de declínio. Aquele período pode ser sintetizado com 5 palavrinhas: pecado, castigo, humilhação, clamor e livramento. Idênticos exemplos encontramos no 2o. livro de Crônicas. O livro dos Salmos no capitulo 107 também mostra como desprezaram a palavra de Deus e foram castigados severamente; mas humilhados buscaram a Deus e Ele os livrou. No salmo 80 o autor compara a sua vida espiritual a uma vinha, confessa como está arruinada; lamenta como inimigos ferozes a estragaram. Com toda sinceridade clama a Deus por Socorro; 3 vezes suplica a Deus que o restaure e cada uma de modo mais enfático: Faze-me voltar oh Deus v.3; Oh Deus dos exércitos v.7; e Oh Senhor Deus dos exércitos, faze-me voltar v. 19. A restauração total é uma das mais urgentes necessidades como povo de Deus na atualidade. Se nos sentimos fracos, precisamos clamar para que Ele nos conceda vigor; se estamos desanimados, precisamos clamar para que nos dê um novo alento; se falhamos, precisamos clamar para que restaure nossa comunhão; se estamos vencidos pela tristeza, precisamos clamar para que nos dê alegria; se nos afastamos dEle, precisamos retornar à Sua presença como pródigos. No livro de lamentações capitulo 5 encontramos também um quadro desolador de Israel naqueles dias de cativeiro: “Nossa herdade passou a estrangeiros; os nossos perseguidores estão sobre os nossos pescoços; nossos pais pecaram e já não existem; os príncipes foram enforcados; cessou o gozo de nosso coração. Então o profeta humilhado e comovido apela para Deus: Renova os nossos dias como dantes”. Há inúmeros crentes que estão em decadente condição espiritual; tinham prazer na leitura da Bíblia, eram fervorosos na oração, assíduos nas reuniões, ativos no trabalho, interessados na contribuição, mas se descuidaram, e hoje vivem quase que totalmente afastados. Talvez algum pecado os dominou; totalmente absorvidos em seus próprios interesses, se tornaram surdos à voz de Deus. O poeta sacro escreveu: “Quantos que corriam bem, de Ti longe agora vão. Outros seguem, que também sem amor e frios estão.” Só Deus pode restaura-los. O caminho apontado na Bíblia para que Deus opere é a humilhação completa. Um grande embaraço é a falta de convencimento da necessidade que temos de Deus. Só quando nos humilhamos e pedimos, é que Deus inicia sua obra restauradora em nós. Precisamos de restauração! Restauração em algumas áreas de nossa vida.
I- Precisamos que Deus restaure nossa comunhão
Satanás sabe que não podemos perder a Salvação, pois as ovelhas de Jesus, ninguém as arrebatará de Suas mãos; mas ele luta constantemente para embaraçar a nossa comunhão. Como é impossível arrebatar-nos à vida, facilmente ele prejudica nossa comunhão com Deus através de um sentimento leviano, um pequeno descuido, uma preocupação, uma desobediência, ou um pecado qualquer, mesmo que nos pareça insignificante, nos rouba a visão de Deus, e então perdemos o senso de Sua presença, a luz de Sua direção e a doçura de Sua graça. Os evangelhos nos contam a história da queda de Pedro como advertência quanto ao perigo de falharmos de modo idêntico. Os passos da derrota de Pedro são claramente indicados no capitulo 14 de Marcos: Confiança em si próprio, v 29; descuido na oração, v.37; seguir Jesus de longe,v54; comunhão com os ímpios, v.67. Pedro negou o seu mestre até com blasfêmias perante uma escrava e a seguir chorou amargamente a sua ingratidão. Depois de um encontro, Jesus lhe fala ao coração com a pergunta: Pedro, tu me amas? E Pedro é restaurado. A Bíblia declara ser o abandono ao pecado a condição indispensável para a volta à perfeita comunhão. “Quem encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” Prov. 28:13. O apóstolo João diz: “Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas se andarmos na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo pecado” I João 1: 6,7.
II- Precisamos que Deus restaure nossa alegria
Só podemos experimentar gozo e completa tranqüilidade quando estamos em comunhão perfeita com Deus. E ao acompanharmos as narrativas da vida do rei Davi no primeiro livro de Samuel, encontramos constantemente a expressão: “O Senhor era com ele”, “Pelo que o Senhor o fortaleceu”, “Tornou-se grande”, etc. Mas quando cometeu o terrível pecado que constituiu o ponto negativo de sua existência, lemos: “Mas o que Davi fez, desagradou a Deus”. E o rei que antes vivera feliz e tranquilo sob a proteção divina, agora passa a sofrer os desastrosos efeitos da sua transgressão. No Salmo 32 faz confissão: “Enquanto me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia, porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão e estio. Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri”. E profundamente arrependido e humilhado clama a Deus: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação”. Depois de ter experimentado a purificação de seus pecados ele afirma: “Na tua presença há fartura de alegria”.
III- Precisamos que Deus restaure o poder em nós
Muitas vezes, pelo nosso descuido, sentimos que nos falta a força divina, a capacidade espiritual para execução do nosso trabalho para Deus. Então o caminho único é voltar à fonte para novamente sermos abastecidos, para obtermos a eficiência e prosseguirmos vitoriosos. Sansão alcançou triunfos extraordinários sobre os inimigos. Dotado de força prodigiosa, foi um instrumento nas mãos de Deus para a destruição dos Filisteus. Descuidando-se, porém, retirou-se dele a sua força. E a Bíblia apresenta um detalhe profundamente triste: “Ele não sabia que o Senhor havia se retirado dele”. Sentindo-se preso, com os olhos vazados, e acorrentado com cadeias de bronze, constituiu-se alvo de escárnio dos adversários, com amargura de espírito e profundamente abatido, clama ao Senhor para que se lembre dele e lhe restaure o vigor. Deus lhe ouviu a oração e abraçando as colunas do templo de Dagon, inclinou-se com força, e a casa caiu sobre todo o povo que ali estava. Assim, foram mais os mortos que matou em sua morte do que os que matara em vida. Sentindo-nos incapacitados, devemos de modo idêntico, apelar para o Senhor que sempre está pronto a atender o nosso clamor e a perdoar nosso pecado.
IV- Precisamos que Deus restaure nosso ministério
Cada crente tem uma missão aqui na terra, tem um ministério a desenvolver, tem uma tarefa para desenvolver no reino de Deus e no mundo. Somos Seus cooperadores e Ele quer que sejamos fiéis no que nos foi confiado. Infelizmente, muitos, por qualquer motivo falham, negligenciam e isso traz prejuízos para si e para o reino de Deus. Jonas é um exemplo típico disso. Enviado a Nínive, desobedeceu tomando direção contrária, indo para Tarsis. Embora culpado, apanhou um navio e desceu ao porão e ali adormeceu, indiferente. Mas por sua causa sobreveio um terrível temporal e o navio quase naufragou, pondo em risco a vida de todos que viajavam e grandes prejuízos materiais. Depois de muito sofrimento da tripulação, reconheceu-se responsável pela tragédia, sugeriu que o lançassem ao mar, sabendo que ia morrer. E caindo ao oceano, Deus enviou um grande peixe para que o tragasse e assim sua vida fosse preservada. No ventre daquele monstro humilhou-se e orou ao Senhor; que misericordioso, o atendeu ordenando ao peixe que o lançasse na praia. Depois foi restaurado à posição profética o Senhor lhe deu 2a. ordem: “Levanta-te e vai a grande cidade de Ninive , e anuncia a mensagem que eu te disse”. Obedecendo, o profeta se tornou uma benção e pela sua pregação milhares de pessoas se arrependeram e foram salvas da destruição – 120 mil pessoas. Se temos sido negligentes ou rebeldes à vontade de Deus, precisamos nos arrepender e com humildade suplicar o Seu perdão, e Ele nos usará para o progresso de sua causa. No capitulo 15 de Lucas, Jesus demonstrou o profundo interesse de Deus na restauração dos perdidos. A ovelha perdida foi trazida ao aprisco; a moeda perdida foi encontrada; e o filho perdido ou pródigo, retornou ao lar.
Conclusão
Se algo embaraça nossa perfeita comunhão com Deus, ofuscando o senso de Sua presença; se em conseqüência desapareceu a nossa alegria; ou nos sentimos fracos, abatidos, incapazes para a realização do trabalho que nos foi entregue, voltemo-nos sem demora, e caiamos a seus pés, clamando sincera e humildemente “Senhor, restaura-me! E sejam nossas as palavras do profeta: “Renova, Senhor, os nossos dias como dantes.” Lamentações 5:21.
cirinorefosco@pibja.org
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