O discípulo e a cruz

Texto: Lucas 9:23–26

Introdução

A palavra discípulo tem o mesmo sentido de aluno, identifica aquele que aprende com o mestre, que tem o mesmo sentido que professor. Discípulo, portanto, é aquele que aprende. A crus não está relacionada aos problemas e dificuldades da vida; enfermidades ou tentações, como muita gente pensa. Já ouvi muitas pessoas dizendo: “minha cruz é muito pesada” ou “não agüento mais minha cruz”. A cruz é o evangelho em sua essência; é o próprio estilo de vida apresentado por Jesus através do evangelho.
Falar do discípulo e sua cruz nesse tempo em que a maioria das Igrejas apresenta um evangelho barato e cheio de vantagens materiais é muito difícil, é um desafio. Falar da cruz do discípulo quando o povo de “Deus” só vai a Igreja para ser “abençoado” é complexo.
Nos ensinos de Jesus encontramos muitas referencias a cruz do discípulo; ou seja, Jesus falou muito sobre a necessidade de vivermos de acordo com seus ensinos, e isso é tomar cada dia nossa cruz e seguí-lo.
O nosso desafio desse tempo é entender o evangelho do ponto de vista divino; precisamos enfrentar a vida realista e praticamente, sabendo que aquele que tem o mundo em suas mãos fará com que todas as coisas contribuam para o nosso bem.
Quando Jesus proferiu estas palavras, estava no monte Hermon, e aproveitou a oportunidade daquele retiro espiritual, longe do rei Herodes, dos fariseus e saduceus para falar a seus discípulos a respeito da crucificação que haveria de acontecer num futuro próximo e também para falar a cruz que os discípulos haveriam de carregar.
A essas alturas, Jesus queria ter certeza de que os discípulos sabiam quem Ele era e por isso perguntou: “Quem dizem os homens ser o filho do homem?” E foi Pedro que deu a resposta certa: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”.
Em seguida Jesus passou a desvendar as verdades a respeito da crucificação e da vida cristã. Foi Pedro que interrompeu dizendo que não permitiria que Jesus se submetesse a tamanho sofrimento. Então Jesus repreendeu a Pedro dizendo: “Pra trás de mim satanás, porque não cuidas das coisas que são de Deus, e sim das que são dos homens”.
A cruz era algo confuso para os discípulos que não podiam entendê-la e nem compreender porque o Mestre teria que carregá-la e depois ser crucificado. Jesus tinha autoridade sobre tudo e todos, até sobre os demônios, sobre a natureza e porque teria que se submeter à cruz?
Ainda hoje, milhões de pessoas não entendem o porque do carregar a cruz, ou o que Jesus queria dizer com a expressão “cada um deve carregar (tomar) a sua cruz”. Sabem porque?

I- Porque a cruz do discípulo trás em si um contraste de princípios

“Porque qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á, mas qualquer que por amor de mim perder a sua vida, a salvará” v. 24. Há nesse texto um contraste de princípios porque o homem diz que a vida consiste em ganhar, em receber; mas a Bíblia ensina que a vida consiste em dar. Ainda hoje há uma enorme confusão sobre a mensagem do evangelho, porque muita gente não entende o principio do evangelho, que é dar-se. Quando alguém se aproxima de Deus para receber está enganado, pois somos convocados a dar. A maioria das pessoas só pensa em receber e por isso vivem correndo atrás de um evangelho barato. Não devo me aproximar de Deus para ser abençoado, mas entregando a ele minha vida serei abençoado. As bênçãos devem ser conseqüência e não um fim. A cruz do discípulo está em dar-se a Deus e não em receber de Deus.
O moço rico tinha problemas nesse sentido, havia gasto seu tempo juntando tesouros, mas ao encontrar-se com Jesus foi desafiado a vender e dar: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Jesus lhe perguntou: Sabes os mandamentos? Não matarás, não adulterarás, não furtarás…Disse o jovem: tudo isso tenho guardado desde a infância. Então Jesus lhe disse: falta uma coisa. Vai, vende o que tens e dá aos pobres, vem e segue-me. Então terás um tesouro no céu. Ele saiu triste, porque tinha muitos bens” Mateus 19: 16-30. Para salvar a vida tinha que perdê-la.
PERDÊ-LA, porque no principio dos homens uma pessoa vale pelo que tem. Para o mundo ser crente é perder a vida. Abandonar a bebida alcoólica, o adultério, a mentira, o roubo, as orgias, as festas mundanas, é perder. Mas para Deus, a pessoas que abandona o pecado está ganhando. O que o mundo chama de perda, Deus clama de ganho. Esse principio é evidenciado na vida de Jesus, como escreveu Paulo: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, fosseis enriquecidos” II Cor. 8:9. ou “Mais bem aventurada coisa é dar do que receber”.

II- Porque a cruz do discípulo trás em si um contraste pessoal

“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” v. 23. O homem diz que o EGO deve ter preeminência, e faz tudo para satisfazer seu ego, vive em função de seu ego. Mas a Bíblia ensina que Deus deve ter a preeminência. “Mas buscai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas” Mateus 6:33.
Todos sabemos que nosso ego tem desejos e vontades, nosso ego quer aparecer, deseja sobressair, gosta de estar em destaque, gosta de aplausos e elogios, gosta de se apresentar bem; nosso ego tem desejo de possuir tudo, dominar tudo e ser o melhor de todos. O mundo vive para satisfazer seu próprio ego. O comercio e a indústria gira em trono do ego, fazem tudo para satisfazer o ego das pessoas. (modelos e modas).
A cruz do discípulo consiste em renunciar a vontade própria. Ninguém é bom demais para merecer coisa alguma, pois a justiça própria é uma forma de exaltação do ego. Devemos dizer não para o ego e deixar Jesus tomar a preeminência em nossa vida.
O homem diz: eu sou…eu sou…eu sou…..mas Deus diz: EU SOU. Tomar a cruz cada dia é seguí-lo, é viver com humildade, dependendo dEle em tudo, sendo-lhe sujeito.
É exatamente aqui que muitas pessoas não conseguem entender o evangelho de Cristo. Mas o crente verdadeiro, sabe o que é tomar cada dia sua cruz. Podemos ter os cargos mais elevados na sociedade, contudo, sabemos que nada somos, e que se não fora as suas misericórdias estaríamos perdidos. “Aquele que quiser ser meu discípulo negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”.

III- Porque a cruz do discípulo trás em si um contraste de lucros

“Pois que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, que daria o homem em resgate de sua alma? Porque qualquer que de mim e destas minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier em sua glória e na do seu Pai e dos santos anjos” v. 25,25.
Toda vida de um ser humano consiste em ter lucros; todos trabalham para obter lucros neste mundo, mas Deus nos diz para trabalhar para obter lucro na eternidade. Se pudermos ganhar o mundo, por quanto tempo ele durará? A nossa vida é nada mais do que um vapor que aparece e logo desaparece. É como uma planta que nasce, cresce, depois murcha e seca. A doença e a morte podem tirar nossa vida repentinamente. Quantos homens lutaram para ganhar o mundo e de repente morreram sem saber porque.
Gostaria que você analisasse a vida de Alexandre Magno. Imperador, mais conhecido como Alexandre o grande que com apenas 23 anos de idade havia conquistado o mundo e com tristeza gritou:”Dêem-me mais mundo para conquistar”. Pouco depois caiu morto e foi comido pelos vermes como qualquer mendigo de sua época. È bom que se diga: morreu jovem porque afrontou a Deus e quis fazer o que Deus disse que ninguém jamais faria. Tentou reconstruir Babilônia.
Quantas pessoas estão investindo toda sua vida e talentos para conquistar e ter lucros e morrem como os mais miseráveis de todos os homens, alguns gritando em desespero com as mãos cheias de dinheiro, podendo comprar qualquer tipo de remédio e contratar os melhores médicos do mundo, mas morrem consumidos pela dor, deixando para trás toda sua riqueza.
Disse Jesus: “O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que daria o homem em resgate de sua alma?” Aquilo que os homens chamam de lucro, Deus chama de perda. Aquilo que chamam de sabedoria, Deus chama de loucura. Há um contraste entre o homem e Deus, entre os nossos pensamentos e os Seus pensamentos. “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus estão mais altos do que a terra, assim os meus pensamentos são mais altos do que os vossos pensamentos e os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos” Isaias 55: 8,9.
Levar a cruz é investir corretamente. Quando investimos na eternidade, estamos investindo naquilo que o tempo e as mudanças não podem apagar. Se ganharmos o mundo e perdermos Jesus e o perdão dos nossos pecados, realmente teremos perdido tudo. Se ganharmos o mundo e deixarmos de investir no reino de Deus, nada temos feito.
Carregar a cruz é viver de acordo com os ensinos de Jesus Cristo.

Conclusão

A cruz do discípulo parece confusa, mas não é. O homem tem feito toda confusão porque seu compromisso tem sido com as coisas passageiras deste mundo. Quando nos apegamos à matéria, nossa vida é cheia de perdas, mas quanto vivemos de acordo com os ensinos de Jesus não há perdas para nós, tudo é lucro, todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus.
Pare de olhar para baixo, para o mundo, e a avaliar sua pelas suas posses. Olhe para as coisas que são de cima, nas coisas que são de Deus. Lute pelas coisas eternas, espirituais pelo menos com a mesma garra que você luta pelo material.
Tomar cada dia sua cruz, nada mais é do que viver cada dia de acordo com os ensinos de Jesus.

Pr. Cirino Refosco cirinorefosco@pibja.org

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