O livramento do justo

Texto: Salmo 34:19

Este mundo é um vale de lágrimas, porém, mesmo para ele o texto oferece consolação a uma certa classe de pessoas. Mais do que isto, o texto nos fala de uma consolação que se projeta para além das divisas do tempo – para a eternidade. Mas quem é este Justo? Quais são estes males? Que se faz deles?

I- Quem é o Justo do texto?

Pode vir à sua mente uma indagação! Há algum justo na face da terra? A Bíblia declara que não. “Não há um justo, nem um sequer” Rom. 3:10. Essa é uma declaração do Juiz dos Juizes. “Lá do céu o Senhor olha para a humanidade, procurando alguém que compreenda os seus planos, procurando alguém que deseje comunhão com Ele. Mas, de que adianta? A humanidade inteira se desviou do caminho certo e se perdeu. Todos os homens foram estragados pelo pecado. Não há um homem sequer que procure fazer o bem; não há nenhum homem bom por natureza” Salmo 14:2 e 3. Isto é, por natureza todos somos descendentes de Adão e como tais somos pecadores! “Porque todos pecaram e separados estão da Glória de Deus” Rom. 3:23.

Mas graças a Deus e sua infinita bondade, nos faz justos mediante a fé no SENHOR Jesus Cristo. “Sendo, pois justificados pela fé, temos Paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” Rom. 5:1. Esses justos de que fala a Bíblia e especialmente o texto em análise, são os que foram declarados justos, não por tribunais humanos, mas pelo tribunal Divino, porque lhes tem sido imputada a justiça de Cristo, e por meio dela tem entrado em “novidade de vida” para andar pelos caminhos de justiça, levados pelo Espírito de Cristo que opera neles o que é bom e agradável a Deus…

Não temos nenhum mérito diante de Deus. Não merecemos absolutamente nada! Mas somos aceitos pelos méritos da justiça de Cristo, que foi justo e cumpriu toda justiça. Este, que foi justificado por Cristo, é o Justo que Deus ajuda.

II- Quais são estes males que o justo sofre?

Podíamos mencionar males físicos, tais como a perda da saúde e morte de ente queridos, a falta de emprego, moradia, dinheiro, mas não vamos fazer isso. Não considero estes os maiores sofrimentos do justo, pois fazem parte da vida, desde que existe mundo. Dizer que o justo não passa por esses problemas é tentar tapar o sol com a peneira, é enganar-se a si próprio. Precisamos estar prontos para os sofrimentos externos, pois é assim que a Bíblia nos ensina.  Mas queremos nos deter a males internos, pelos quais padecemos terrivelmente e que são a conseqüência da ação do pecado em nós. Esses a ciência não explica e jamais conseguirá fazê-lo. Àqueles já são explicados pela ciência.

1- A luta da carne contra o espírito. Assim como existe a lei da gravidade que puxa todos os corpos para o centro da terra; existe o pecado em nossa natureza, como um ímã que nos puxa para o mal. Temos inclinações carnais, todos sabemos; corações enganosos, um espírito de ira e iniqüidade. Assim, o homem mesmo é seu pior inimigo. Daí a terrível exclamação do apóstolo Paulo: “Não me compreendo de modo algum, pois realmente quero fazer o que é correto, porém não consigo. Faço, sim, aquilo que eu não quero – aquilo que eu odeio. Eu sei perfeitamente que o que estou fazendo está errado… No entanto, não o posso evitar por mim mesmo, porque já não sou eu que estou fazendo. É o pecado dentro de mim, que é mais forte do que eu e me obriga a fazer estas coisas ruins. Eu sei que estou completamente corrompido no que diz respeito a minha velha natureza pecaminosa. Seja para que lado for que eu me volte, não consigo fazer o bem. Quero, sim, mas não consigo. Quando quero fazer o bem, não faço; e quando procuro não errar, mesmo assim eu erro. Agora, se estou fazendo aquilo que não quero, é simples dizer onde a dificuldade está: o pecado ainda me retém entre suas garras malignas. Parece um fato da vida que, quando quero fazer o que é correto, faço inevitavelmente o que está errado. Quanto a minha nova natureza, eu gosto de fazer a vontade de Deus; contudo existe alguma coisa no meu intimo, lá em minha natureza interior, que está em guerra com a minha mente e ganha a luta, fazendo-me escravo do pecado que ainda está dentro de mim. Em minha mente, desejo de bom grado ser um servo de Deus mas, em vez disso, vejo-me ainda escravizado ao pecado. Assim, vocês podem ver como isso é: minha nova vida manda-me fazer o que é correto, porém a velha natureza que ainda está dentro de mim gosta de pecar. Que situação terrível, esta que eu estou! Quem é que me livrará  da minha escravidão a essa mortífera natureza inferior? Mas, graças Deus! Isso foi feito por Jesus Cristo, nosso Senhor. Ele me libertou” Romanos 7: 15-25. O maior sofrimento do justo é a luta da carne contra o espírito e do espírito contra a carne, porque não tem fim. Seremos completamente libertos do poder do pecado, quando nosso corpo mortal será glorificado a semelhança do corpo de Jesus, enquanto isso viveremos nessa luta contra o pecado.

2- A dureza de coração. Quantas coisas temos visto, milagres acontecendo, temos ouvido sobre a grandeza de Deus! Quantas manifestações do poder de Deus em nossa vida e ao nosso redor? Mas a dureza de coração é tão grande que inúmeras vezes o Senhor manifestou sua tristeza através de seus santos profetas. A dureza de coração nos tem impedido de obedecer ao Senhor. Deus disse e está dito; estamos cansados de saber que SUA vontade é o melhor, mas questionamos SUA vontade e muitas vezes preferimos fazer a nossa vontade. Olhem para o que Deus diz: “Quando eu tirei seus pais do Egito, não eram sacrifícios e ofertas queimadas que eu desejava deles. A minha ordem foi a seguinte: Obedeçam a MIM e Eu serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo; façam o que eu mando e tudo correrá bem! Mas eles nem quiseram saber disso; preferiram fazer sua própria vontade, continuar com os seus costumes e agir baseados em seus corações duros e rebeldes. Andaram para trás em vez de ir para frente. Desde o dia em que seus pais saíram do Egito até hoje, eu venho mandando os meus profetas diariamente. Mas nem eles e nem vocês quiseram escutar as minhas palavras ou obedecer a minha lei. E vocês foram mais teimosos e desobedientes que seus pais. Esse povo rebelde se recusa a me obedecer, segue com teimosia as suas próprias idéias erradas, e corre atrás de outros deuses para adorar… Vocês, vocês são teimosos, têm um coração maldoso, duro como pedra.  Preferem fazer sua própria vontade a ouvir as minhas palavras” Jer. 7:22-26; 13:10; 16:12. Isso se repete em nossos dias com uma freqüência assustadora. Pregamos, pregamos, mas a dureza de coração impede que as pessoas obedeçam ao que está escrito na Bíblia.

3- A indiferença espiritual. Nunca em minha vida pensei em chegar a um tempo como esse que estamos. Há muita indiferença com respeito aos deveres mais urgentes, como o alimentar-se da Palavra de Deus e a Oração; coisas essenciais a sobrevivência espiritual. Os crentes estão cada dia mais vazios, correndo de um lado para outro para satisfazer suas necessidades espirituais, atrás de Igrejas de “fogo”, pregadores mais ungidos, mas isso é engano. Pois a maioria desses crentes são indiferentes ao que está escrito na palavra de Deus, não estudam a Bíblia e nem oram ao Senhor. São indiferentes acerca do culto, da adoração; estão atrás de animação carnal e relacionamentos com pessoas. São indiferentes acerca das bênçãos divinas, do céu e da gloria divina, o reino de Deus. São poucos que de fato estão envolvidos com Deus e seu reino, são poucos que estão prontos para dar tudo o que tem e a própria vida em favor da proclamação do evangelho de Jesus Cristo. Eu temo o futuro da Igreja por causa da indiferença daqueles que a compõem na atualidade. Pois estas mesmas pessoas não estão indiferentes ao que acontece no mundo, sabem de tudo, participam de tudo, investem o que tem e o que não tem com coisas tão banais. É claro que temos pessoas que entregaram suas vidas e estão prontos até a morrer se necessário, por amor a Cristo, mas são poucos; mas Deus conta com estes.

4- Outros males internos que podem afligir o junto são as dúvidas e temores. Dúvidas como as dos discípulos, a respeito da comida, da bebida e do vestido. O que vamos receber em segui-lo, Senhor? Será que vale a pena ser fiel ao Senhor?  Dúvidas como as de João Batista na prisão. Vão lá e perguntem a este homem se ele é o Messias ou havemos de esperar outro. Quem nunca teve duvidas sobre Jesus? Será que ESTE é realmente o salvador do mundo? E se não for?  Dúvidas e temor como as de Simão Pedro ao andar sobre as águas. É o Senhor mesmo? Se é, manda-me ir ter contigo sobre as águas. Mas sentindo as ondas e o vento teve medo e começou a submergir. Quem nunca sentiu-se como Simão Pedro, tomado pela duvido e pelo medo? Quantos, já começamos a submergir em nossa vida de fé e em desespero gritamos pelo Senhor e Ele nos socorreu, dando-nos a mão. Duvidas como as de Tomé. Se eu não vir o sinal no lado e nas mãos, de maneira nenhuma crerei que é Jesus. Eu não acredito que Jesus ressuscitou dentre os mortos! Até que teve aquele maravilhoso encontro com o Senhor e a duvida foi dissipada.

III- O que se faz dos males dos justos.

Estes, acima apresentados, e muitos outros males  afligem os justos. Mas de todos eles o Senhor os livra. Iavé é o libertador!  “O justo passa por muitos sofrimentos, mas o Senhor o livra de todos eles. Pois os olhos do Senhor vigiam bem de perto os justos e Ele ouve com atenção todos os pedidos que eles fazem”v.19 e 15. “Sim, os justos pedem ajuda ao Senhor e Ele os livra de todas as suas dificuldades” v. 17. Estes versos nos mostram a maneira de como Deus livra: – “O Senhor está sempre perto de quem tem o coração quebrantado  e o espírito humilde” v. 18. Essas são as virtudes daqueles que são ajudados pelo Senhor – quebrantamento e humildade.

Precisa-se, pois ter profunda humilhação, clamar e reconhecer a soberania de Deus, para receber o alivio necessário.

Milhares testemunharam e ainda testemunham como de fato Deus lhes tem substituído a dor pelo gozo e até pelo regozijo; como Deus lhes tem substituído a fraqueza  e a aparente derrota  pela vitória. O justo sofre tribulações, mas o Senhor de todas o livra.

Pr. Cirino Refosco

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