A era dos relacionamentos descartáveis

Texto: Jeremias 31:1-40 (3)

Introdução

Uma marca cruel desse tempo que estamos vivendo é a superficialidade dos relacionamentos. As pessoas se tornam, forçosamente, ilustres desconhecidos, já que as relações saciais são restringidas ao mínimo necessário para a sobrevivência. Além disso, quanto menos envolvimento emocional ou afetivo com o outro, melhor. Este problema de relacionamento superficial atingiu também a família. Casamento passou a ser não mais aquele compromisso “até que a morte separe” mas “até que surja uma nova opção”. Com isso a família saiu prejudicada e o futuro passou a correr o risco de tornar-se mais sem sabor para aqueles que, de alguma forma, continuam acreditando na família e tem de lutar contra os novos conceitos, novos valores e novas formas de “ser família” dos tempos modernos.

I- Os perigos de uma sociedade extremamente voltada para o prazer

A busca desenfreada e irrefletida do prazer tem absorvido, em grande escala, o que o ser humano tem de melhor: criatividade, saúde, espontaneidade, laços familiares, espiritualidade. E o ser humano não tem se dado conta disso. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus” I Cor. 2:14. Assim sendo, este hedonismo leva as pessoas para mais perto de um mundo imoral, em que as velhas crenças e os velhos valores são postos de lado, em beneficio de supostas satisfações mais imediatas. Casas de Shows, praias de nudismo, filmes, eventos, publicações são a ponta mais visível de uma industria de entretenimentos que visa oferecer prazer às pessoas. Não há nenhum tipo de compromisso com as verdade bíblicas. Num certo sentido, também a liberalização feminina, a partir dos movimentos feministas que buscaram a liberação da mulher do jugo opressor do homem, contribuiu para essas mudanças. Com o advento da pílula anticoncepcional, a mulher tornou-se mais independente, foi à luta, conquistou seu espaço no mercado de trabalho… não se questiona a importância que teve a mulher em buscar seus direitos sociais, todavia não se pode deixar de perceber o quanto isso representou de perda para a família em muitos aspectos.

II- Casamentos que não são celebrados com amor

Outra marca típica destes tempos em que se experimenta relacionamentos descartáveis é a presença quantitativa de casamentos que são celebrados por interesses outros que não o amor. Este sentimento antigo chamado de “amor” tem sido descartados por muitos que aventuram-se no casamento. Para estes, casamento é realmente uma aventura e não um compromisso. Se der certo, tudo bem; se não der, parte-se para outra. Mas o fim de casamentos celebrados sem amor é a ruína, à semelhança da sorte do ímpio. “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” Sl 1:6. Beleza, riqueza, destreza, tem sido qualidades buscadas no outro para o estabelecimento de relacionamentos que culminem em casamento. Então o amor passa para um segundo plano. Não pode dar certo um casamento que se estabelece em bases tão frágeis como essas. Diante do primeiro obstáculo da vida, tal relacionamento sucumbe, porque não tem raízes sólidas e seguras. Vem, então o desinteresse, a desarmonia, a desavença, o ciúme, a inveja, a desconfiança e outros tantos sentimentos menos nobres. Estivera o amor presente, então se tornaria possível vencer as dificuldades da vida, pois “ o amor – tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” I Cor. 13:7.

III- Casamentos que prescindem do compromisso

Vamos ver um pouco sobre o “amar” e o “gostar”. Os dois são importantes, cada um tem a sua função. E a “paixão”? A paixão é galopante, avassaladora, muito sentida e pouco pensada. Assim que possui uma forte dose de ilusão, podendo conduzir, quem por ela se deixa dominar, ao pensamento de que se está totalmente convicto de algo, quando tudo não passa de um sentimento de momento, passageiro, que não dura uma estação. É preciso se ter muito cuidado com a paixão. Aquele sentimento de se estar “perdidamente apaixonado” por alguém, muitas vezes não passa de um interesse físico, sexual que, tão logo seja satisfeito, pode levar ao rompimento da relação. Grande parte dos adolescentes e ainda entre os jovens há vítimas da paixão. E também pessoas entre 40 e 50 anos. Quantas famílias destruídas por causa da paixão? Mas o que é gostar? È ter prazer em possuir, em experimentar, pertencer a algo ou alguém. É ser simpático, interessado, com a atenção voltada para aquilo que lhe desperta afinidades. É sentir o sabor de algo que lhe agrada. Não pode faltar o “gostar” num relacionamento para que seja duradouro. Como pode uma pessoa conviver anos com alguém que não gosta? É preciso gostar. Mas o que é amar? O amor, como acontece? Ah! O amor é lindo, diria o romântico. O amor é aporta que abre o paraíso, diria o poeta. O amor é o compromisso que se estabelece nas dobras do coração, diria o filósofo. Este sentimento fundamental para a vida e para a fé, para o presente e para o futuro, é algo inerente à vida cristã, ao casamento cristão. Sem amor não há lar que resista. O amor é uma escolha, é uma decisão. “Com amor eterno te amei, com benignidade te atraí” Jer. 31:3. Deus tomou a decisão de nos amar, decisão voluntária, desinteressada, incondicional. Hoje somos alvo desse amor insuperável de Deus. Amar é entrega, a semelhança de Cristo que se entregou por amor à Igreja. O amor decorre do gostar. Porque houve uma atração, um interesse por alguém, então, toma-se a decisão de amar esse alguém. Amor é compromisso. O casal cristão tem o compromisso de amar-se mutuamente por toda a vida. Não será fácil, se cada casal souber fazer o investimento necessário em sua vida, então poderá ver os resultados de seu amor.

IV- A problemática do divórcio

A drástica conseqüência de tudo o que temos visto sobre esta era de relacionamentos descartáveis é o aumento agressivo de separações de casais. A superficialidade, a falta de amor, o descompromisso dessa geração, desemboca na cruel realidade do divórcio que destrói famílias, agride filhos, e provoca rupturas difíceis de serem corrigidas. Uma estatística reveladora: O índice de divórcio na América é de um para cada dois casamentos e meio. O índice de divórcio em Los Angeles e em Orange County é de cerca de um para cada dois casamentos. A Harvard University promoveu um estudo que mais tarde foi publicado na revista Marriage and Family (Casamento e Família). Eles estudaram famílias que liam a Biblia, diariamente, juntos. Eles oravam juntos e iam a Igreja juntos e o índice de divórcio era de Um para cada 1286 casamentos. Essa é a diferença que Deus pode fazer num casamento. Ele é o cimento que une a massa familiar. (Rick Warren). O projeto original de Deus é a indissolubilidade do casamento.

Conclusão

A família precisa valorizar a espiritualidade. Em um mundo que valoriza o material e o que satisfaz o corpo, a família precisa valorizar o espiritual, investindo na comunhão com Deus. A família precisa fundamentar-se no amor. A família não pode abrir mão do amor entre seus membros, espelhando-se no amor de Deus. A família precisa estabelecer-se em laços de compromisso. O compromisso de amparar, zelar, investir, amar, cuidar e proteger a família não dever ser posto de lado. Todos os membros da família precisam contribuir para o seu sucesso. A família precisa acreditar em sua durabilidade. De fato. O que Deus uniu, homem nenhum pode separar. A família deve acreditar neste principio da indissolubilidade do casamento e investir o que for necessário para sua edificação.

 

Pr. Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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