A família e a perda de valores
Texto: II Coríntios 6:11-18
Introdução
Vivemos um tempo, não apenas de descontrole sobre a aplicação de princípios e valores, mas de inversão de valores. As pessoas não querem mais receber instrução, e isso, todas as esferas da sociedade, também ninguém quer ser taxado de chato por querer organizar, disciplinar ou manter as bases da boa convivência. Há um alto preço a se pagar, inclusive nas próprias Igrejas. As instituições que deveriam ser reguladoras da ordem e da boa conduta se tornaram sem força diante do caos. A família transferiu para Igreja a responsabilidade da educação religiosa, e a Igreja, em muitos casos, faz o jogo do sistema e não quer manter firme a sua conduta cristã, abrindo brechas para o inimigo. Acusa-se a Igreja de ter-se transformado em clube social para onde todos afluem embonecados, no desfile semanal da passarela de moda. Se a Igreja não se mantiver firme na pregação do evangelho e na condenação ao pecado ela perderá sua posição na sociedade já, em extremo decaída. No livro de deuteronômio temos a instrução divina acerca do zelo que a família deve ter na preservação da fé em Deus e da experiência religiosa: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração: e as ensinarás ab teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” 6:6,7. A família precisa ser instrumento de Deus para preservação de princípios e crescimento espiritual de seus membros.
I- Reconhecendo os desvalores do mundo presente
Diz-se que “uma nação está condenada a repetir os seus erros, se não conhecer a sua história”. Isso vale para a Igreja e também para a família. Muitos crentes querem tapar o sol com a peneira dizendo que os tempos modernos são outros, e que os nossos jovens e adolescentes precisam de mais espaço para respirar suas idéias e valores. Conheço muitos pais que se arrependem amargamente disso, ao verem hoje seus filhos nas drogas, com lares desfeitos e fora da Igreja, porque eles, pais, não souberam reconhecer a maldade do mundo e não tiveram coragem de impor limites na vontade de seus filhos. Nesse tempo de estragos aos milhares a psicologia foi culpada, pois ensinava a não repressão ou não recriminação: hoje a psicologia ensina o contrário: saiba estabelecer limites! Todos nós, seres humanos, precisamos de limites. Vivemos uma era de amplas possibilidades. O acesso aos bens de consumo e as idéias se tornou mais democrático. Acontece que junto com o ouro, veio o cascalho. E é esse lixo moral que a família não pode permitir que entre em seu lar. Nossa sociedade é uma sociedade permissiva, onde tudo é possível desde que haja certas regras e compromissos. Só que, quase sempre, essas regras opõem-se à ética cristã. É aí que o crente precisa fazer opção entre ficar com o socialmente aceitável e o biblicamente recomendável. E o crente deve optar pelo segundo. Veja, segundo os padrões da sociedade pode-se consumir álcool, desde que seja socialmente; não se recrimina quem fuma, desde que respeite os locais para fumantes; não há problema numa pequena mentira; relacionamentos sexuais pré-conjugais não são questionados desde que sejam motivados pelo amor e outras explicações do gênero. A questão é que a moral do mundo é diferente da moral cristã. Precisamos optar pelo biblicamente recomendável. Na sociedade que vivemos houve a inversão de valores, em que o certo passou a ser errado e vice-versa. E ai de quem contrarie esse sistema imundo com uma conduta diferente. Os adolescentes, tem vergonha, na escola, de se proclamarem virgens, pois os colegas zombam na cara. Esse é o mundo em que vivemos. As famílias precisam estar bem entrosadas, unidas, num relacionamento onde reina o amor, o carinho e a compreensão, para que os mais novos possam suportar todas as pressões do dia a dia.
II- A importância de se estar firmado em princípios
Quais seriam os princípios para a família cristã, a luz da Bíblia sagrada? 1- O principio do respeito mutuo – Uma boa convivência na família precisa do respeito entre seus membros. O respeito deve existir tanto entre cônjuges, quanto de pais para filhos e destes para seus pais. Todos querem ser felizes e alcançar sucesso na vida, mas isso começa com uma boa base no lar, assegurada pela valorização que cada um faz do seu familiar. 2- O principio da solidariedade responsável – Precisamos nos interessar pelo parente; investindo nele o que pudermos; esforçando-nos para torná-lo um vencedor; cooperando para resolver seus problemas; apoiando-o em suas necessidades; encorajando-o e estimulando-o em seus desencantos; sustentando-o com as nossas orações e “chegando junto” quando ele estiver precisando, seja em que área for de sua vida. 3- O princípio da obediência à liderança – Esse é um principio muito desgastado nas família desse tempo. A obediência a qualquer tipo de liderança começa no lar. “Vós mulheres sede sujeitas a vossos maridos….vós filhos sede obedientes a vossos pais” Efésios 6:1-9. Pais que não se dão ao respeito, que não exercem uma autoridade com amor, que não disciplinam seus filhos com compaixão, que se tornam verdadeiras marionetes nas mãos de abusadas crianças sem limites, estão pondo a perder o futuro de seus filhos. É melhor usar a vara em casa do que deixar os filhos apanharem da vida. Em casa a disciplina será com amor. Na vida a correção virá cruel, em forma de vingança, implacável e sem apelação. A criança que não respeita os pais em casa, não obedece aos professores na escola, não aceita sobre si nenhuma autoridade, seja religiosa, ou política. Não se quebra esse principio. 4- O principio do amor sincero – Não pode faltar o amor na família. Amor ágape, incondicional. Amor doador, de entrega, que se espelha no próprio Cristo, que vê no outro o alvo de suas atenções. Aquele amor que não espera nada em troca, amor altruísta, cheio de renuncias e interesses solidários. Amor sem desconfiança, sem competitividade, não interesseiro. Somente o amor é capaz de fazer do lar um espaço de vitória, de prazer. Pais e filhos, irmãos que se amam cooperam para a sustentação da família. Num mundo tão destrutivo e estéril em que vivemos, nada melhor do que um lar assim estabelecido. 5- O principio da espiritualidade prioritário – também para com a família esse principio tem muito valor. Veja a orientação de Jesus “Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas”.Mat. 6:33. Esse verso mostra que, quando as questões espirituais estão indo bem, Deus cuida do resto. Se a casa não for provedora de espiritualidade, o mundo não vai poder oferecer isso para os nossos filhos. É responsabilidade dos pais orientar espiritualmente seus filhos – oração, estudo bíblico, devoção, culto doméstico, e valorização da Igreja como instituição divina.
III- Cuidando-se para não cair nas armadilhas de satanás
Estamos falando de uma diferença crucial existente entre os padrões espirituais de conduta e a prática do mundo moderno. Definitivamente não há comunhão entre a luz e as trevas, e as famílias cristãs precisam se precaver contra as astutas ciladas do diabo, visando derrotá-la. (II Cor. 6: 14-18). Desde os primeiros momentos da humanidade, percebemos esta artimanha satânica para enganar o homem. A primeira família caiu, porque desobedeceu a Deus, enganada pela serpente, iludida por suas promessas e fantasias. (Gen.3:1-7). A função do diabo é mentir, enganar, perverter, falsificar, ludibriar, mudar a aparência, tornar o bom em ruim e o ruim em bom. Muitas famílias têm se deixado levar pelas falsas aparências de santidade; espiritualidade de certas práticas religiosas; boas intenções de certos apelos; qualidade de algum produto; honestidade de alguns programas; etc. A vista engana, por isso devemos olhar com os olhos de Deus “O senhor não vê como vê o homem. O homem olha para o que está diante dos seus olhos, mas o Senhor olha para o coração” I Sam. 16:7. Atividades, festas, programas, colégios e cursos, amizades, envolvimentos, conversações, brincadeiras e vários outros tipos de comprometimentos que parecem, em principio, ser tão ingênuos e sem complicações são, muitas vezes, agentes de satanás para perverter, desencaminhar, obscurecer, afastar, minar a fé e fazer com que gente criada na Igreja, hoje, esteja de paquera com o mundo, se não completamente comprometido com o pecado e as coisas desta vida. Muitos pais são extremamente ingênuos em conduzir seus filhos. Estão sendo por eles ludibriados, estão sendo passados para trás. Vale aqui a recomendação de Tiago “ Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus” 1:5.
Conclusão
É preciso valorizar a família como projeto de Deus – a família é instituição divina e como tal precisa ser valorizada. Ainda não foi inventado algo melhor para substituir a família em termos de companhia, aconchego, proteção, amor e desenvolvimento sadio. Nem nunca será. A família continua sendo válida para os nossos dias e será a garantia do futuro da humanidade. É preciso fundamentar a família em princípios bíblico-cristãos – a família precisa estar atenta quanto às influencias nocivas do mundo e não permitir que seus valores e princípios sejam destruídos. É preciso ter a família em vigilância constante – “Orai e vigiai” Esta é a recomendação que a família não pode abandonar. Na dependência de Deus e na vigilância quanto as ciladas do diabo, a família sobreviverá nestes dias tão difíceis.
cirinorefosco@pibja.org
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