Seguir a Cristo

Mateus 16:24, Lucas 9:23 e Marcos 8:34

Desta exposição que Jesus fez aos seus discípulos, é evidente que Ele já estava carregando antecipadamente a cruz da vergonha e das agonias de sua morte  expiatória. Pela exortação aqui registrada, Ele, evidentemente, quer mostrar aos seus discípulos que o caminho da cruz não é só para Ele, mas que é a condição necessária para todos os que O queiram seguir. Em outras palavras: Seguir a Cristo é tomar o caminho da cruz.

E muitos querem seguir a Jesus, mas poucos são os que estão dispostos a seguir pelo caminho da cruz. E creio ser esta dificuldade que levou Jesus a dizer: “Muitos na verdade  são chamados, mas poucos são escolhidos”.

Outros na verdade nunca entenderam o que é seguir a Cristo. Confundem isso com o ser religioso, ou com o freqüentar uma Igreja, indo aos seus cultos uma vez por semana. Não creio que Jesus morreria numa cruz para fazer religiosos, pois eles já existiam antes de Cristo vir ao mundo, e foram duramente confrontados por Jesus, que inúmeras vezes os chamou de hipócritas, cobras venenosas e sepulcros pintados, hoje de mármore.

É muito mais fácil ser um religioso do que ser um seguidor de Jesus! E vou dizer porque: Para ser religioso não é necessário seguir o caminho da cruz, não é necessário passar pela experiência do novo nascimento, não há necessidade de renuncia alguma. Qualquer pessoa pode ser religiosa com todos seus pecados. Para seguir a Cristo somos constrangidos a nos despir do velho homem, somos impulsionados a abandonar nossos vícios e costumes que não agradam a Deus. Somos convidados a uma verdadeira reflexão espiritual e deixar as coisas da velha religião que são contrarias aos ensinos de Cristo.

Ser religioso não faz qualquer diferença para a eternidade; seguir a Cristo nos conduz à vida eterna junto com Deus. No céu só entram seguidores de Jesus, mas o inferno estará cheio de religiosos. Por isso eu fiz minha opção de seguir a Jesus!

Estamos diante da Palavra de Deus e desse desafio tremendo de seguir a Cristo e passaremos ao ensino de Jesus quanto a esta importante matéria.

I- Todos são convidados para seguir a Cristo.

Deus não faz acepção de pessoas. O céu não é exclusivo para uma classe social; no céu há lugar para todos, aliás é o único lugar que não há excluídos ou descriminados. Neste mundo as pessoas sofrem descriminação, ora pela cor, ora pelo sexo, ora pela condição financeira, ora pela religião, etc. O presidente da republica tentou amenizar a situação, pelo menos nas universidades, reservando percentual de vagas para negros e pessoas oriundas de escolas publicas, mas ao meu ver descriminou os brancos e pessoas que estudam mais. Cometeu um grave erro. Mas que bom que podemos pensar num lugar que não haverá  essa exclusão social.

Diria você: Pastor, todos irão para o céu? Sim! Todos poderão ir para o céu. Jesus não morreu por todos? Não está escrito no apocalipse que foram vistas pessoas de todas os povos, nações, tribos e raças do mundo?  Mas isso depende somente de uma decisão – querer ir para o céu. Tomar a decisão de seguir a Cristo, pois ele disse: “Eu sou o caminho e a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai, se não for por mim”. Jo 14:6.

O seguir a Cristo, no entanto, é um ato necessariamente voluntário, Se alguém quer vir, disse Jesus. Mas se alguém resolver segui-lo, deve ser no espírito de renuncia e abnegação, como foi o exemplo do próprio Jesus.

O negar-se a si mesmo, implica em responder, não aos impulsos da natureza corrupta, aos ditames da ambição, dos atrativos do mundo, e a todos os argumentos insidiosos do Maligno.  “Negar-se a si mesmo” tem a ver com a renuncia própria, isso é  muito mais do que deixar de participar de certos prazeres, é abster-se de certas ocupações prediletas, privar-se de certas regalias; importa em destronar o amor próprio para colocar em seu lugar o amor de Cristo e o amor a Cristo. É poder gritar: Jesus eu te amo muito mais do que amo a mim mesmo! Deixarei tudo por Ti! Importa fazer a tua vontade!

Se alguém quer vir – mostra que Jesus dá liberdade, e deixa a responsabilidade com cada pessoa; pois o ser humano não é como uma máquina, que pode ser controlada por outrem, mas tem faculdade moral… Todos os seres humanos sabem distinguir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre o verdadeiro e o falso; por isso todos são responsáveis pelos seus atos.

Em nossas existências escolhemos muitas coisas: estudar ou não estudar; casar ou não casar; trabalhar ou não trabalhar; ser honesto ou não ser honesto;  seguir a Cristo ou não seguir a Cristo. Deus nos deu capacidade para escolher o que queremos fazer com a vida que Ele nos deu e um dia pedirá contas.

II- Jesus coloca condições para segui-lo.

1-      Negar-se a si mesmo. O que isso quer dizer? O que vem a ser o negar-se a si mesmo? A má compreensão da Bíblia nos conduz a viver o evangelho de forma errada e as vezes abominável aos olhos de Deus. Podemos ver isso perfeitamente nas pessoas que carregam a Bíblia, dizem crer nele e  adoram outros deuses, imagens esculpidas; pecado dos mais terríveis que encontramos em toda história bíblica; esse pecado é maior diante de Deus do que matar alguém.  Negar-se a si mesmo tem a ver com nossos pecados, com nossos conceitos e filosofias, tem a ver com nossos desejos, tem a ver com meu EGO. Eu preciso sair do trono, do comando, da direção e deixar Jesus ser o dono da minha vida. Jesus nos deu exemplo disso quando estava no Getsêmani, orando, e dizendo: Pai se for possível, passa de mim esse cálice, mas seja feita a tua vontade e não a minha. Eu não gostaria de passar por esse momento, mas a tua vontade é mais importante do que a minha, porque o Senhor sabe o que é melhor para mim.

2-      Tomar cada dia a cruz. Nossa cruz não é de madeira ou de ferro. Nossa cruz são os problemas decorrentes do segui-lo. Uma vez tomada a cruz não podemos desistir. Jesus disse: “Aquele que lança mão do arado e olha para traz não é apto para o reino de Deus”. Quando decidimos seguir a Jesus precisamos ter disposição para enfrentar o que der e vier. Rejeição da família, desprezo dos pais, zombaria dos colegas, perseguição dos religiosos, dos ataques doutrinários, cruz das tentações, seduções, da vaidade, etc.

Precisamos estar prontos para os conflitos internos com nossos próprios interesses. Quando decidimos seguir a Jesus  começa uma guerra, um conflito dentro de nós, é o que Paulo chama de luta da carne contra o espírito. Em outras palavras, começa um conflito entre os meus interesses e os interesses do reino; entre o que eu penso e o que a Bíblia diz; entre a minha vontade e a vontade de Deus. Há coisas que eu faço e gosto e Jesus me diz que é pecado. Tomar a cruz é ter disposição para obedecer a Jesus. “Importa mais obedecer a Deus do que aos homens”.

De um modo geral o ponto de encontro entre a nossa vontade e a vontade de Deus vem, quase sempre, nas grandes crises de nossas vidas. Mas também quando nos achamos inclinados a desobedecer a Deus e temos coragem de optar pela obediência a Jesus. Essa luta diária é nossa cruz. “Aquele que quer me seguir tome cada dia a sua cruz e venha. Ou, aquele que não tomar a sua cruz não pode ser meu discípulo”. Quando uma pessoa se desprende dos desejos próprios para servir e agradar ao seu Senhor e Salvador, ele se nega a si mesmo, toma a sua cruz e segue a Jesus. “Aqueles que são de Cristo crucificaram seus maus desejos na cruz e os crucificaram ali”Gal. 5 :24; “Porque foi pela leitura da escritura que vim a entender que eu nunca poderia obter a graça de Deus pela tentativa e o fracasso de obedecer as leis. Vim a entender que a aprovação de Deus vem quando se crê em Cristo. Eu já fui crucificado com Cristo: eu próprio não vivo mais, e sim é Cristo que vive em mim. E a vida genuína que tenho agora dentro desse corpo é resultado de minha confiança no Filho de Deus, o qual me amou e a Si mesmo se entregou por mim” 2:19,20; ou “Se você recusa apanhar a sua cruz e Seguir-Me, não é digno de Mim. Se você se agarra à sua vida, você a perderá; mas se a desprezar por mim, você a salvará” Mat. 10:38,39.

III- Para seguir a Cristo é só dizer sim e Seguí-lo.

A palavra grega encerra a idéia de se seguir a Cristo como um soldado segue o seu comandante, ou um escravo ao seu senhor, – submisso, obediente, dedicado. Que o medo da cruz não nos impeça de seguir a Cristo. Por mais pesada que nos pareça a cruz, Jesus há de nos dar Graça para levá-la. Pois já dizia aos seus primeiros seguidores: “Fiquem firmes em mim, e deixem-Me viver em vocês. Pois um ramo não pode dar fruto quando estiver separado da videira. Nem vocês podem produzir frutos separados de mim. Sem mim nada podeis fazer” João 15:4 e testemunhou Paulo, o apostolo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” Fil. 4:13.

Milhares e dezenas de milhares de pessoas levaram a cruz antes de nós e tem achado que o jugo de Cristo é suave e o seu peso leve. Não existe cristianismo sem um pouco de sacrifício.

Dizem que na eternidade há um grande rio e quem não levar a cruz das dificuldades não terá a ponte por onde passar, e perecerá….

Cristo levou a sua cruz até o calvário, e sobre ela estavam todos os nossos pecados; morreu pregado nessa cruz por mim e por ti. Morri, morri, na cruz por ti, que fazes tu por mim? Por que não levar a nossa cruz à semelhança de nosso mestre e Senhor?

Para entender como chega este sofrimento algumas vezes podemos ilustrar com o exemplo do soldado crente. Certo soldado que se convertera, ao deitar-se para dormir, todas as noites ajoelhava-se antes para orar. Certo dia estava ele orando, quando seu comandante o observava e jogou em seu rosto seus coturnos sujos. O soldado crente continuou orando, imperturbavelmente. No dia seguinte, ao levantar-se, aquele soldado limpou as botinas de seu comandante e as entregou, vencendo assim o mal com o bem. O oficial diante de tão belo testemunho, converteu-se a Cristo.

Lembremo-nos de que é depois da renuncia própria e da recepção das vestes da retidão de Cristo, e de se dispor a levar a cruz, que Cristo diz: Segue-me. Logo, só podemos seguir a Cristo, se observarmos primeiramente as condições por Ele estabelecidas. É necessário termos uma ampla visão do reino de Deus, e do que é ser um cristão.

Pr. Cirino Refosco

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