A Igreja e a crise de autoridade

Texto: II Timóteo 3:1-9

Introdução

Não sei se falar de autoridade ou crise de autoridade é um bom assunto para esse tempo, pois a questão de autoridade está muito desgastada. E o mau exemplo vem de cima, daqueles que deveriam exercê-la e não o fazem, então, as bases se rebelam, porque são obrigadas a se submeterem a códigos de lei e de conduta que os próprios feitores deixam de cumprir. Nada é tão revoltante quanto a falta de cumprimento das leis por aqueles que as fizeram e que deveriam servir de exemplo para as bases da sociedade. Mas infelizmente, vivemos dois extremos porque dentre os direitos do cidadão, está a intocabilidade do corpo e qualquer autoridade, principalmente aqueles que tem a responsabilidade de controlar a conduta do individuo, que coagir ou torturar alguém, pode ser denunciado por abuso de poder, passando a estar sujeito às penas da lei. E por isso o outro extremo é fazer de conta que nada está acontecendo, que nada viu. Isso, infelizmente, tem valido para as autoridades civis, religiosas e também na família. A sociedade, a Igreja e a família vivem os dois extremos da questão: frouxidão ou excesso de autoridade. Com isso quem sempre sai perdendo são aqueles que deveriam aprender as orientações necessárias (balizadoras) para uma boa conduta social. As pessoas estão vivendo sem parâmetros, sem limites e isso tem trazido e continuará trazendo grandes e incalculáveis prejuízos a toda sociedade.

I- A rebeldia dos tempos modernos

O apóstolo Pedro escreveu alertando quanto a existência de falsos mestres que, andando segundo a carne, desprezam as autoridades. “Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências e desprezam toda autoridade” II Pedro 2:10. Dá para se perceber que o problema de rebeldia contra as autoridades é de longa data. Mas, os mais idosos insistem em dizer que as coisas estão muito mudadas, já não são como antigamente. Caiu-se, portanto, num sistema depreciativo da autoridade, e isso em todos os segmentos da sociedade, inclusive a Igreja e a família. As conquistas sociais forjaram várias gerações de jovens que abraçaram de certa forma, um ideal de liberdade: “sigo minha consciência, faço o que me dá prazer” e muitos jovens embarcaram nessa canoa furada e, assim perdeu-se o controle da situação. Muitos pais reclamam da rebeldia de seus filhos: crianças que não querem estudar; adolescentes que fogem da escola; jovens e adolescentes que se envolvem com drogas; e ainda as facilidades de relacionamentos sexuais ilícitos; e tudo isso também dentro das Igrejas evangélicas da atualidade. Isso deve-se, principalmente, a influencia nociva dos meios de comunicação em massa, que instrui, mas também perverte. Perversão de menores é considerado em nossa nação crime hediondo com severa punição; mas ao mesmo tempo ninguém perverte mais menores do que a TV e as autoridades não se preocupam com isso. A rebeldia desse tempo tem sido assustadora. O fato é que filhos-problema podem revelar a existência de pais-problema. A psicologia revela que quando um filho se envereda pelo caminho das drogas, a família já ficou doente antes do fato acontecer. Com tudo isso, se cumpre aqui a profecia de Paulo. “Sabe, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder” II Tim. 3:1-5.

II- Como liderar nesse tempo

As dificuldades começam na família. A Igreja é – o que são as família. Muitos jovens, casam-se, hoje em dia, sem estarem devidamente preparados para a vida a dois. Casam-se para ficarem livres dos pais, para alcançarem uma pretensa independência, ou para legalizarem uma vida sexual ativa vivida as escondidas; casam-se para fins menos nobres e, no decorrer dos dias é que vão se deparando com as questões mais sérias de uma vida a dois. Vários desses jovens entram para o casamento trazendo um filho na barriga ou mesmo já nascido. Como vão educar uma criança se não aprenderam a cuidar de si mesmo? Por canta dessa má preparação para a paternidade e para maternidade que vemos o mundo de cabeça para baixo. Um mau filho não tem condições de educar filho. Será uma tragédia. E sempre são as crianças que sofrem nas mãos desses pais. Pais embrutecidos pelos problemas da vida, que descarregam sobre a inocente criança suas frustrações e seus recalques. Pais viciados em drogas; pais infiéis; pais com linguajar indecente; etc. Isso precisa mudar! E lamentavelmente, muitas dessas coisas ruins são praticadas por pais ditos evangélicos. Não podemos esquecer que a Igreja é formada de famílias. E a Igreja é o que são as famílias. E vale aqui a exortação de Paulo: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor” Efésios 6:4. Há pais que são mestres em provocar a ira a seus filhos. Como fazem isso? Vivendo de forma a não dar-se ao respeito, a não preservar sua condição de pai e a autoridade inerente ao seu posto. Autoridade é uma conquista e não uma imposição. Isso tem se repetido na Igreja. Muitos pastores e lideres não conquistam autoridade e querem impor-la. Esse tem sido um grande e grave problema das Igrejas desse tempo. Muitas Igrejas tem-se dividido por esse motivo. Muitos pais cobram da Igreja um resultado para a vida de seus filhos, quando esse resultado deveria ter sido conquistado lá atrás, quando os filhos eram menores, e viam nos seus pais os seus heróis os quais imitavam e tinham orgulho de chamar de “meu pai”, “minha mãe”. Mas depois cresceram e começaram a perceber que os pais não eram tão heróis assim, nem tão honestos e nem tão educados e nem tão crentes como a fachada que ostentavam; então cai-lhe a máscara e a farsa passa a não ser mais funcional. Provocar a ira aos filhos pode ser: responder mal; não dar atenção requerida; não respeitar o cônjuge e assim despertar a revolta. Provocar a ira pode ser uma atitude indireta: ser irresponsável e não contribuir para a boa formação do caráter e do futuro do filho, ou mesmo prejudicar seus sonhos por meio de um comportamento inadequado, como por exemplo, uma separação. Ser líder não é sinônimo de autoritarismo. Pode-se e deve-se exercer a disciplina com autoridade e nem por isso se perderá a simpatia e a amizade dos liderados. Todo liderado sabe quando erra e quando está a merecer disciplina. Saber aplica-la na hora certa e na dose certa e com amor será muito benéfico para a formação de seu caráter, principalmente quando se trata de filhos.

III- O respeito se aprende em casa

A necessidade de harmonia entre o marido e a mulher. Rompe-se a teia de autoridade que deve ligar os relacionamentos familiares, principalmente entre os pais e seus filhos, quando o casal já não sabe lidar com sabedoria e amor entre si. Esta é a grande questão! Como um casal vai exercer autoridade sobre os filhos e como vai cobrar deles um certo tipo de comportamento em função da obediência que lhe é devida, se os próprios pais vivem em desarmonia, agindo até de maneira inconveniente? Fica difícil exercer autoridade! A crise de autoridade que ai está começa no lar. Para que a autoridade flua é preciso que, o casal esteja desfrutando de um relacionamento sadio, ordeiro, dinâmico e frutífero. Esta harmonia entre marido e mulher será de grande valor para os filhos, pois estes aplicarão em suas vidas o exemplo prático dado pelos pais. Aliás, ser exemplo no lar é o que mais funciona. Sem o exemplo pessoal não formamos sadiamente o caráter de nossos filhos. Não podemos errar nesse ponto, sob o risco de por a perder todo o futuro moral de nossos filhos. Quando isso acontecer, não adianta chorar o leite derramado. Que o Senhor nos ajude na construção do caráter de nossos filhos, pois é mais fácil construir um menino do que remendar um homem. Por isso o casal deve construir um relacionamento ordeiro, fundamentado no amor. Entendendo que o casamento deve ser digno de honra, bem como manter-se sem qualquer mancha que possa desmerecê-lo. “Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará” Heb. 13:4 Na construção de uma vida de paz, amor e harmonia, o casal estará criando condições para levar os filhos a investirem também na busca de uma vida sincera, honesta, respeitável, com cumprimento de seus deveres e em respeito aos pais e demais autoridades.

Conclusão

Precisamos, portanto, entender que a Bíblia reconhece o valor das autoridades. E a figura do pai é peça chave no exercício da autoridade. As famílias enfrentam muitos problemas hoje, por causa da omissão masculina dentro do lar. A autoridade que funciona é aquela que se exerce na base do amor. Pois o amor é a base da vida. Sem amor nada funciona como deveria. Precisamos aprender a exercer a autoridade com base nos princípios Bíblicos, pois quando assim fazemos os resultados são infalíveis. O preço é a fidelidade a Deus e sua palavra. Quem for sábio que o pague e verá os lucros futuros na vida de seus liderados e principalmente na vida de filhos prósperos, dedicados e fiéis servos do Senhor. “Pois toda escritura é proveitosa para ensinar, repreender, corrigir, e instruir em justiça” II Tim. 3:16.

 

Pr. Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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