Como ser Igreja nesse tempo

Texto: Jeremias 9:23,24


Introdução

Não é fácil pensar em nosso compromisso, como Igreja de Jesus, nesse tempo que estamos vivendo – o chamado tempo pós-modernidade – pois muitas mudanças estão acontecendo e com uma rapidez incrível, a ponto de nos sentirmos em alguns momentos de nossas vidas como que fora de órbita, ou como que andando na contra mão. Não temos condições de avaliar o estrago que muitos conceitos e atitudes estão fazendo e ainda farão na sociedade de hoje e do futuro. A cabeça (mente) de muitas pessoas e principalmente crianças e adolescentes, que são as maiores vitimas, estão em constantes conflitos; isso os tem levado a perder completamente o equilíbrio e o bom senso; estão perdendo a noção do que sejam princípios, e não estão preocupados com nenhum modelo de escala de valores. O importante é ter dinheiro e ter sucesso na vida. Luiz (nome fictício) é um exemplo consumado do homem de sucesso. O homem moderno. Nasceu em uma cidade pequena do interior, numa família pobre e numerosa. Trabalhou na roça com seus pais e lutou para poder ir à escola. Era aluno exemplar e conseguiu terminar o segundo grau. À custa de muitos sacrifícios entrou numa faculdade Federal onde se destacou pela sua capacidade e inteligência. Terminou o curso como o primeiro da turma. Hoje, já na casa dos 40 anos, é um executivo conceituado. Mora num apartamento de luxo num condomínio fechado, dirige carro importado e viaja para o exterior frequentemente. Depois de um casamento que não deu certo se contenta em apenas “namorar”, de preferência mulheres bem mais jovens. Preocupa-se muito com a aparência, gastando muito tempo em academias e muito dinheiro com roupas de grife. Gosta de ostentar sinais externos de riqueza. É moralmente liberal e não freqüenta nenhuma Igreja, apesar de se dizer católico. Acha a tolerância como uma das maiores virtudes e vê as Igrejas evangélicas com indiferença ou suspeita. Quando abordado por um grupo de evangelismo, responde: “Tenho minhas opções religiosas e estou satisfeito com elas. Cada um é livre para escolher seu próprio caminho”. Vocês conhecem alguma coisa assim? Já viram isso em nossos dias? Luiz é uma espécie de encarnação do espírito pós-modernismo, nome dada pelos estudiosos à era em que vivemos. Este, é sem dúvida um período de mudanças profundas, com novos valores e comportamentos que estão dominando o mundo. E nosso desafio é ser Igreja nesse tempo, quando tantas pessoas estão vivendo dessa forma.

I- O que os estudiosos entendem por pós-modernismo


Nos dizem que o homem pós-moderno é caracterizado por três grandes tendências. 1- O secularismo: É crescente a valorização do secular como sinônimo de passageiro e externo em contraste com os valores eternos e espirituais. Para o homem secularizado o que conta é o que se vê. Ou, você vale pelo que você tem. Daí a preocupação com o Status social, a imagem, a aparência e o conforto. Isso leva ao Culto da Celebridade, do poder e da beleza física, tudo em detrimento do conteúdo espiritual. É a adoração da forma. E como uma das provas do crescimento assustador do secularismo, vemos a proliferação das academias de ginástica, de dietas e cirurgias plásticas bem como a importância de se andar na moda. 2- O humanismo: O homem se sente auto-suficiente. Orgulhoso dos avanços tecnológicos e das conquistas cientificas, ele descarta Deus e as coisas do Espírito. Isso o leva a olhar a Igreja com indiferença e desinteresse. 3- O relativismo: No relativismo a verdade é sempre relativa, nunca absoluta. O que importa é o direito de opção. O homem pós moderno quer ter o direito de escolha, daí que existam tantas marcas e produtos no mercado e os Shoppings sejam templos do moderno. É o individuo que define suas verdades, o que quer e como quer. Tudo é questionável, já que não há absolutos. Logo, os termos da religião, sexo, família, moral ou justiça, tudo passa a ser questão pessoal. Assim vemos o aparecimento de todo tipo de religiões e seitas as mais absurdas e o crescimento dos movimentos homossexuais bem como a desintegração da família e o crescimento da violência. E a Igreja é chamada de intolerante quando faz cara feia diante de tanta perversão. Mas isso não tem trazido segurança e firmeza, o homem pos moderno é alguém inseguro e em profunda crise de identidade. Tende a ser imoral e promíscuo, hipócrita e rebelde, desinteressado nos outros e disposto a tudo para subir na escada social.. Vive para o momento e para o prazer. É infiel e egoísta. Algumas de suas frases são: “Tenho o direito de ser feliz” e “Não é da sua conta”.

II- Influências desse espírito na Igreja

O espírito pos moderno tem infetado a Igreja e deixado marcas na vida dos crentes. A secularização provoca um desinteresse pela vida espiritual no mundo e enfraquece os crentes a ponto de causar baixa nas vocações e principalmente para a obra missionária. No Brasil apenas 3% dos teólogos (formados pelos seminários) vão para missões. A preocupação com o externo vem marcando nossos templos e forma de culto. As Igrejas que se deixam influenciar com esse espírito estão mais preocupadas em atrair multidões locais e construir catedrais que dêem visibilidade e Status à Igreja do que em sustentar o trabalho missionário. Essas Igrejas desejam ter celebridades no púlpito e no louvor a todo custo. Fazer o trabalho missionário, plantar Igrejas, não dá “Ibope” e por isso deixa de ser prioridade. Para provar isso é só ver o tamanho do investimento médio dos evangélicos brasileiros para missões: R$1,30 ao ano. Nós Batistas, que somos uma denominação missionária investimos um pouco mais: cerca de R$ 1,00 por mês para cada batista em média. Como influencia desse espírito a intercessão é outra área que sofre com a secularização da Igreja. Interceder é orar por outro, um valor espiritual interno e invisível, contrario a secularização. Por isso é raro em nossos dias encontrar uma Igreja que tenha um programa de intercessão. Graças a Deus ainda não é o nosso caso. Mas se dependesse de alguns nosso culto diário de intercessão já teria desaparecido a tempo. A tendência do secularizado é apreciar apenas aquilo que faz e que pode trazer aplausos e por isso a oração é vista como algo secundário ou deixado para os que não podem fazer mais nada. Por causa do relativismo temos barreiras enormes para a evangelização. Hoje são mais de 33 mil denominações cristãs registradas e cada dia surge um novo grupo. E com isso sofre a Igreja fragmentada e sofre a obra missionária. Se cada um tem o direito de escolher o caminho que quer, então a Igreja passa a ser vista como intolerante por apresentar JESUS o único caminho. A visão humanista por seu lado tem bombardeado a Igreja com formas de técnicas de marketing e crescimento. As Igrejas são vistas cada vez mais como empresas. Uma espécie de shopping que deve oferecer às pessoas os produtos espirituais que mais chamem atenção e atendam aos gostos do consumidor. Basta ir a uma livraria e veremos que a maioria dos materiais oferecidos aos pastores e lideres são formulas de sucesso de mega-Igrejas e pastores celebres. Diante disso como fica o missionário plantador de Igrejas? Quem irá plantar Igrejas daqui para frente? Pois missões é algo que só acontece pela graça de Deus e no poder do Espírito de Deus. As técnicas humanas podem parecer boas para mudar o mundo, mas nada conseguem na transformação do ser humano.

III- Nossa resposta ao pós-modernismo

O pós modernismo é um processo de mudanças que está afetando o mundo. Mudanças requerem ousadia. A sociedade está mudando rapidamente mas não sabe para onde vai, está sem rumo, sem direção e acordará tarde demais para ver isso. Quando nossa sociedade acordar estará em ruínas, destruída, no caos. É hora da Igreja agir mostrando a direção. Todas as características desse tempo apresentadas aqui, trazem conseqüências terríveis e danosas à sociedade. 1- Um dos problemas tem sido o ressurgimento do paganismo antigo sob a forma de inúmeras seitas e religiões orientais. Esse fato nos mostra que o homem está novamente a procura do sobrenatural, o homem começa a se cansar da tecnologia e busca o espiritual. A Igreja ao invés de entrar nesse barco furado do pos modernismo deveria nutrir a vida espiritual genuína que aparecerá como resposta aos anseios do homem perdido. Precisamos resgatar a centralidade da Palavra de Deus e por meio dela mostrar ao mundo a verdadeira espiritualidade. 2- A imoralidade e a promiscuidade da presente época tem levado a dissabores como, por exemplo, a pandemia de AIDS. Não podemos deixar nos confundir com a imoralidade do mundo, precisamos perceber que a moral elevada da vida cristã pode sensibilizar mais do que podemos imaginar. Precisamos pregar no meio onde vivemos, que o homem sem Deus jamais se realizará. E isso está sendo visto dia a dia em nossa sociedade. É só ver os resultados do sexo livre, das drogas, desintegração da família…. etc. Os danos são incalculáveis. 3- Em um mundo dominado pela aparência e ilusão da celebridade e da beleza física, o cultivo da vida de oração e do fruto do Espírito darão um brilho ao crente que o mundo desconhece e que o despertará. Uma vida de compromisso sério com o Senhor será uma forma clara de dar ao mundo as respostas que procura. Uma Igreja que está centrada na palavra de Deus, que vê seu papel de intervenção positiva e renovadora (sal e luz) num mundo decaído e que valoriza o compromisso com Cristo, será uma Igreja que cumprirá sua missão no mundo.

Conclusão

A Bíblia nos fala de tempos parecidos com os nossos mais de uma vez. Lemos em Juizes 17:6 que “cada um fazia o que lhe parecia certo”. Mas Deus levantou homens como Gideão e mulheres como Débora. Para orientar o povo que andava sem direção. Em nossos tempos, também, o Senhor poderá levantar uma Igreja que responda aos anseios das pessoas. Nós precisamos tomar um posicionamento firme diante dos desafios desse tempo e fazer Jesus conhecido e experimentado entre o povo.

Pr.Cirino Refosco
cirinorefosco@pibja.org

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